Ética e Vergonha (ou a falta dela) por António Marques*

Não sendo uma virtude como tradicionalmente são consideradas a justiça, a coragem, tolerância, etc., a vergonha é um sentimento que desempenha uma função indispensável na vida ética de qualquer sociedade. Aristóteles dedicou-lhe breves linhas nas suas obras de filosofia moral e descreve-a como “o temor da desonra que produz um efeito semelhante ao medo perante o perigo” (Ética a Nicómaco, iv). Acrescenta que a vergonha não é boa nem má em si mesma, mas que inibe o comportamento maldoso, voluntariamente praticado. Na literatura actual é cada vez mais estudado o papel da vergonha na chamada ética aplicada e muitos autores defendem que o impacto na consciência colectiva da exposição pública de comportamentos vergonhosos é bastante maior do que a mera aplicação da sanção jurídica.
Vem isto a propósito da total falta de vergonha manifestada com cada vez maior frequência por uma parte substancial de alguns dos principais actores da nossa vida política e económica. Agora mesmo a televisão e os jornais dão-nos conta de um banqueiro, Fernando Ulrich, que em conferência de imprensa, ao mesmo tempo que apresentava lucros do seu banco da ordem de centenas de milhões de euros (ainda por cima com origem, em grande parte, nos bolsos dos contribuintes), defendia a austeridade com o argumento que até os sem-abrigo aguentavam a dita e se qualquer dos presentes, ele incluído, caísse nessa situação a vida continuava, que remédio…Poucos dias depois, o primeiro-ministro e o ministro da economia defendiam publicamente, até com indisfarçável orgulho, a nomeação para o governo de um antigo administrador do BPN, como se sabe a fachada para a maior fraude financeira que o país conheceu até hoje.
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Vasco Graça Moura | Alfreda ou a Quimera

vgmpAlfreda ou a Quimera é a história de uma obsessão, de uma paixão por uma bela e misteriosa mulher com quem o protagonista deste romance – um bibliófilo portuense – se relaciona intima e fugazmente. Essa paixão passa a reger a sua vida, os seus interesses, os seus actos, os seus pensamentos, enquanto ele tenta reencontrá-la. Quando a reencontra, ou quando a verdade sobre ela é revelada, apesar do desapontamento que o atinge e do seu desinteresse em reencontrá-la carnalmente, João de Melo renuncia a uma vida normal, a um amor tranquilo e equilibrado que entretanto encontrara com outra mulher, para se entregar à quimera de Alfreda. As histórias que acabam bem não fazem história; mas alguns episódios obscuros e mal resolvidos marcam-nos para sempre. Além da história central do livro, destaquem-se ainda a relação do protagonista com Pips, o seu amigo homossexual inglês, e a relação apaixonada que mantém com o mundo dos livros e com a sua cidade do Porto.

Teatro Rápido | Programação TR Fevereiro – POR AMOR

TRNo mês em que se comemora o Dia de São Valentim, o Teatro Rápido oferece-lhe quatro peças de 15 minutos para ser apaixonar. Sob o tema de Por Amor, tudo aqui vai ser permitido. Porque ninguém gosta de estar sozinho, porque todos sonham em encontrar a outra metade da laranja. O problema é quando os sonhos se tornam realidade. Sim! Porque às vezes os sonhos concretizados revelam ser o maior problema…

Tiago Torres da Silva volta a escrever e encenar no TR, desta vez com os atores Fernanda Neves e João Passos. Assinalamos também o regresso de Ana Saragoça enquanto autora do texto que Rosa Villa encena e interpreta ao lado de Hugo Costa Ramos. O TR recebe em estreia Cristina Areia com encenação de João Ricardo e Lídia Muñoz pela mão de Miguel Graça. Um leque de nomes a não perder!

