O JOVEM CUNHAL | filme de João Botelho

Depois de uma primeira sala esgotada, no próximo domingo, 9 de Outubro, às 19h30, nova sessão especial de O JOVEM CUNHAL, de João Botelho, no Cinema Medeia Nimas.

O filme será apresentado pelo realizador, e Carmen Granja lerá “Três poemas em memória de Álvaro Cunhal”, de Manuel Gusmão.

Bilhetes à venda em ActiveTicket.pt

“Responde às calúnias rasteiras/ […] Ameaça o inimigo que o tem preso/ que o terá encarcerado 11 anos seguidos/ 14 meses incomunicável/ E 8 anos em tenebroso/ Isolamento/ E não cedeu Nunca cedeu”

in Manuel Gusmão, A Foz em Delta, edições Avante!

Socrate, Jésus, Bouddha – Trois maîtres de vie | Le Christ philosophe | Frédéric Lenoir

Résumé | Socrate, Jésus, Bouddha

La crise que nous vivons n’est pas simplement économiqueet financière, mais aussi philosophique et spirituelle. Elle renvoie à des interrogations universelles : Qu’est ce qui rend l’être humain heureux ? Qu’est-ce qui peut être considéré comme un progrès véritable ? Quelles sont les conditions d’une vie sociale harmonieuse ?Contre une vision purement matérialiste de l’homme et du monde, Socrate, Jésus et Bouddha sont trois maîtres de vie. Une vie qu’ils n’enferment jamais dans une conception close et dogmatique. Leur parole a traversé les siècles sans prendre une ride, et par-delà leurs divergences, ils s’accordent sur l’essentiel : l’existence humaine est précieuse et chacun, d’où qu’il vienne, est appelé à chercher la vérité, à se connaître dans sa profondeur, à devenir libre, à vivre en paix avec lui-même et avec les autres. Un message humaniste et spirituel, qui répond sans détour à la question essentielle : pourquoi je vis ?Philosophe et directeur du Monde des religions, Frédéric Lenoir est aussi romancier et dramaturge. Il est notamment l’auteur ou le co-auteur de La Promesse de l’ange, de Code Da Vinci, l’enquête, de L’Oracle della Luna et de la pièce de théâtre Bonté divine ! Ses ouvrages sont traduits dans une vingtaine de langues.

Résumé | Le Christ philosophe

Pourquoi la démocratie et les droits de l’homme sont-ils nés en Occident plutôt qu’en Inde, en Chine, ou dans l’Empire ottoman ? Parce que l’Occident était chrétien et que le christianisme n’est pas seulement une religion. Certes, le message des Evangiles s’enracine dans la foi en Dieu, mais le Christ enseigne aussi une éthique à portée universelle : égale dignité de tous, justice et partage, non-violence, émancipation de l’individu à l’égard du groupe et de la femme à l’égard de l’homme, liberté de choix, séparation du politique et du religieux, fraternité humaine. Quand, au IVe siècle, le christianisme devient religion officielle de l’Empire romain, la sagesse du Christ est en grande partie obscurcie par l’institution ecclésiale. Elle renaît mille ans plus tard, lorsque les penseurs de la Renaissance et des Lumières s’appuient sur la ” philosophie du Christ “, selon l’expression d’Erasme, pour émanciper les sociétés européennes de l’emprise des pouvoirs religieux et fonder l’humanisme moderne. Frédéric Lenoir raconte ici le destin paradoxal du christianisme – du témoignage des apôtres à la naissance du monde moderne, en passant par l’Inquisition – et nous fait relire les Evangiles d’un œil radicalement neuf.


À propos de l’auteur

Lenoir, Frédéric
Philosophe, historien des religions et chercheur associé à l’Ecole des hautes études en sciences sociales. Directeur du magazine Le Monde des religions, il est l’auteur d’essais et de romans historiques qui ont connu un succès international. Ses ouvrages sont traduits dans vingt-cinq langues.

Mapa real da zona do Aeroporto da Portela/Humberto Delgado

Quanto mais leio, mais convicto me revejo na opinião de que a solução não deveria passar pelo encerramento definitivo do Aeroporto da Portela. Convinha que o processo fosse claro, rápido, económico quanto baste e muito bem explicado ao Povo Português. [vcs]

19 NOVEMBRO 2017

Em declarações ao Expresso, Carlos Lacerda, presidente executivo da concessionária, dá conta do plano de contingência da empresa, contabilizando que o Aeroporto Humberto Delgado tenha capacidade para chegar aos 49 milhões de passageiros por ano (este ano deverá totalizar 26 milhões).

