“Revolução Social”, Diz Junker

“Não excluo a possibilidade de uma revolução social”, declara Jean-Claude Junker, ontem à margem do chamado Conselho Europeu. O primeiro-ministro do minúsculo Luxemburgo percebeu que a sua principal arma é a palavra, para dizer aquele óbvio que outros têm medo de assumir. Junker tinha, há dias, explicado aos alemães, através da Der Spiegel, que na Europa “os demónios da guerra estão apenas a dormir” e que a actual política imposta à Europa os pode acordar a qualquer momento. Ontem, alertou para a possibilidade de uma “revolução social”.

Junker tem razão e parece o único dirigente europeu a que ainda resta inteligência, lucidez e alguma coragem para falar. Mas, no que diz, não vai até ao fim dos seus raciocínios. O discurso dominante, o da chamada política “neo-liberal”, fechado numa matriz muito pobre e incapaz de integrar factores determinantes da vida política, esquece o essencial. Que Junker agora recordou. E é irónico que seja o “ortodoxo” Junker a fazê-lo. Ele tem mesmo de estar muito assustado com o andamento das coisas para tomar iniciativas deste tipo…

A política imposta por Berlim/Bruxelas aos Estados da Europa (e que só contempla os interesses nacionais da Alemanha e de um ou outro aliado de ocasião) está a ter consequências incontroláveis. Uma bem óbvia é a da ruptura do “contratro social” em sucessivos Estados da orla marítima e que começa também a manifestar-se em Estados mais continentais e tidos como mais ricos. O fenómeno, que começou na Grécia e atingiu pontos irreversíveis em Portugal e Espanha, já atingiu a Itália, como as últimas eleições mostraram. E, em França, a posição de Hollande nas sondagens, as decisões dos sindicatos e ascensão de Marine Le Pen deixam claro que a contaminação já aconteceu.

Ora, enquanto a questão da ruptura do “contrato social” só tocasse a gregos e portugueses, a pequenos países e economias sem peso, Berlim/Bruxelas não tinha de se inquietar e podia gerir o “drama” sem quaisquer preocupações. Mas quando o “contrato social” se rompe em Espanha, esgaça em Itália e ameaça a França, outro galo canta… As Merkels da Europa ficam sem saber que fazer e os Junkers assustam-se. O Verão de 2013 ameaça ser bem quente no continente europeu. Para nós, será a última oportunidade, antes de nos esmagarmos no fundo do abismo, de salvar a nossa Pátria e mantermos alguma dignidade. De anos de aperto já nada nos pode salvar, mas que sejam, ao menos, por algo que valha a pena e não para encher os cofres da banca alemã.

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