Adelto Gonçalves, escritor sem violon d´Ingres? | por Maria Estela Guedes

Escritor e pesquisador brasileiro é homenageado por revista literária eletrônica em Portugal

A minha pergunta sobre a possível falta de um hobby vem de ver Adelto Gonçalves sempre ocupado. Ele é o único co-autor do Triplov cujos textos não tenho publicado na totalidade, porque me falta capacidade de trabalho igual à dele.

É um intelectual atento, amigo dos seus colegas, em quem se revela claramente um espírito de missão: a de dar a língua portuguesa ao mundo, na sua forma escrita e nos seus tão diversos registos, visto que ele não se ocupa apenas do português do Brasil e do português de Portugal, mas ainda de registos praticados em outros países lusófonos. Ousa comentar estas variantes, e realmente é preciso coragem, não s& oacute; por serem muito diferentes, como por a diferença desembocar por vezes ou na fraca inteligibilidade dos textos ou em campos diplomática ou politicamente delicados.

Continuar a ler

Maria Estela Guedes: ode a García Lorca | por Adelto Gonçalves

Obra reconstitui trajetória do vate espanhol em périplo poético que soa como uma conversa íntima com o espírito do poeta

                                                         I
            Uma ode formada por versos inspirados na vida e na obra do poeta espanhol Federico García Lorca (1898-1936) é o que o leitor irá encontrar no livro mais recente da dramaturga, poeta e ensaísta portuguesa Maria Estela Guedes, que acaba de sair pela Editora Urutau, estabelecida no Barreiro, em Setúbal, do lado de lá do rio Tejo, em Portugal, e em Cotia, no Estado de São Paulo, no Brasil. Com capa que reproduz desenho do próprio poeta, a obra Conversas com Federico García Lorca traz 107 poemas que procuram reconstituir a breve e fulgurante trajetória do vate que seria interrompida com o seu fuzilamento por hordas direitist as comandadas pelo general Francisco Franco (1892-1975).
            Lenda em vida, e ainda longe da idade madura, Lorca já era à época um ícone daquela que, mais tarde, viria a ser definida como a geração de 27, que incluía, entre outros, Pedro Salinas (1891-1951), Jorge Guillén (1893-1984), Rafael Alberti (1902-1999), Vicente Aleixandre (1898-1984) e Luis Cernuda (1902-1963), ainda que não constituísse um grupo movido por qualquer motivação histórica ou influxo literário ou mesmo por um líder.

Continuar a ler