Os cálculos pressupõem o aumento do número de movimentos por hora, para 44, e que o horário de funcionamento passe de 18 horas diárias para 20 (o que necessita de autorização camarária).

As contas da ANA multiplicam o número de passageiros médio por voo (180) pela taxa de ocupação média (85%), vezes os 44 movimentos por hora, as 20 horas diárias e os 365 dias do ano, o que totaliza 49 milhões de passageiros ao ano.

Mas há constrangimentos a este cenário de crescimento da capacidade aeroportuária. A possibilidade de elevar o número de movimentos por hora dos atuais 38 para 44 depende do espaço aéreo disponível, “que é hoje maioritariamente preenchido pelo tráfego militar (servido por quatro bases: Sintra, Alverca, Montijo e Alcochete)”, mas também do estacionamento das aeronaves. Carlos Lacerda compara as limitações do espaço aéreo com a situação de “ter uma autoestrada de seis vias e apenas utilizar uma”, sublinhando que, “mesmo que o espaço aéreo fosse totalmente libertado, é necessário que haja capacidade no controlo aéreo”, referindo-se ao novo software de controlo aéreo da NAV, previsto na proposta de Orçamento do Estado para 2018.

“Se nos derem o espaço aéreo, do terminal tratamos nós”, afirma. Ciente de que este plano de contingência, até que o Montijo esteja a operar, depende destes atuais constrangimentos, o responsável apela a um diálogo construtivo, de modo a flexibilizar o espaço aéreo civil com o militar, sendo que continua a decorrer o diálogo com a NAV e com a Força Aérea. Mas “não basta termos o terminal, o estacionamento também é crítico”. Daí que o encerramento da pista 17/35 seja “necessário como solução para estacionamento”.

https://expresso.pt/economia/2017-11-19-Aeroporto-Humberto-Delgado-aguenta-ate-49-milhoes-de-passageiros

Engenheiros e economistas pedem decisão final sobre aeroporto | Conferência “Portugal: solução aeroportuária”

A Ordem dos Engenheiros e a Ordem dos Economistas anunciaram a 29 de setembro, por ocasião do encerramento da conferência “Portugal: solução aeroportuária”, organizada por amabas na Sede Nacional da Ordem dos Engenheiros, uma posição conjunta sobre a solução para o aeroporto que melhor servirá o País, na qual é defendida “uma solução aeroportuária estratégica e definitiva para Portugal, com uma infraestrutura desenvolvida de raiz, na região de Lisboa”.

De acordo com o documento ontem subscrito pelos Bastonários da Ordem dos Engenheiros e dos Economistas, Fernando de Almeida Santos e António Mendonça, respetivamente, nenhuma das duas associações profissionais se revê “em soluções duais que, em seu entender, comprometem o adequado desenvolvimento económico e social de Portugal”, advogando que “Portugal deve posicionar-se como um hub aeroportuário internacional, face à sua localização geográfica e histórico-estratégica, como ponte entre a Europa, a África e a América”.

Nas suas palavras iniciais, quer Fernando de Almeida Santos, quer António Mendonça, acentuaram a urgência de uma decisão, porque a demora na concretização dos vários projetos estruturantes, “que ultrapassam o imediatismo e que visam criar bases de sustentabilidade do desenvolvimento futuro do país”, resultam de atavismos nacionais, crónicos, que representam custos muito elevados para Portugal.

Tal posição foi secundada pela maioria dos oradores convidados. Carlos Matias Ramos, Bastonário dos engenheiros entre 2010 e 2016, e anterior Presidente do LNEC, defensor convicto do Novo Aeroporto de Alcochete, cujo estudo conduziu enquanto Presidente daquele Laboratório, foi um dos conferencistas principais, tendo apresentado uma história com cerca de 50 anos, feita de muitos estudos e várias soluções para a localização de um novo aeroporto na região de Lisboa que nunca saiu do papel. Matias Ramos dissecou o tema, demorando-se nos muitos prós que a solução de Alcochete, enquanto aeroporto único, reúne, em oposição aos contras que as restantes opções acarretam.  

