“A GUERRA DA UCRÂNIA E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS” | Enfoque #71 – Parte I, c/ Carlos Matos Gomes

Carlos Vale Ferraz, pseudónimo literário de Carlos de Matos Gomes, nasceu a 24 de julho de 1946, em Vila Nova da Barquinha. Foi oficial do Exército, tendo cumprido comissões em Angola, Moçambique e Guiné. Esta semana é o convidado do programa “Enfoque” para uma conversa a não perder sobre o atual conflito na Ucrânia e as suas consequências, conduzida por Henrique Prior e Loreley Haddad.

GUERRA DA UCRÂNIA / ANÁLISE | por Guy Mettan

* Guy Mettan é cientista político e jornalista. Iniciou sua carreira jornalística no Tribune de Genève em 1980 e foi seu diretor e editor-chefe em 1992-1998. De 1997 a 2020, foi diretor do “Club Suisse de la Presse” em Genebra. Atualmente é jornalista e escritor freelancer.” | (via Joaquim Matos)

No momento em que se começa a vislumbrar uma possível solução para o conflito na Ucrânia (neutralidade e desmilitarização parcial do país, entrega do Donbass e da Crimeia), os antecedentes do conflito começam a ser melhor compreendidos.

No entanto, não se espera que aconteça um rápido cessar-fogo: os americanos e os ucranianos ainda não perderam o suficiente e os russos ainda não ganharam o suficiente para cessar as hostilidades.

Mas antes de ir mais longe, gostaria de convidar aqueles que não partilham da minha visão realista das relações internacionais a não seguirem em frente na leitura. O que se seguirá não lhes agradará e evitarão o azedume estomacal e o tempo desperdiçado a denegrir-me.

Com efeito, penso que a moralidade é um péssimo conselheiro em geopolítica, mas que se impõe em matéria humana: o realismo mais intransigente não nos impede de actuar, incluindo no tempo e no dinheiro como eu, para aliviar o destino das populações testadas pelos combates.

As análises dos peritos mais qualificados (em particular dos americanos John Mearsheimer e Noam Chomsky), as investigações de jornalistas como Glenn Greenwald e Max Blumenthal, e documentos apreendidos pelos russos – a intercepção de comunicações do exército ucraniano a 22 de janeiro e um plano de ataque apreendido num computador abandonado por um oficial britânico – mostram que esta guerra foi inevitável e muito improvisada.

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