O que devíamos todos era olhar para a América de Joe Biden | Paulo Querido

A questão ficará sem resposta uma vez que não temos forma de a responder: foi a extraordinária reversão política levada a cabo em três meses pela administração Biden que apagou Donald Trump do espaço público americano (e mundial), ou foi o facto de ter sido banido do Twitter, Facebook, Instagram e Youtube?

Podemos sempre dizer: é uma mistura das duas coisas. Ou apostar numa delas. Com todo o respeito pelo papel dos megafones, eu relevo a primeira. Porque o que Joe Biden fez à America é notável. Um terramoto que ainda não terminou e que terá réplicas. E uma completa surpresa — primeiro julguei que era uma questão minha, por achar que era tarefa muitíssimo difícil retirar as aspas que Trump colocou em Estados “Unidos” da América, depois percebi que está toda a gente de cara à banda.

Esperava-se uma administração bem menos enérgica, centrista e apaziguadora, a garantia de que Biden não era Sanders, um “socialista”, ai, vade retro. Um velhinho a preparar a Casa Branca para a sua vice, essa sim um poço de energia, Kamala Harris. E esperava-se porque toda a campanha foi isso: o partido democrata a adormecer o eleitorado no embalo do centrismo, o próprio Biden repetiu “I’m not a socialist” bastas vezes.

Peeeemmp!, wrong. Saiu na rifa uma administração revolucionária, não encontro palavra mais adequada. A coragem de dez Obamas, a competência de cinco Clintons.

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