Carlos Correia da Fonseca, economista e consultor do Banco Mundial, igualmente Keynote Speaker da conferência, colocou o foco da sua intervenção nas virtudes da constituição das chamadas aerotrópoles, ou cidades aeroportuárias. “Permitiu-se que o aeroporto da Portela ficasse espartilhado entre estradas, bairros de fracos recursos e atividades que nada têm que ver com o setor aeroportuário”, identificou Carlos Correia da Fonseca, sublinhando mesmo que “logo nos anos 60 se verificava que nunca seria possível criar uma cidade aeroportuária na Portela”. Alcochete surge, para o economista como a opção que melhor permite tal desiderato.

Para além de Carlos Matias Ramos e Carlos Correia da Fonseca, também Augusto Mateus, Ana Brochado, Ricardo Cabral, Fernando Santo, Bento Aires, Luís Machado e Rosário Macário debateram o tema numa mesa redonda conduzida pela jornalista do Expresso, Anabela Campos. As vozes, relativamente consonantes, reafirmaram a capacidade técnica de que o País dispõe para uma infraestrutura desta envergadura – apesar do êxodo técnico registado nos últimos anos –, e pediram estratégia, independência, rigor e capacidade de decisão política com qualidade em prol dos mais elevados interesses do País.

Assista à gravação da Conferência.

O lugar da mulher na Igreja | Frederico Lourenço

As mulheres são as mães da Humanidade. Até os membros da Igreja Católica o “esquecem”. Todos, menos Jesus Cristo. O único que as respeitou e verdadeiramente amou. | [vítor coelho da silva]

Quando eu era jovem assistente na Faculdade de Letras de Lisboa, atrevi-me a perguntar a um catedrático de História (senhor de fama já lendária) porque é que tínhamos tantas colegas professoras na área da Literatura e tão poucas (ainda que distintíssimas) na área da História. A resposta que ele me deu há trinta anos parece hoje impensável: «a História chama menos as senhoras porque requer muito estudo».

A misoginia da atitude é arrepiante, mas (como todos sabemos) não é surpreendente. Mais tarde, já como professor em Coimbra, foi-me dito que havia dois professores catedráticos (também de geração salazarenta) que nunca tratavam a sua colega catedrática Maria Helena da Rocha Pereira por «Senhora Doutora» (como é normal entre colegas em Coimbra), mas sim por «Dona Maria Helena», embora eles entre si se tratassem por «Senhor Doutor» e ela própria os tratasse com essa deferência académica.

Se isto retrata a universidade portuguesa no século XX, estamos a ver bem o ambiente em que se teria desenrolado a discussão sobre se uma mulher tem capacidade para desempenhar as funções que, na Igreja Católica, são assumidas por padres, bispos, cardeais e papas.

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Adeus Senhor António | Texto de Fernando Pessoa com narração de Mundo Dos Poemas

Ouve-se, encantamo-nos … e choramos. É impossível não chorar! [vcs]

Único texto conhecido do heterónimo esquecido de Fernando Pessoa “Maria José”, cujo nome conhecido é “Carta Da Corcunda Para o Serralheiro”.

Fernando Pessoa criou 46 pseudónimos e autores fictícios mas só um era mulher, Maria José, corcunda e patética, figura nada atraente, imagem que o poeta também tinha de si. Fernando António Nogueira Pessoa (1888 — 1935) foi um poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português. Um dos maiores génios poéticos de toda a nossa Literatura e um dos poucos escritores portugueses mundialmente conhecidos. A sua poesia acabou por ser decisiva na evolução de toda a produção poética portuguesa do século XX. Se nele é ainda notória a herança simbolista, Pessoa foi mais longe, não só quanto à criação (e invenção) de novas tentativas artísticas e literárias, mas também no que respeita ao esforço de teorização e de crítica literária. É um poeta universal, na medida em que nos foi dando, mesmo com contradições, uma visão simultaneamente múltipla e unitária da Vida. É precisamente nesta tentativa de olhar o mundo duma forma múltipla (com um forte substrato de filosofia racionalista e mesmo de influência oriental) que reside uma explicação plausível para ter criado os célebres heterónimos – Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, sem contarmos ainda com o semi-heterónimo Bernardo Soares.

RÚSSIA VAI ABSORVER REGIÕES PRÓ-RUSSAS DA UCRÂNIA | por Carlos Fino

Trata-se, grosso modo, da chamada Nova Rússia, incluindo o Donbass. Um território integrado ao Império russo em meados do século XVIII, por Catarina, a Grande, no contexto mais alargado da disputa com o Império turco, para lá tendo ir viver milhares de colonos russos.

Durante a URSS, por razões administrativas e políticas, esse território foi integrado na República Socialista Federada da Ucrânia e foi nessa configuração que passou para a República da Ucrânia, quando do colapso da União Soviética.

