NOBRE POVO? | Daniel Oliveira in Jornal Expresso

Abaixo-assinados para defenestrar juízes, a “perplexidade” que a PGR compreende quando não se dirige ao trabalho do Ministério Público, os discursos dos televangelistas da indignação… Tudo é atribuído a uma reforçada exigência cívica.

Vou arriscar: a desilusão da maio­ria das pessoas com a democracia não tem nada a ver com a corrupção, tão antiga como o poder.

Vem quase sempre das condições de vida que ela devolve. Entre muitas razões complexas e nenhuma delas moral, a crise da democracia resulta de vivermos num tempo em que sabemos que o futuro será pior do que o passado. A corrupção até é mais visível, porque a combatemos melhor. Nenhuma república das bananas julga um ex-primeiro-ministro do partido no poder. E desde que Sócrates terá cometido os crimes de que vem acusado evoluiu-se: os prazos de prescrição são mais dilatados e há novos crimes na lei. Há muito a fazer, e não é só na justiça e na política. Também é connosco.

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