39) – C19 Upshot | O Sars original desapareceu. Porque é que o coronavirus não faz o mesmo? | Rastreador de infecções | Paulo Querido

9 jun 2020 // Hoje temos escolhas de Ana Roque, Paulo Querido, JL Andrade.

🦠 O Sars original desapareceu. Porque é que o coronavirus não faz o mesmo?

O vírus que causou o Sars original já não nos assombra, mas as características do coronavirus de hoje indicam que é pouco provável que desapareça da mesma forma.

Num prazo semelhante ao do Sars original, o SARS-CoV-2 revelou-se mais contagioso, mas aparentemente menos mortífero do que o seu primo era há quase 20 anos. Uma preocupação adicional – e crítica – é que o SARS-CoV-2 se propaga eficientemente antes de as pessoas adoecerem. Isto torna as tradicionais restrições de saúde pública de base sintomática, que funcionaram bem para a Sars, em grande parte incapazes de conter o COVID-19.

No fundo, esta facilidade de transmissão significa que o SARS-CoV-2 é infinitamente mais desafiante de controlar. Temos também uma má compreensão se a captura e a recuperação do COVID-19 o impede completamente de voltar a capturar o vírus e de o transmitir a outros. Em conjunto, estes factores significam que a SRA-CoV-2 irá muito provavelmente instalar-se na população humana, tornando-se um vírus endémico como os seus primos coronavirus, que são as principais causas de constipações todos os Invernos.

[Connor Bamford – The Conversation]

⚕️ Rastreador de infecções

Eis um novo modelo que procura fornecer uma estimativa dos valores de R e do verdadeiro número de indivíduos infectados em cada região ou país (Portugal incluído). Para fazer estas estimativas, é usado o estudo do Harvard Global Health Institute que recomenda 10 contactos por indivíduo infectado.

Nota: este link passa a fazer parte da lista perene de bookmarks úteis, que pode consultar no final da mensagem em todas as edições da newsletter.

[ – COVID-19 Projections Using Machine Learning]

🚫🧑‍🤝‍🧑 Protestos suscitam preocupações de ressurgimento de casos da COVID-19

Apesar dos riscos de transmissão, alguns funcionários da saúde pública apoiam a participação em protestos contra a injustiça racial. O Dr. Anthony Fauci disse na sexta-feira que os protestos são “um cenário perfeito para a propagação do vírus” e o director do CDC disse a um painel da Câmara na quinta-feira: “Penso que existe um potencial, infelizmente, para que este seja um evento que semeará o vírus“.

Mas um contingente de profissionais da saúde pública diz que os riscos de contrair a COVID-19 num protesto são compensados pela extrema urgência de pôr fim a um risco mais profundo para a saúde pública: o racismo sistémico.

[Alex Hickey – Morning Brew]

✊ A 500 pés do protesto

A Rússia é agora o terceiro país mais atingido do mundo no que toca a casos confirmados de COVID-19, atrás apenas dos Estados Unidos e do Brasil. Com o protesto presencial tornado impossível, os russos estão a usar as aplicações de navegação populares para registar dissidências, ultrapassando as autoridades policiais.

Entre a má segurança hospitalar e a perda de salários, os russos estão cada vez mais indignados com a má gestão da crise por parte do governo. Os profissionais da saúde na Rússia têm 16 vezes mais probabilidades de morrer de coronavirus do que os de países com taxas de infecção semelhantes e, até ao mês de Maio, o país pouco tinha anunciado sob a forma de um alívio financeiro significativo para indivíduos e famílias. No entanto, com grande parte da Rússia ainda em situação de isolamento e orientações de distanciamento social, sair à rua para protestar não tem sido uma opção. Pelo menos, não no sentido tradicional.

