Boris Johnson, Brexit, Mentiras e Gravações Carlos Matos Gomes

(Com um apontamento ao filme Doctor Strangelove, a Peter Sellers e a Kubrick)

A internet tem também as suas vantagens — desvantagens para os aldrabões. Boris Johnson é hoje um afadigado caixeiro viajante a promover os interesses dos Estados Unidos na Ucrânia, como Blair o foi na invasão americana do Iraque.

http://www.voteleavetakecontrol.org/key_speeches_interviews_and_op_eds.html

O produto que Johnson se esfalfa por vender é a entrada da Ucrânia na União Europeia, isto tendo ele sido um dos mais entusiastas ativistas da saída do Reino Unido da UE. O que não servia para o Reino Unido serve e bem para a Ucrânia!

É evidente que a saída do Reino Unido da EU fazia parte da estratégia dos Estados Unidos de barragem de criação de um novo espaço político, económico e militar, de enfraquecimento da EU e da sabotagem de qualquer reforço da ligação da União à Rússia. É evidente que a entrada da Ucrânia na UE serve os propósitos dos Estados Unidos, que à custa dos ucranianos, enfraquecem a UE e dinamitam o estreitamento de relações desta com a Rússia.

Para cumprir a sua missão de sapador, Boris Johnson, como Blair, presta-se a todos os trabalhos sujos. Mente, desdiz-se e, tanto quanto se sabe, ainda se diverte em parties no gabinete.

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Brexit | Irlanda alerta Londres para ação prejudicial nas relações com UE | in Lusa

O primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, alertou hoje em Estrasburgo que qualquer ação do Reino Unido para alterar unilateralmente o estatuto pós-‘Brexit’ da Irlanda do Norte seria “profundamente prejudicial”.

Num discurso no Parlamento Europeu, Martin condenou a intenção de o Governo britânico legislar para contornar a obrigatoriedade de controlos aduaneiros e burocracia adicional a bens que circulam entre o Reino Unido e a Irlanda do Norte. 

“Qualquer ação unilateral para rejeitar um acordo solene seria profundamente prejudicial, marcaria um ponto baixo histórico que apontaria para um desrespeito dos princípios essenciais das leis que são a base das relações internacionais. E não beneficiaria absolutamente ninguém” vincou.

O chefe de Governo irlandês defende “maneiras de melhorar a operacionalidade do protocolo”, mas considera que Londres só tem feito esforços de má-fé para enfraquecer um tratado ao qual aderiu livremente, o que lamenta.

“Em vez de criar uma atmosfera construtiva, vimos tentativas de bloquear acordos ou introduzir novos problemas”, criticou.

A Irlanda do Norte é a única região do Reino Unido que partilha uma fronteira terrestre com um país membro da UE, a República da Irlanda, o que implicou atenção especial durante o processo de saída britânica da União Europeia (UE).

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Brexit | Se todos querem que dê desgraça, assim será | Francisco Louçã

O desastre do Brexit não estava escrito nas estrelas, é antes o resultado de uma meticulosa construção em que nada foi deixado ao acaso. Começou pela intriga partidária, Cameron queria arrumar o Partido Conservador e prometeu o que não tencionava cumprir, até que uma inopinada maioria eleitoral o obrigou ao referendo. Aí chegado, pediu à Comissão Europeia a facilidade de incumprir normas dos tratados para mostrar músculo contra os imigrantes europeus e levou o que queria. Armado de demagogia contra a ameaça da vinda de trabalhadores, chegou à noite da contagem dos votos confortado pelas sondagens, mas amanheceu derrotado. E foi então que a intriga se adensou.

Vingança

Demitido Cameron, chegou May e a sua história conta-se em poucas palavras: foi a eleições para se reforçar e acabou minoritária e pendurada numa aliança com os unionistas irlandeses, e com um Labour renascido com Corbyn, um crítico das políticas liberais europeias que não lhe facilita a vida. A partir daí, foi uma penosa negociação em que a diplomacia britânica, tida como profissional, se afundou e descobriu que ninguém lhe dava a mão. May foi humilhada e despachada para fora da sala, ficando a saber o que é o bullying em versão bruxelense. A lição é esta: com a Suíça, com a Noruega, até com a Irlanda depois do seu referendo, com o Canadá, a negociação é para um acordo, com o Reino Unido é uma punição.

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Brexit, projeto europeu e interesses de Portugal | Pensar Portugal

brexit-2 - 200A decisão do Reino Unido (RU) de abandonar a União Europeia (UE) constitui um acontecimento que irá marcar de forma indelével o futuro do processo de integração europeia e colocar desafios cruciais a Portugal. Propomo-nos centrar a atenção no impacto do BREXIT na UE, referindo-nos ao que pensamos poderá vir a ser uma das respostas mais prováveis a essa saída, à posição que Portugal deve assumir face a essa hipótese e a algumas atitudes de curto prazo.

 

BREXIT, circunstâncias em que ocorre e consequências para a UE

 

O referendo do RU acontece num período em que três crises sucessivas já tinham corroído a confiança e a adesão ao projeto europeu em vários Estados-Membros (EM). Referimo-nos à crise das dívidas soberanas na zona euro, à crise em torno do acordo de associação da Ucrânia à UE e à crise dos refugiados.

 

Todas elas foram desencadeadas depois de 2010, num contexto em que a UE foi das macro-regiões mundiais com menor crescimento na última década, perdendo competitividade e revelando-se incapaz de reduzir significativamente o nível de desemprego, em particular da sua população juvenil, não obstante dispor de um vasto mercado interno, encarado pelos Estados Membros (EM) como condição necessária para crescer na fase de globalização.

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