38) – C19 Upshot | Cinco maneiras de o coronavirus transformar a União Europeia | O racismo, não a genética, explica porque os americanos negros estão a morrer da COVID-19 | Paulo Querido

8 jun 2020 // Hoje temos escolhas de Paulo Querido, Ana Roque, JL Andrade.

🇪🇺 Cinco maneiras de o coronavirus transformar a União Europeia

A resposta da Comissão Europeia ao coronavírus enfrenta pelo menos cinco desafios fundamentais – todos eles criando oportunidades significativas para a Europa.

Quando se serve nas instituições da União Europeia, é imperativo acreditar que o que mais importa é o interesse da União como um todo – e agir em conformidade. A acção política assenta na firme convicção de que os interesses nacionais devem ser incorporados no bem comum europeu. Isto aplica-se em todas as circunstâncias, incluindo a segunda fase da crise que a Europa enfrenta devido à pandemia. A Europa do Norte não pode sair da crise como vencedora se o Sul for ferido.

Este é, portanto, o dilema fundamental que a Presidente Ursula von der Leyen e os membros da sua Comissão precisam de resolver. Irão eles agir como políticos de países separados ou como estadistas europeus que reafirmam a unidade, a solidariedade e a coordenação entre os Estados-Membros? Há pelo menos cinco desafios fundamentais com os quais têm de lidar.

[Anna Diamantopoulou – ECFR]

Continuar a ler

O Momento Chernobyl de Trump e Bolsonaro? | Francisco Louçã | in Jornal Expresso

Não foi o acidente nuclear de Chernobyl em 1986 que derrubou o regime soviético, que se viria a desagregar irreversivelmente com a queda do Muro em 1989 e com o golpe militar em 1991. O poder de Gorbachov, que já representava uma transição, fracassou cinco anos depois, no fim de um longo processo em que foi corroído por contradições internas, pelo esgotamento económico e pelo desgaste social, acentuado pela derrota na guerra do Afeganistão. O acidente foi somente um choque que se sobrepôs a essa exaustão. Mas, por isso, foi também um momento trágico que revelou a fragilidade do Kremlin, sobretudo pela tentativa de ocultação, pela revelação da impotência e pela impopularidade que multiplicou. O tempo de Chernobyl foi a mentira e a revelação da mentira e, com isso, o início do fim de uma era.

A pandemia pode ser o Momento Chernobyl da extrema-direita no poder em países poderosos, como os Estados Unidos ou o Brasil. O caso com maiores implicações internacionais será o de Trump que, nas suas deambulações justificativas e na verve desculpatória, revela uma obsessão pelo interesse económico de curto prazo contra a proteção das vidas. E aí entra o efeito Chernobyl: ele precisa de ocultar o desprezo pela população e, sobretudo, a sua calculista impotência perante a doença.

Continuar a ler