El retroceso «nacional-estalinista» | Pablo Stefanoni in jornal Nueva Sociedad

El nacional-estalinismo es una especie de populismo de minorías que gobierna como si estuviera resistiendo en la oposición.

Tras un viaje en 1920 a la Rusia revolucionaria, junto con un grupo de sindicalistas laboristas, el pensador británico Bertrand Russell escribió un pequeño libro –Teoría y práctica del bolchevismo– en el que plasmaba sus impresiones sobre la reciente revolución bolchevique. Allí planteó con simpleza y visión anticipatoria algunos problemas de la acumulación del poder y los riesgos de construir una nueva religión de Estado. En un texto fuertemente empático hacia la tarea titánica que llevaban a cabo los bolcheviques, sostuvo que el precio de sus métodos era muy alto y que, incluso pagando ese precio, el resultado era incierto. En este sencillo razonamiento residen muchas de las dificultades del socialismo soviético y su devenir posterior durante el siglo XX.

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A revolução tecnológica pode destruir 50% dos empregos | Arlindo L. Oliveira in Diário de Notícias

Além de presidente do Instituto Superior Técnico, Arlindo Oliveira é um especialista em Inteligência Artificial. Contesta a visão de Yuval Harari de que vamos ser escravos da tecnologia.

Antes de se iniciar a entrevista questiona-se o cientista, presidente do Instituto Superior Técnico e investigador da inteligência artificial, Arlindo Oliveira, sobre a inexistência de algumas palavras no índice onomástico do seu livro, The Digital Mind, publicado pela MIT Press. É o caso de “Deus”: “É um livro sobre ciência, o seu passado e futuro, por isso não lhe faço referência, nem vejo que tenha lugar nesta visão científica do mundo e do universo a palavra Deus. Uma constatação interessante, mas o livro reflete a minha visão.” Refere-se também que Bill Gates só tem uma citação enquanto Steve Jobs não aparece: “Jobs é um visionário interessante e mais atual do que Bill Gates. Este tem uma pequena referência por causa das questões da computação, e mudou mais o mundo do que Steve Jobs, mesmo que na componente do uso dia a dia e dos interfaces Jobs tenha tido uma palavra muito grande.” Questiona-se se Jobs é mais um arquiteto, a que responde: “Sim, um designer de produto. Em muitos aspetos mudou mais a vida das pessoas do que Gates, mas do ponto de vista do estabelecimento da computação como ciência e tecnologia não seria fácil aparecer outro Bill Gates enquanto Jobs seria substituível.” Ainda não ficou esgotado o tema das ausências no índice onomástico, pois também o cientista do cérebro António Damásio não é referido enquanto Ada Lovelace sim: “São diferentes. Lovelace teve um papel essencial numa fase muito inicial da computação, já Damásio trabalha numa área em que é um entre muitos que o fazem. Tem a visão importante de que as emoções desempenham um papel muito importante na inteligência e na capacidade de raciocinar mas não é o único a pensar assim. Portanto, não é uma peça indispensável para este conhecimento.”

Qual é o verdadeiro papel das emoções?

As emoções têm um papel essencial em quem somos e o que é o ser humano, daí a questão sobre se os computadores têm emoções ou não. Tendemos a dizer que há a emoção e há a razão, só que esta é uma visão muito simplista. As emoções têm uma componente de raciocínio e o raciocínio tem uma componente de emoção, por isso vejo a separação entre a razão e a emoção de forma diferente: são propriedades emergentes de um processo computacional muito complexo e que lamentavelmente não percebemos.

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LE DERNIER DES DESPOTES | Nour-Eddine Boukrouh

Dans un livre intitulé « Le problème des idées dans la société musulmane » rédigé au Caire en 196O, Malek Bennabi a proposé une théorie selon laquelle les sociétés, à l’image des enfants, accomplissent leur croissance en passant par trois âges successifs : « l’âge des choses », « l’âge des personnes » et « l’âge des idées ». Il lui apparaissait alors que les sociétés musulmanes, du point de vue de leur développement psychosociologique, étaient à l’âge des choses au regard des politiques économiques qu’elles suivaient (économisme), et à l’âge des personnes au regard des régimes politiques qui les régissaient (autocraties).

A l’époque, le monde arabo-musulman pensait que son principal problème était le sous-développement matériel et que son retard sur l’Occident allait être rattrapé en quelques décennies grâce au pétrole et aux plans de développement mis en branle. Ils lui donneraient, croyait-il, les choses de la civilisation occidentale sans être obligé d’adopter ses idées. En matière de valeurs, pensait-il, il était mieux pourvu. Sur le plan politique il s’en était remis pour assurer son bonheur et son honneur à des « zaïms », des « Raïs », des « Libérateurs », des « Guides » et des Rois « pieux » qui ne tiraient pas leur légitimité de la souveraineté populaire, mais soit de la tradition islamique pour les monarchies et les Emirats, soit de leur participation à la lutte anticoloniale ou à un coup d’Etat pour les républiques. Les peuples arabes végétaient, écrit Bennabi, sous la « double tyrannie des choses et des personnes ».

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A mercantilização da guerra e neoliberalismo | Carlos Matos Gomes

A mercantilização da guerra e neoliberalismo. O economista político Karl Polany escreveu em 1944 um livro – A Grande Transformação – em que antecipava as crises e taras do neoliberalismo. Deixava um aviso contra a mercantilização de elementos essenciais na época: da mão de obra, da terra e do dinheiro. O neoliberalismo que se tornou dogma nas últimas décadas do século XX só acentuou e expandiu a mercantilização de tarefas e actividades tradicionalmente na esfera dos Estados, como as forças armadas nacionais que representavam a soberania.
A mercantilização da guerra através das companhias militares privadas, como a Blackwater que aqui propõe a utilização de uma força aérea privada para fazer a guerra no Afeganistão, é um produto da ideologia neoliberal, a ultrapassagem de uma fronteira que se julgava inviolável.
A mercantilização do serviço militar, da função soberana que as forças armadas exerciam pode chocar quem defenda relações entre Estados baseadas num direito internacional mais ou menos consensual, mas não deixa de ser coerente com a mercantilização geral que constitui o alfa e o ómega, o princípio o e fim do neoliberalismo.
Não deixa de ser paradoxal que as chamadas forças do mercado, os seus teóricos e os seus fiéis, aqueles que habitualmente se designam por Direita, defensores da ideologia neoliberal que conduz a estas situações, sejam as mesmas dos que se afirmam conservadores, nacionalistas e patriotas, tradicionalistas, defensores de heróis e do sacrifício pela pátria!
Os neoliberais desmascaram as fantasias: A guerra é um negócio e os exércitos são uma mercadoria. “Dulce et decorum est pro pátria mori”, o verso de Horacio exortando os jovens romanos a imitar a coragem dos antepassados, talvez nunca tenha passado de uma bela frase. Uma flor de estilo utilizada pelos estados nação para congregar identidades e valores a um nível superior às mesnadas e aos mercenários reunidos à volta de senhores da guerra. O lema neoliberal é o da sacralização da fome do ouro: «auri sacra fames»!

https://www.airforcetimes.com/flashpoints/2017/08/02/blackwater-founder-wants-to-run-the-afghan-air-war-with-his-private-air-force/

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Matos Gomes