SONDAGENS | Carlos Vargas | 20 Janeiro 2022

Nada contra o ‘Público’ ou contra a ‘RTP’, obviamente. Muito pelo contrário. Ambas são prestigiadas marcas de informação. Mas, neste caso, são meros clientes do CESOP (Universidade Católica).

Quero dizer que a sondagem que hoje publicam parece-me pouco credível. Por três razões, que retiro da respectiva ficha técnica:

1. 58 % das pessoas contactadas não quiseram responder. O que mostra uma % altíssima de voto “escondido” – ficando portanto fora dos resultados apurados. E que indicia também, fortemente, que o número de indecisos será superior aos 22% de NS/NR apurados entre os que aceitaram o contacto.

2. Das respostas obtidas apenas 44 % são de mulheres, o que está muito longe de corresponder à rácio de mulheres no universo eleitoral.

3. Todas as 1.456 entrevistas foram feitas através de telemóvel. Não tenho a certeza de que a vasta população mais idosa, principalmente fora dos centros urbanos, possa estar devidamente representada nessa amostra de respondentes exclusivos via telemóvel.

Respeito os profissionais de sondagens e não quero fazer leituras nem tirar nenhumas conclusões. A minha reserva é objetiva e funda-se exclusivamente nos três pontos citados.

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Vargas

As direitas falam a uma só voz, as esquerdas desafinam umas contras as outras | Paulo Querido

Estamos assim: as direitas falam a uma só voz, as esquerdas desafinam umas contras as outras.

Tudo isto era tão, mas tão dispensável.

As campanhas de BE e CDU são lamentáveis: o objetivo de ambas é a desresponsabilização no chumbo do OE que precipitou estas escusadas eleições, e a reconquista de uma posição de compromisso com o PS, ao mesmo tempo que o atacam em cada frase.

A campanha do PS assenta numa única mensagem: a da continuidade do governo interrompido. Não discordo dela, mas acho-a arriscada. Talvez houvesse alternativa para uma proposta mais eficaz, que abrisse campo para uma narrativa de ajustes e melhorias. Costa está a brincar com o fogo. Ressentido, esticou a corda. Esperemos que não demais.

LIVRE e PAN fazem campanhas muito boas, dissonantes da esquerda que insiste em discursos de clivagem e prolonga a desresponsabilização, nos seus diferentes graus. Navegam no território do compromisso e apresentam propostas. Oxalá o eleitorado os recompense largamente.

À direita o contraste é total. PSD, CDS, IL e CH são partidos diferentes e com ambições diferentes. Mas trilham um mesmo caminho, têm um objetivo comum.

Nada de novo aqui: mesmo quando eram só PSD e CDS (e, vá, PPM em tempos mais recuados), as direitas uniam-se no mesmo caminho para governar. À exceção do paraíso (estou a falar dos melhores resultados económicos, sociais e políticos num período longo) que resultou da única vez em que se uniram para governar, as esquerdas sempre se caracterizaram pela desunião no momento-chave das eleições.

O resultado das eleições deste janeiro poderá ditar cenários muito diversos, mas é muitíssimo provável que continue a ser realidade uma maioria no Parlamento de deputados eleitos por partidos do centro-esquerda e esquerda. Ou seja: mantém-se a proposição de que a esquerda só não governará se não quiser.

Toda a campanha até agora reforça a ideia de que não quer. Temo que esta minha leitura não seja contrariada na noite do próximo dia 30.

Retirado do Facebook | Mural de Paulo Querido