O que é “vencer” uma guerra na contemporaneidade e em 2023? | por João Gomes

O que é “vencer” uma guerra na contemporaneidade e em 2023? A Arte da Guerra de Sun Tzu diz que: “A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar”. Ora, isso é o que tentam fazer os países ocidentais, ao entregar à Ucrânia a incumbência de aceitar a luta contra a Rússia, para o que andaram a prepará-la durante mais de 9 anos.

Fornecem-lhe os meios e os financiamentos e deixam que a sua população mais jovem se mate nesse envolvimento. Por enquanto são os homens entre os 16 e os 65, mas já há jovens mulheres a seguir o mesmo caminho. Ou seja, o ocidente tenta derrotar a Rússia sem lutar. Mas Sun Tzu – considerado o melhor estratega e filosofo de guerra de todos os tempos – também diz: “Aquele que se empenha a resolver as dificuldades resolve-as antes que elas surjam. Aquele que se ultrapassa a vencer os inimigos triunfa antes que as suas ameaças se concretizem”.

Ora, isso foi o que a mesma Europa não fez pois – confessadamente – enganou a Rússia para armar e preparar a Ucrânia no lugar de decidir obrigar a Ucrânia a cumprir os Acordos e Tratados de Paz de 2014/15.

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UM ANO DE ESTUPIDEZ HUMANA | Miguel Sousa Tavares in Expresso, 24-02-2023

Um ano depois, a Ucrânia, sobretudo as suas pequenas cidades e aldeias do interior, continua a ser paulatinamente devastada e nem Putin conseguiu a rápida vitória que teria previsto nem a NATO conseguiu, por interposto Zelensky, correr com os russos da Ucrânia.

No terreno, a guerra de artilharia levada a cabo incansavelmente por ambos os lados, e sem saída militar à vista, é mantida, do lado russo, pelo envio constante de cada vez mais soldados para a morte e, do lado ucraniano, por uma tão persistente exigência de mais armas ao Ocidente que se atingiu a situação jamais vista de exaustão de munições nos arsenais da NATO.

Entretanto, a continuação da guerra devora economicamente a Europa e num só dia gasta-se 10 vezes mais em armas na Ucrânia do que aquilo que seria necessário para acorrer a oito milhões de sírios que dormem ao relento e morrem de fome e frio, sem auxílios internacionais, depois do terramoto de há três semanas.

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Palavras de guerra | Viriato Soromenho Marques | Opinião / DN

Apulsão de morte liberta-se, com particular exuberância entre os intelectuais, nas vésperas de guerra. A maior matança política em Portugal, em mais de século e meio (200 mortos e mais de mil feridos), ocorreu em maio de 1915 nas ruas de Lisboa, na insurreição que derrubou o governo de Pimenta de Castro e afastou o presidente Manuel de Arriaga.

O objetivo fundamental dos golpistas, como Afonso Costa e João Chagas — que as suas milícias ecoavam na rua sob o lema “Viva a guerra!” — foi o de envolver Portugal na frente europeia da I Guerra Mundial, e não apenas em Angola e Moçambique e sem declaração formal de guerra à Alemanha, como defendiam Brito Camacho e Bernardino Machado.

A turba armada, incitada por muitos publicistas, conseguiu o que queria. Um quarto de século antes, em janeiro de 1890, gente exaltada insultava o jovem rei D. Carlos I por este, depois da imposição do Ultimato britânico, ter poupado os portugueses do fogo mortífero da Armada britânica. O enorme serviço que o Rei prestou ao interesse nacional seria pago com juros de chumbo no regicídio de 1908.

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Pensamientos De cine | Ava Gardner

Poucas atrizes na história do cinema possuíram a força e a energia que Ava Gardner desprendia. Um olhar do “animal mais lindo do mundo” podia fulminar homens, mulheres e animais e sua maneira de andar fazia parecer que a grama não ia voltar a sair por onde ela tinha passado. Gardner era uma mulher que fazia o que quisesse numa época em que o normal era que elas estivessem aos pés dos seus amados e amantes.

Ela deu a volta e colocou Hollywood inteira e todos os homens do momento a seus pés. Homem que a conhecia numa festa, homem que se apaixonava perdidamente por ela. Que digam a Frank Sinatra, que a perseguia pelo mundo inteiro e a recolhia das suas terríveis ressacas numa relação tempestuosa que acabou em casamento e depois em divórcio. Os ataques de ciúmes do ator, suas ameaças de suicídio, as broncas constantes, os abusos com álcool e as fugas da Ava tornaram o casamento um protagonista habitual das revistas do coração. Nos anos 50, a Ava manifestou o seu abastecimento à vida estereotipada de Hollywood. Mudou-se para Madrid, onde encontrou, apesar das restrições do franquismo, maior liberdade. Sua vida daqueles anos, com episódios tão famosos como o caso com o toureiro Mario Cabré, que desencadeou a ira de Sinatra, está bem documentada em Beber a Vida: Ava Gardner na Espanha Aguilar, 2004, de Marcos Ordóñez, e foi também evocada na série Arde Madrid, dirigida em 2018 por Paco León.

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