Texto apresentação Guerra Colonial | Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso

A guerra que Portugal travou em África entre 1961 e 1974, e que contribuiu de forma decisiva para o 25 de Abril, é o acontecimento mais marcante da nossa história na segunda metade do século XX.

Este trabalho pretende contribuir para o melhor conhecimento do que foi esse conflito, das condições em que ele se desencadeou e das suas consequências.

Este é um trabalho de divulgação centrado sobre a guerra em si mesma, embora procure enquadrar os seus aspetos mais significativos para melhor compreensão. Na base da informação apresentada encontram-se elementos já publicados e outros obtidos em arquivos e memórias de entidades e personalidades que se disponibilizaram a cedê-los, muitos inéditos.

Esta obra apresenta elementos novos, centrados em três grandes questões. A primeira diz respeito ao que designámos como os “fatores de desgaste” provocados pela guerra na sociedade portuguesa e nas Forças Armadas; a segunda nas tentativas dirigidas em várias direções que o regime de Salazar e de Marcelo Caetano levou a cabo no sentido de encontrar saídas para o impasse a que a solução da guerra eterna fatalmente conduziria, buscando contactos clandestinos com os movimentos de libertação, ou personalidades africanas, estabelecendo alianças secretas com países vizinhos de governo branco; na ação externa procurando o apoio de aliados tradicionais e até empregando non state agents em ações de desestabilização, evidentes no Biafra e no Catanga. Por fim, referimos o tempo e ações do que designamos por “um regime de conspiração”, que se instalou a partir do Verão de 1973 e conduziu ao 25 de Abril de 1974.

A partir desta última questão, de um regime cujas personalidades e instituições se encontravam fracionadas em grupos conspirativos, divididas por insanáveis contradições sobre a questão colonial e a guerra, abordámos a questão que serve de pedra de fecho a esta obra: a da guerra ganha, ganha perdida.

O presente trabalho pretende constituir uma panorâmica em que se possam rever homens e mulheres que, em qualquer situação, participaram na guerra, os que com eles se relacionaram, e aqueles que pretendam elementos de compreensão desse tempo passado que, em boa medida, explica o nosso presente.

É uma obra feita por portugueses, que diz respeito a Portugal, procurámos, no entanto, apresentar a visão do “outro lado”, o dos países africanos que, neste longo conflito, conquistaram a sua independência política.

Recebam os melhores cumprimentos do Carlos Matos Gomes

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