1640 | DEANA BARROQUEIRO

(O POETA, O PROSADOR, A PROFESSA E O PREGADOR)


«1640» é o título do que considero o meu principal romance, que me levou 13 anos a fazer, embora alternando com outros de mais fácil construção. É a data em que os portugueses dos três Estados – povo, clero e nobreza – se revoltaram contra o governo dos burocratas, a mando de um Rei estrangeiro (D. Filipe IV de Espanha),, que os humilhava e esmagava, e soltaram o grito de liberdade, elegendo um Rei português, Dom João IV, para tomar o destino do país nas suas mãos, defendê-lo dos predadores e fazê-lo sair da crise pelos seus próprios meios.
A acção decorre num período de cinquenta anos (1617-1667), riquíssimo em acontecimentos, dramas e personagens, num Portugal esgotado que tentava desesperadamente sobreviver como país independente, acossado por nações inimigas – a Espanha e as suas aliadas –, mas também pelas «amigas» de longa data, como a Inglaterra e a França, que impuseram condições esmagadoras em troca da sua ajuda.

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Palestina (1947–2022) — 75 anos de Direito Internacional | por Carlos Matos Gomes

29 de Novembro, o Dia Internacional da Solidariedade com o Povo Palestino, é uma data comemorativa, instituída pelas Nações Unidas, para lembrar o aniversário da Resolução 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 29 de novembro de 1947, que aprovou, sem consulta aos habitantes locais, o Plano de Partição da Palestina. O Plano consistia na divisão da área do Mandato Britânico da Palestina em dois estados: um estado judeu e outro um estado árabe.

O Estado judeu (o primeiro estado teocrático, que contrariava a Declaração dos Direitos Humanos da própria ONU, que declara a inadmissibilidade de discriminação racial e religiosa) foi imediatamente constituído, iniciando os recém chegados judeus vindos de todas as partes do mundo e as suas organizações armadas de imediato a expulsão violenta dos habitantes locais, palestinos, das suas casas. O Estado árabe, que não era árabe, mas palestino, nunca foi constituído. Setenta e cinco anos após a Declaração da ONU, esta é letra morta e letra de mortes, de milhares de mortes.

Tive a honra de ser convidado pelo MPPM — o Movimento para a Paz e a Palestina Livre — para fazer o discurso de evocação desta data de exposição da sangrenta hipocrisia do que é invocado como o Direito Internacional, numa cerimónia realizada na Casa do Alentejo e com a presença do embaixador da Autoridade Palestiniana, a entidade que representa o que deveria ser o Estado Palestino e dotado de idêntica dignidade do embaixador do Estado de Israel.

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