RACIONALISMO, HUMANISMO, ILUMINISMO E DESPOTISMO ILUMINADO | António Galopim de Carvalho

Os avanços da ciência levados a cabo por Da Vinci (1452-1519) e Galileu (1564-1542), em Itália, no Renascimento, e por Nicolau Steno (1638-1686), na Dinamarca, e Isaac Newton (1643-1722), em Inglaterra, na chamada Revolução Científica de século XVII, e o espírito de abertura ao conhecimento fomentado pela exploração do mundo desconhecido pelos navegadores portugueses e espanhóis, foram importantes para a eclosão de uma corrente intelectual a que foi dado o nome de Iluminismo. Entre os seus precursores destacam-se os grandes defensores do Racionalismo, entendido como uma atitude mental, ou linha de pensamento que aponta a razão, ou seja, o raciocínio lógico como o caminho para se alcançar a verdade. Entre eles sobressaem o francês René Descartes (1596-1650), o alemão Gottfried Leibniz (1632-1677), o holandês de origem portuguesa Bento Spinoza (1632-1677) e os ingleses Thomas Hobbes (1588-1679) e John Locke (1632-1704), estes dois últimos focalizados no pensamento social e político.


A par do Racionalismo desenvolve-se uma atitude ética, vinda de trás e se afirmou no Renascimento, definida como Humanismo. Emergia-se, assim, de séculos de obscurantismo e ignorância, para uma nova era iluminada pela razão. Ao colocar o ser humano no centro das preocupações filosóficas (Antropocentrismo) é contrária à que colocava Deus no centro dessas mesmas preocupações (Teocentrismo).
Racionalismo, Humanismo e Iluminismo foram linhas do pensamento e da literatura europeia e americana durante o século XVIII, que antecederam e influenciaram a independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789).
Era grande a fé no poder da razão, chegando, mesmo, a acreditar-se que, mediante o uso da razão, seria possível um progresso sem limites. O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), afirmava que era fundamental “ousar conhecer”. Surge, assim, o interesse em reexaminar e pôr em questão as ideias ancestrais, entre as quais as da doutrina da Igreja, a partir de então duramente questionada. Foi o começo do seu declínio e o crescimento do Secularismo, entendido como a separação entre o poder político e as instituições religiosas.

Foram muitos os elementos das elites intelectuais francesas que dilataram e divulgaram o Iluminismo, com destaque para Voltaire (1694-1778), Charles de Montesquieu (1689-1755), Denis Diderot (1713-1784) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1788). David Hume (1711-1776), na Escócia, Cesare Beccaria (1738-1794), na Itália, Benjamin Franklin (1706-1790) e Thomas Jefferson (1743-1826), na América do Norte, fizeram outro tanto. Foram as suas ideias que serviram de fundamento ao liberalismo político e, mais tarde, ao liberalismo económico e para a reforma humanista do mundo ocidental no século XIX.

O liberalismo acabou por invadir círculos do poder, surgindo, assim, o chamado Despotismo Iluminado ou Esclarecido. Entre os seus representantes mais célebres encontram-se os reis Frederico II (1712-1786) da Prússia, Catarina II, (1729-1796) a Grande, da Rússia, José II (1741-1790), da Áustria e Carlos III (1716-1788), da Espanha.

O Iluminismo chegou a Portugal através dos portugueses letrados que viajavam pela Europa, os chamados estrangeirados, com destaque para o padre Luís António Verney (1713-1792), filósofo, teólogo, professor e escritor, e para Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal (1699-1782) que, antes de ter sido o 1º ministro de D. José I, foi embaixador em Inglaterra e na Áustria, onde recebeu forte influência das concepções culturais e filosóficas próprias do Iluminismo.
O “Ancien Régime” ainda vigorava na Europa, a Revolução francesa estava a décadas de eclodir e, em Portugal, o seu fim só aconteceu mais tarde, com a Revolução Liberal, iniciada m 1820.
Foi o tempo de Despotismo Iluminado que, ainda que em moldes absolutistas, houve notáveis avanços no ensino, na ciência e na cultura.
Foi sob Despotismo Iluminado que, no caminho das “Luzes”, teve lugar a reforma do ensino, a expulsão dos Jesuítas, o apoio às ciências e às artes, com o convite a professores e artistas estrangeiros para ensinarem e trabalharem em Portugal e a criação da Academia Real das Ciências em 1779.

António Galopim de Carvalho

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