As ruas da Rússia, tal como existem nos mapas e aplicações de navegação em linha, têm estado de facto bastante cheias – com manifestantes zangados representados por alfinetes e caixas de comentários onde, em tempos, poderiam ter estado cartazes feitos à mão. No mês passado, os russos começaram a utilizar a aplicação móvel Yandex.Navigator, uma espécie de versão russa do Waze que normalmente contém informações sobre buracos e condições de tráfego, para exprimir as suas frustrações com o encerramento e a resposta do governo à pandemia.

[Jeniffer Wilson – Rest of World]

CURTAS

🦍 As pandemias alimentaram a ascensão das mega-corporações – e voltarão a fazê-lo. A Peste Negra e a COVID-19 parecem ter causado concentração e centralização dos negócios e do poder estatal. Isso é interessante de se notar. Mas a maior questão é se estas potentes forças podem ser direccionadas para a crise que se avizinha. [Eleanor Russell e Martin Parker – Fast Company]

⚽ Três razões para o reinício da época futebolística: dinheiro, dinheiro, dinheiro. Esqueça o lugar exaltado do futebol na sociedade: o medo de perder contratos lucrativos na televisão está a levar os jogadores profissionais de volta ao trabalho.A Bundesliga alemã voltou à acção, enquanto a Serie A italiana e a Premier League inglesa planeiam retomar o jogo em Junho. [Michael Caley – The Correspondent]

✊ Protestar durante a pandemia de coronavírus é um risco. Muitos já decidiram que vale a pena.. Para os negros, o custo de não fazer algo é muito maior do que a possibilidade de contrair um vírus. [Brian Resnick – Vox]

🆘 Desflorestação, derrames de petróleo e coronavirus: crises convergem na Amazónia. As nações indígenas da Amazónia têm uma estimativa de cerca de 2.278 casos positivos e 504 mortes, o que sugere uma taxa de mortalidade moderada. Não é apenas o Brasil. Toda a região amazónica, que engloba partes do Peru, Colômbia e Bolívia, está a tornar-se um foco de atenção. [Rachel Ramirez – Grist]

🍛 Mudança de hábitos alimentares no meio da pandemia. Desde o início do surto de Covid-19, as restrições à restauração nos restaurantes e a escassez de ingredientes alteraram a relação de muitos jovens de Singapura com a alimentação. Alguns mergulharam no mundo das artes culinárias, enquanto outros para alteraram os seus hábitos alimentares. [Hannah Bock – The Straits Times]

BOOKMARKS

  1. 📈 Direção-Geral de Saúde: ponto de situação atual em Portugal (link)
  2. 💊 Mapping COVID-19 Research: The “Map of Hope” provides a geographical overview of planned, ongoing and completed clinical trials. (link)
  3. 📊 Reuters: breaking the wave (link) (enviado por Marisa Torres da Silva)
  4. 📊 ESRI: Evolução Covid-19 em Portugal – Dados Adicionais (link) (enviado por leitor anónimo)
  5. 📈 European monitoring of excess mortality for public health action (link) (enviado por Manuel Carreira)
  6. 🕸️ Google: See how your community is moving around differently due to COVID-19 (link)
  7. 🏙️ Público: Como está a evoluir a pandemia onde eu vivo (link)
  8. 🏛️ Oxford University: Government Response Tracker (OxCGRT) (mapa das políticas de resposta, RECOMENDADO) (link)
  9. 📈 Ministério da Saúde: Vigilância da mortalidade (link)
  10. 🦠 Uns estão a vencer, outros não: que países estão a safar-se melhor na luta contra a COVID-19? (link)
  11. 📊 Pordata: Números da Crise. Dezenas de indicadores-chave para melhor analisar o impacto económico e social da Covid-19 em Portugal (link) (enviado por leitor anónimo)
  12. 📈 COVID-19 Infections Tracker; Estimativas de RT por país (NOVO) (link) (enviado por Manuel Carreira)

Conhece um gráfico, documento ou interatividade excelente que deva estar nesta lista de bookmarks? Sugira enviando-nos uma mensagem.

 

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