Nele vivem atualmente entre 6 a 7 milhões de pessoas (eram 8, antes da guerra), na sua maioria de origem russa e de língua russa.

As repúblicas do Donbass (Lugansk e Donetsk) não aceitaram o governo de Kíev saído da chamada “revolução Maidan”, de 2014, que consideraram um golpe inspirado pelos EUA, contra um governo legítimo, eleito em escrutínio validado pela OSCE – a organização de segurança e cooperação na Europa.

Como forma de conciliação, os acordos de Minsk – patrocinados pela Alemanha, França e Rússia, previam a concessão de autonomia a essas regiões, o que Kíev, entretanto nunca implementou.

Pelo contrário – as forças ultranacionalistas ucranianas que dominam o governo de Kíev tentaram (à revelia das promessas eleitorais de Zelensky) uma “solução de força” – proibição dos partidos e políticos favoráveis a um entendimento com Moscovo, proibição do uso da língua russa na administração pública, incluindo no ensino, fecho dos canais de televisão em língua russa e continuados ataques militares, na tentativa de derrotar as milícias pro-russas locais, que passaram, por seu turno, a ter apoio cada vez maior da própria Rússia.

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Roberto Manzano Hernandez, “Balance”, 2010, white marble sculpture, private collection.

“LEAVE MY hands free

and the heart, set me free!

let my fingers run

through the pathways of your body.

The passion —blood, fire, kisses—

It burns me with tremulous flames.

Oh, you do not know what this is!

It is the storm of my senses

bending the sensitive jungle of my nerves.

It is the meat that screams with its fiery tongues!

It’s the fire!

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Indomáveis 1 | Como Tomámos Conta do Mundo de Yuval Noah Harari

Yuval Noah Harari é historiador, investigador e professor de História do Mundo na Universidade Hebraica de Jerusalém, considerada uma das melhores instituições de ensino a nível internacional. Doutorado em História pela Universidade de Oxford, Harari tem-se dedicado ao estudo e ensino da História, encorajando os seus alunos a questionar os conhecimentos e ideias que têm por garantidos sobre a vida, o mundo e a humanidade.

SINOPSE

«Nós, humanos, não somos fortes como os leões, não nadamos como os golfinhos e, definitivamente, não temos asas! Então como é que tomámos conta do mundo? A resposta está numa das histórias mais fascinantes que alguma vez te contaram. E é uma história verdadeira.»
Indomáveis é uma épica série do autor bestseller mundial Yuval Noah Harari, destinada ao público juvenil, com belas ilustrações de Ricard Zaplana Ruiz.

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Nikiya’s Death | Zakharova, Osipova, Nunez

One of the most tragic scenes in Ballet, Nikiya’s Death from La Bayadère, is performed here by Svetlana Zakharova, Natalia Osipova and Marianela Nunez. Each of them has her own unique style and technique and we’re sure you’re going to find different interesting details between them. Enjoy and let us know what do you think by commenting below!

Onésimo Teotónio Almeida: “Haja um pouco de senso. O papel do historiador não é condenar a História, é narrar os factos, e explicar. ” in Jornal Público com JOSÉ RIÇO DIREITINHO

O livro O Século dos Prodígios — uma colecção de ensaios sobre a história da ciência no período da Expansão — acaba de ser publicado e distinguido com um prémio pela Fundação Calouste Gulbenkian. Onésimo Teotónio Almeida, o autor, falou com o PÚBLICO da nova mentalidade científica que surgiu em Lisboa no século XV.

Onésimo Teotónio Almeida (São Miguel, 1946) é professor catedrático no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros na Universidade de Brown, em Providence, nos Estados Unidos da América. O Século dos Prodígios (edição Quetzal) é o seu mais recente livro — que acaba de ser distinguido com o Prémio de História da Presença de Portugal no Mundo, da Fundação Calouste Gulbenkian — uma colecção de ensaios sobre a história da ciência no período da Expansão europeia, o dos Descobrimentos portugueses dos séculos XV e XVI.

Numa altura em que a palavra “Descobrimentos’” dá origem a algumas discussões acesas, e que, para alguns, será politicamente incorrecto usar, Onésimo Teotónio Almeida, em conversa com o PÚBLICO, disse que “descobrir não significa criar, inventar. Quando a Polícia descobre o criminoso, não o inventa. Os portugueses descobriram ilhas que não tinham ninguém nem estavam sequer mapeadas. Descobriram o caminho marítimo para a Índia, ninguém diz que os portugueses descobriram a Índia. Do resto são ‘Descobrimentos’ do ponto de vista europeu. Haja um pouco de senso. O papel do historiador não é condenar a História, é narrar os factos, e explicar. Na narrativa, lidamos com factos e com argumentos, não cabe absolver nem condenar a História.”