SALA 1 – Onde é que julgas que vais

Horário das sessões: 18h00 | 18h30 | 19h00 | 19h30 | 20h00

quinta a segunda | M/12 | 3€

Autoria, encenação e cenografia: Tiago Torres da Silva

Interpretação: Fernanda Neves e João Passos

Fotografia: Inês Torres da Silva

SALA 2 – Não sou eu, és tu

Horário das sessões: 18h05 | 18h35 | 19h05 | 19h35 | 20h05

quinta a segunda | M/16 | 3€

Texto: Ana Saragoça

Encenação: Rosa Villa

Interpretação: Hugo Costa Ramos e Rosa Villa

Cartaz: Luís Covas

SALA 3 – Goodbye

 

Horário das sessões: 18h15 | 18h45 | 19h15 | 19h45 | 20h15

quinta a segunda | M/16 | 3€

Texto: José Pinto Carneiro

Dramaturgia e Encenação: João Ricardo

Interpretação: Cristina Areia

Instalação Cenográfica: João Ricardo / SP Televisão

Design Gráfico: Inês Gois

Execução de Figurinos:  José Graça

SALA 4 – Onde é que estavas quando te vi pela última vez

 

Horário das sessões: 18h20 | 18h50 | 19h20 | 19h50 | 20h25

quinta a segunda | M/12 | 3€

Texto e Encenação: Miguel Graça

Interpretação Lídia Muñoz

PARA A INFÂNCIA aos Sábados e Domingos de Manhã:

SALA 4  – Pequenas Propostas Para Ti # Maior

Horário das sessões: 11h30 | 11h55 | 12h20

sábados e domingos | M/4 | 3€

Encenação: Yola Pinto

Interpretação: Carla Carreiro Mendes e Tiago Ortis

Espaço Sonoro e Vídeo Divulgação: Pedro Moura

Apoio à Instalação Cénica: Joana Ratão

Desenho de Luz:  Paulo Santos

Fotografia: Sofia Ferreira

Produção: Gato que Ladra

No TR BAR

Dia 15 de Fevereiro às 22h

Café Improv

Elenco: Duarte Grilo, Fábio Sousa, Nuno Barbosa, Pedro Pereira e Pedro Vercesi.

Direção de Nuno Barbosa

Entrada: 7€ com oferta de imperial

Dia 22 de Fevereiro às 22h

Oásis de Contos de Amor

Sessão de Contos pelo Coletivo Os Inadaptados (M/12)

Entrada: 4€

Contadoras:  Ana Lúcia Santos, Ana Luisa de Oliveira e Eva Barros

Dia 23 de Fevereiro às 22h

Regra de 3 Simples

Concerto de Covers de Música Portuguesa

Entrada: 6€

Voz: Diana Afonso

Piano: Joana Tavares

Guitarra: Pedro Santos

Dia 24 de Fevereiro às 16h00

Tertúlia Rápida

Moderadores: Joana Sousa e Mário Pires

ENTRADA GRATUITA

 

Aniversário de Sebastião Salgado

sebastiao-salgadoSebastião Ribeiro Salgado Júnior é um fotógrafo brasileiro reconhecido mundialmente por seu estilo único de fotografar. Nascido em Minas Gerais, é um dos mais respeitados fotojornalistas da atualidade. Wikipedia
Nascimento: 8 de fevereiro de 1944 (69 anos), Aimorés
Prêmio: Prêmio internacional da Fundação Hasselblad

Filomena, a famosa Leontina

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Em homenagem a Fabi, Renata, Desireé, Bianca, Camila e Sueli

Leontina ― eis o verdadeiro nome da empregada Filomena. Pobre Leontina… Infeliz a hora em que foste franca! Infeliz, Leontina, é o mundo em que vivemos.

Pobre Leontina… Que é feito de ti? Imagino-te noutra casa: novo emprego, nova família. Imagino-te quieta, soturna talvez, sabendo a rotina de teus novos patrões, entreouvindo a conversa de tua nova patroa. Mas calada. Sem dar um pio.

Pobre Leontina… Teu destino não é mais triste que o de Perséfone, nem mais inesperado que o de Eva.

Leontina, teu destino é o de todos nós.