Santana Lopes e suicídio das velhas baratas | Carlos Matos Gomes

Santana Lopes e suicídio das velhas baratas.

O Partido Santana Lopes, os reis que vão nus. Desde logo: o rei que vai nu não é o Pedro Santana Lopes. Os reis que vão nus são o BE, que não é radical nem revolucionário, é o PC, que não é comunista, é o PSD, que não é social democrata, é o CDS que não é democrata cristão. Resta o PS, que se assumiu desde o comício da Fonte Luminosa, em 1975 como o “rassemblement” de sociais democratas e democratas sociais, no sentido que a social democracia e a encíclica Rerum Novarum de Leão XIII tomaram no pós-guerra e na guerra fria.

Esses é que vão nus: não têm roupagem ideológica que lhes cubra o corpinho. Nem o BE nem o PC podem (nem querem, nem existem as tais condições objectivas) fazer qualquer mudança estrutural do regime demo capitalista, nem o PSD e o CDS podem fazer mais do que fazem: alterações pontuais na distribuição da riqueza entre assalariados e gestores, com o grosso a ser acumulado pelo sistema financeiro.

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Santana Lopes | Jornal Público 2014.03.16 | Entrevista de BÁRBARA REIS e MARGARIDA GOMES

Santana Lopes C(…) Há um ponto em que estou de acordo com o Pacheco Pereira, que diz sempre que vivemos numa mistificação constante, uma confabulação permanente em que passamos ao lado de questões essenciais como a que estão a colocar. Sobre o manifesto: o acordo do pós-guerra seguiu o princípio de que a dívida seria amortizada em função dos ciclos da economia. Parece-me sensato. Defendi-o. Quando Seguro propôs que a dívida superior a 60% fosse mutualizada, manifestei simpatia pela proposta. Quem já exerceu funções de chefia do Governo sabe o quanto a União Europeia fiscalizava à lupa, já antes desta crise, as contas do Estado. Os países não se endividaram às escondidas da Europa.

(…)

Eu não sou daqueles que fustiga o engenheiro Sócrates a dizer que ele é o culpado por tudo o que se passa em Portugal. Acho essa ideia absolutamente caricata e ridícula. A principal culpa pelo que se passa em Portugal são factores externos. O engenheiro Sócrates desorientou-se na parte final do mandato, tomou muitas medidas erradas, mas durante vários anos desenvolveu políticas correctas e tomou muitas boas medidas. O Governo agora até adoptou o Simplex 2. Na área da investigação científica fez muitas coisas bem-feitas e teve muita visão nessa matéria das novas tecnologias.

Foi um primeiro-ministro com visão em várias áreas. Ele era vários deuses ao mesmo tempo, depois caiu em desgraça e passou a ser o culpado de tudo. Isso é caricato. Ele foi um primeiro-ministro com várias qualidades, um chefe de Governo com autoridade e capaz de impor a disciplina no seio do seu Governo.

O que me irrita mais na política é que a política seja um desfile na passerelle. Agora vem aí o Marcelo, o Santana, o Durão, o Costa, qual é que escolhemos? Qual é que tens ideia que é o melhor? Acho que é aquele. E o que pensa sobre este assunto em concreto sobre o qual ele vai ter de decidir? Ai isso não sei. E o outro? Também não. 

(…)

http://www.publico.pt/politica/noticia/socrates-foi-um-primeiro-ministro-com-visao-1628395#/0 … (FONTE)