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Citando Pedro Marques Lopes

Deixemo-nos de tretas, Seguro é um político medíocre, tem mostrado uma confrangedora capacidade política, não consegue agregar, não consegue definir uma linha política coerente, mas é um especialista na arte da sobrevivência dentro do partido. Um verdadeiro exemplo do homem que nunca conheceu outra realidade que não fossem as lutas partidárias internas, os truques para preservar o poder. Seguro é um político frágil, fraco, indeciso e incoerente, mas é um leão da politiquice de máquina partidária.

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3946607 … (FONTE)

Gonçalo M. Tavares | Histórias Falsas

bis-historias-falsas(…) Obcecado pela procura era excessivo na rapidez com que passava pelas coisas. Julieta era bela; ele aproximou-se e «dois animais se entenderam», isto é, apaixonaram-se, juraram o amor; e no dia seguinte acordaram. Ela embevecida. Ele, com tédio.
(…) Apaixonara-se por Julieta como antes se apaixonara por outras, e como depois se apaixonaria ainda por objectos, coisas, acontecimentos.
Em Julieta foi diferente, as mulheres como os deuses: nunca se cansam do amor. (…)

Seguro à espera que “gong” o salve | Ferreira Fernandes in Diário de Notícias

469448Costa saltou contra Seguro. Se calhar ele pensava que o secretário-geral se encolhia… Qual quê! António José Seguro subiu para o ringue, saltitando e dando ganchos no ar, com a pose de boxeur que se lhe conhece, queixo firme e discurso claro: “A minha consciência diz-me que eu tenho de continuar a lutar pelos valores e pelos princípios e habituem-se porque isto mudou.”

Juro, ele disse isto, ontem. Na mesma frase, “tenho de continuar a lutar pelos valores” e “habituem-se porque isto mudou”! No boxe chama-se a isso jabs, sucessão de golpes, esquerda-direita… Em discurso parece contraditório, mas agora António Rocky Seguro quer passar a imagem de durão. Ele adora desafios impossíveis, já antes queria passar por líder. O outro quis encostá-lo às cordas do congresso. Com um jogo de pernas notável, o nosso Belarmino do Rato lançou-se para as primárias. Eu explico o que isso quer dizer em boxe. Suponhamos que o pugilista receia um KO, porque reconhece que o adversário é mais forte. Então, refugia-se nas cordas, dança, enfim, compra tempo. Com um passado de ganhar por pouco, Seguro quer agora ganhar muito. Muito tempo. O outro atrás dele para uma luta leal e ele às voltinhas à espera que o gong o salve. Vocês vão dizer-me: “Mas ele vai ficar mal visto…” Não sei. O erro mais visível de Seguro era ter o título de líder e sê-lo pouco. Agora, a fugir à luta, ele já ganha coerência. Já é ele. Na política a coerência é importante.

Ferreira Fernandes, Diário de Notícias

Carlos César| entrevista ao jornal i

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Carlos César diz que “a certeza da vitória nas legislativas foi albalroada por uma fortíssima indeterminação”

Carlos César foi eleito presidente do Governo Regional dos Açores em 1996, conquistando um território que foi do PSD durante 20 anos. Abandonou o governo regional em 2012, mas o PS, agora com o seu delfim Vasco Cordeiro, voltou a conseguir maioria absoluta. É o responsável pelo turnout no arquipélago do laranja para o rosa e está entre aquele lote de socialistas que podem reclamar “vitórias históricas”. Segundo o ex-presidente do Governo Regional dos Açores, não foi esse o caso da vitória de domingo. Declara o apoio à candidatura de António Costa à liderança e admite que se Seguro permanecer a vitória do PS nas legislativas está em causa.

Apoia a candidatura de António Costa à liderança do PS. Porquê?

Conheço António Costa desde os tempos em que ele era um estudante do ensino secundário. É um político experimentado em contextos políticos e de administração múltiplos e exigentes, rigoroso, liderante, comprometido com a verdade e agregador. Acresce que na sociedade eleitoral portuguesa suscita um empolgamento e uma convicção de vitória que António José Seguro não tem projectado. Não se pense, porém, que esta minha apreciação compromete a minha convicção de que Seguro seria, caso viesse a ser primeiro-ministro, um governante mais capaz e mais humanista do que Passos Coelho. Mas estou humildemente convencido que António Costa será, nesses como noutros aspectos, melhor.

