O restaurante carteirista e outras fábulas da demissão do Estado | Fernanda Câncio in Jornal Diário de Notícias

Restaurante assalta turistas com pratos de 250 euros; Meo cobra acima da própria tabela, diz a clientes que não podem rescindir ao balcão e impõe contratos por SMS. Quem diria que há leis?

Foi grande a comoção com a notícia do restaurante da Baixa de Lisboa que assalta turistas com preços absurdos, do tipo 250 euros por um misto de carnes. E maior ainda o escândalo ante a afirmação pelas autoridades – a ASAE, no caso – de nada poderem fazer, alegando que os preços absurdos constam da carta e portanto os enganados são-no por não terem a diligência mínima de a perscrutar de fio a pavio, ou questionar os empregados sobre o valor de cada prato.

Grande coincidência, a de tanto burro ir ao mesmo restaurante. Ou quiçá o problema não resida nos clientes. É que se não está em causa a liberdade de qualquer serviço (não essencial) cobrar valores disparatados, a questão é se isso fica ou não claro para o consumidor. Ora ao percorrer a lista do restaurante constata-se que a generalidade dos preços é normal para um estabelecimento médio; os valores desproporcionados estão numa página recôndita, como “especiais”. Ou seja: a lista, como o aspeto do lugar, induz o cliente a concluir que não pagará mais de x; quando, como afiançam testemunhos publicados online, os empregados sugerem os “especiais”, não há motivo para achar que vai pagar o décuplo do preçário geral.

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