A democracia nasceu sexista: de Aristóteles à arena política de hoje | Temas e Debates, Grupo Bertrand Círculo

«O homem é capaz de determinar o que fazer. A mulher, cuja faculdade deliberativa
é inválida, não sabe resolver-se. O homem tem uma inclinação para dirigir. A mulher
acomoda-se à submissão. O homem é um animal político. A mulher, um animal
doméstico.»

Lisboa – 15 de fevereiro de 2023 – Aristóteles, Tomás de
Aquino e Jean-Jacques Rousseau. Três grandes
pensadores, uma longa história de preconceito. Em O
Poder das Mulheres, que a Temas e Debates publica a
3 de março, Giulia Sissa documenta as razões da não
inclusão das mulheres na atividade democrática,
traçando uma interessantíssima história cultural que
culmina no mundo democrático de hoje.


Do ponto de vista do liberalismo moderno, a democracia
antiga é profundamente antidemocrática. A mulher da
Antiguidade não era admitida ao direito de cidadania.
Considerada impotente, irracional e imprevisível, não tinha
lugar na arena política. A sua faculdade deliberativa, afirmava
Aristóteles, era «inválida».


Mais tarde, o cristianismo e o pensamento árabe
perpetuaram estas e outras noções – com teóricos medievais
como Tomás de Aquino e Alberto Magno a amplificar a
invalidez decisória das mulheres – e, em pleno Século das
Luzes, Jean-Jacques Rousseau considerava «inútil» a
instrução igualitária.
Seria apenas com vultos como Condorcet – que substituiu as
leis da natureza pelos direitos humanos – que a igualdade e a
emancipação dariam os primeiros passos.

Este livro reconstrói os aspetos discursivos deste relato. Detendo-se em momentos cruciais, Giulia Sissa traça
com brilhantismo, eloquência e humor uma história cultural numa obra que se impõe também como uma
intervenção crítica sobre a linguagem dos feminismos contemporâneos.

Sinopse:
Um livro magistral que desmonta as razões profundas, remontando à Antiguidade, da não inclusão
das mulheres na arena política, e sobretudo na atividade democrática.
Rainhas e princesas governaram países, comandaram exércitos e fizeram-se obedecer. As suas vidas foram
plenas de possibilidades, de poderes e de projetos. Artemísia de Halicarnasso, Antígona, Jocasta ou Etra foram
mulheres excecionais e singulares, que pertenciam à aristocracia ou viviam com a realeza.
Os gregos antigos inventaram a democracia, mas às mulheres desse tempo não foi permitido deliberar, dirigir
ou defender o Estado. Ficaram sem representação. Ao homem foi reconhecido o estatuto de animal político,
enquanto a mulher era um animal doméstico.
A filosofia grega racionalizou este defeito natural da mulher, a sua ausência de coragem e a sua incapacidade
para decidir, mas o cristianismo e os pensadores medievais, como Tomás de Aquino, viam a mulher como
incoerente, incapaz de refletir, e no iluminismo, sobretudo com Jean-Jacques Rousseau, à mulher ficavam
reservadas as frivolidades. Somente com filósofos como Condorcet, que substituiu as leis da natureza pelos
direitos humanos, houve lugar à igualdade e à emancipação.
Nestas condições as mulheres foram levadas a duvidar da sua legitimidade. Uma suspeição fundamental paira
nas próprias democracias: não serão as mulheres, sem dúvida, incompetentes? Não serão elas, talvez, menos
capazes?
Uma narrativa brilhante, bem documentada e ultracontemporânea.
Sobre o autor:
Giulia Sissa, nascida em 1954 em Pavia (Itália), é filósofa e historiadora da cultura. Professora de Teoria Política e
de Civilizações Clássicas na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, publicou, entre outros livros, L’ âme est
un corps de femme (2000), Sexe et sensualité. La culture érotique des Anciens (2008) e La Jalousie. Une passion inavouable
(2015).
Sobre o livro:
Género: Sociologia | Formato: 15 x 23,5 cm | Nº de páginas: 376 | 1ª edição: março de 2023 | Encadernação:
Mole | PVP: 19,90 € | ISBN: 9789896447403
Para mais informações, contacte o Gabinete de Comunicação da Temas e Debates:
Luísa Pinto (luisa.pinto@bertrand.pt

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