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Citando Edite Estrela

votoO que eu espero da Comissão Nacional do PS de que sou membro? Que decida convocar um Congresso extraordinário o mais depressa possível. Os dirigentes socialistas não se podem deixar enredar em questões processuais , dando a ideia de que se refugiam nos e Estatutos para evitar o debate de ideias e o veredicto dos militantes. Os congressos extraordinários estão previstos precisamente para situações extraordinárias. É inegável que a disponibilidade de um dirigente como António Costa criou uma situação excepcional que só pode ser resolvida dando voz aos militantes. É óbvio que adiar a decisão é prejudicial para o PS e para o país. O assunto deve ser resolvido rapidamente. Quanto mais se arrastar, pior, mais desgastante será, mais sequelas vai deixar. O problema não é estatutário, é político. O PS não é um partido conformado. O PS sempre esteve à altura das suas responsabilidades e, estou certa, também desta vez vai estar. No PS ninguém pode ter medo do debate de ideias. No PS ninguém pode ter medo do veredicto dos militantes. O debate de ideias não enfraquece os partidos, pelo contrário, reforça-os. Recordo que, depois da disputa interna entre José Sócrates, Manuel Alegre e João Soares, o PS conquistou a sua primeira e única maioria absoluta em eleições legislativas. Sem dramatismos e com serenidade, vamos promover o debate e travá-lo com elevação. É isso que os portugueses esperam.

Edite Estrela

Entre o abismo e o milagre | VIRIATO SOROMENHO MARQUES in Diário de Notícias

Viriato Soromenho MarquesA expressão “terramoto” usada pelo primeiro-ministro francês Manuel Valls para classificar a vitória esmagadora da Frente Nacional de Marine le Pen em França não é uma metáfora. Apenas uma descrição realista. Atravessando o canal da Mancha em TGV, quem desembarcar na estação de Waterloo encontrará uma Grã-Bretanha onde o arqui-inimigo da União Europeia, Nigel Farage, líder do UKIP, encostou à rede os donos do sistema bipartidário que reina há muitas gerações na Velha Albion. Estas eleições europeias iniciaram uma reativação da crise europeia, com duas diferenças. Em primeiro lugar, a crise que até agora estava localizada essencialmente na periferia europeia (de Portugal até à Grécia) passou para o núcleo duro carolíngio do projeto europeu, para os países centrais da Declaração Schuman. Em segundo lugar, a crise que era capturada por um discurso dominantemente económico e financeiro vai agora traduzir-se numa linguagem política sobre o poder, os direitos, as instituições. Até que ponto é que o governo da chanceler Merkel percebe a mensagem que lhe está a ser enviada pelos novos e bizarros bárbaros do Ocidente? Será que ela perceberá que se persistir na atual “Europa alemã”, baseada na austeridade, irá acelerar a destruição da própria ideia da unidade europeia, por muitos e dolorosos anos? Não basta dizer que importa criar emprego. É preciso rasgar o império do Tratado Orçamental, com o seu calendário de destruição económica e sofrimento social, sob pena de enlouquecer os europeus com o velho vírus da doença autoimune que, se não for combatido, acabará por incendiar a Europa.

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3940131&seccao=Viriato+Soromenho+Marques&tag=Opini%EF%BF%BDo+-+Em+Foco#.U4cQ7zA3Cxc.facebook (FONTE)

ARRUMAR AS BOTAS | Eduardo Pitta in Blog Da Literatura

Holy War

Quando, no lapso de oito meses, o maior partido da oposição perde 800 mil votos, isso significa que a sua liderança não convence um caracol. Argumentar com a fuga de votos para Marinho Pinto, que representou o MPT, e para Rui Tavares, que fundou o LIVRE, diz muito de quem manda no Rato. Então se foi assim, significa que 306 mil votantes PS  —  os 235 mil que elegeram dois deputados do MPT, mais os 71 mil do LIVRE  —  não se revêm na política da actual direcção do partido. E ainda sobra meio milhão de votos. Não estamos a falar de um deslizeconjuntural, mas de uma derrocada fragorosa. Não perceber isto é não perceber nada.

Imagem: Holy War de Deimantas Narkevicius.

http://daliteratura.com … (FONTE)