12) – C19 Upshot | O que mudou num mês? Não há dinheiro | Paulo Querido

Tiago Freire, Exame // O que mudou num mês? Não há dinheiro. Não sei se o governo subestimou os custos desta travagem, para as empresas e para os cofres do Estado (por exemplo com a magnitude do recurso ao layoff simplificado). Provavelmente esperaria uma ação solidária europeia, com meios que ajudassem neste momento absolutamente extraordinário, algo que o bom senso poderia razoavelmente prever. O problema é que o bom senso não é há muito critério para a atuação da União Europeia. Ao fim do dia, e por mais floreados que o esforçado Mário Centeno faça, da Europa veio uma mão-cheia de nada, e mesmo assim arrancada a ferros.

O que se passa? Sujeito à pressão contínua de múltiplos actores do comércio, indústria e restauração, completamente parados desde o início do confinamento obrigatório do Estado de Emergência, o Governo Português prepara-se para lançar um plano de reabertura da economia, quando, há poucas semanas, deixava (pouco) implícito que estaríamos confinados, para nossa segurança, durante largas semanas. O que mudou?

Como mexe comigo? Uma reabertura da actividade económica sem a correspondente injecção de confiança no futuro económico – e as medidas de apoio e protecção neste momento disponíveis têm-se focado na minimização dos danos, e não no relançamento da economia – pode levar-nos a uma situação anacrónica: as pessoas saem para a rua, multiplicando contactos, sem com isso gastarem o seu dinheiro em produtos ou serviços, uma vez que a incerteza sobre o futuro não diminuiu. O (indesejável) resultado, neste cenário, resumir-se-ia a uma multiplicação de novos contágios sem que a reabertura tivesse produzido os efeitos económicos desejados. Esperemos não ser o que o futuro nos reserva.

Escolha e notas de Hugo Pinto
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François Godement, Institut Montaigne // Digital Tracing or Repetitive Lockdown: French Citizens, You’ll Have to Choose A rapid identification of emerging or re-emerging chains of contamination is imperative. The problem of ending the quarantine and resuming normal life is therefore inseparable from the issue of digital tracing.

Sumário. A utilização de aplicações está na ordem do dia. Este artigo estabelece comparações entre algumas apps de rastreamento lançadas em Cingapura, Taiwan, Japão, Coreia e Hong Kong. E procura listar as salvaguardas que o público deve exigir aos seus governantes caso estes optem por políticas de rastreamento.

Onde mexe comigo? A monitorização dos passos e dos comportamentos dos cidadãos é um dado adquirido, embora ainda mal percepcionado pelos cidadãos, em grande medida porque a informação sobre as aplicações oscila entre a ausência (responsáveis estão calados), a má (imprensa sensacionalista, políticos) e a exagerada ou deslocada (watchdogs e organizações de defesa dos dados pessoais). Se querem lançar políticas aceitáveis de rastreamento, que podem de facto ser úteis para lidar com o COVID-19, é imperativo que governos e big tech façam mais para recuperar a confiança do público antes do lançamento. O pior seria acabar com os direitos sem ter os benefícios desses aplicativos por causa da baixa adoção. É hora de começar um debate democrático adequado.

Escolha e notas de Paulo Querido
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Vanda Marques, Sábado // Ensino invade espaço familiar “Sou psicóloga, mãe, e sei que dois meses de ensino em 12 anos que o meu filho vai ter pela frente, não vão fazer diferença. Agora a pressão e o stress de ter a escola a invadir a família terá consequências. Tinha feito uma petição, antes disto começar, porque já tinha noção do que aí vinha. Acho que se devia suspender o resto do ano e não se deviam lecionar novos conteúdos.”

Sinopse: De repente o medo de se fazer pouco transformou-se no exagero de fazer demais. Professores são profissionais na educação, têm conhecimentos, tempo e espaços próprios para ensinar. Ou tinham, porque de repente temos uma sociedade diferente e os professores perderam o espaço próprio para ensinar, mas continuam com a missão de o fazer. Os pais não têm as mesmas ferramentas dos professores, os meios à distância não deviam ser usados apenas para empurrar o problema, devem ser tratados como uma nova forma de ensino.

Tentativa e erro Apesar deste artigo falar da educação nesta altura diferente, no fundo o problema já existe há algum tempo e é transversal ao resto da sociedade, chama-se transformação digital e ainda poucos estão preparados e até conscientes para a mudança. A altura está a obrigar à transformação, até acertarmos vamos andando de erro em erro.

Escolha e notas de JL Andrade
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Ullrich Fichtner, Der Spiegel // The Dawn of a New Era: A Paradigm Shift Accelerated by the Coronavirus Even before the arrival of COVID-19, humanity found itself stuck in several crises at once. The current shock delivered by the coronavirus could accelerate a paradigm shift that was already underway. It may result in a better and more sustainable world.

O que se passa? A pandemia de COVID-19 parou o mundo, e vai colocá-lo em pausa, ou au ralenti, durante os próximos meses. Este Cisne Negro, que definirá o início da década, e marcará uma nova consciência ocidental sobre as incursões do Homem nos ecossistemas e fauna cada vez mais pressionados, e as oportunidades de contaminação que daí resultam, pode ainda assim ser o catalizador de mudanças positivas na nossa sociedade, no sentido da utilização mais racional dos recursos ao nosso dispor, e de um futuro mais sustentável.

Como mexe comigo? A “reabertura das economias”, como tem sido divulgada pelos múltiplos governos, esconde a falsa promessa de que “vai ficar tudo na mesma” – não vai. Vamos ter menos recursos à disposição, menos mobilidade, e menos liberdades – e esperemos que seja apenas até ao verão de 2021 ou quando surja uma vacina, sob pena de estarmos a criar e alimentar um potencial monstro Orwelliano de vigilância permanente. Todavia, teremos também aqui a oportunidade de nos refazer como sociedade – com mais exigência entre todos – moral e económica – sobre como viveremos não apenas os próximos meses, mas os próximos anos.

Escolha e notas de Hugo Pinto
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3 especialistas, The Conversaaerttion// IATA estimates that the global industry will lose US$252 billion in 2020. Many airlines are cutting up to 90% of their flight capacity. Some climate activists have welcomed the emptied skies, pointing to the dramatic fall in carbon emissions. But others worry that the bounce back and attempts to take back some of the losses might mean that an opportunity for fundamental, sustained change may be missed. ler ☞

John Timmer, Ars Technica// Most of the optimistic ideas about what to do about SARSCoV-2 involve engineering the virus’s extinction. (…) Or, in an ideal world, we could develop herd immunity using an effective vaccine. Unfortunately, there are reasons to be worried that none of these will work. Tracing the contacts of infected individuals may be impossible with a virus that spreads as easily as SARSCoV-2. ler ☞

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  1. 💰 Banco de Portugal: Economia numa imagem. As maiores reduções no pessoal efetivamente a trabalhar devido ao COVID-19 estão associadas ao layoff simplificado (link)
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  5. 📊 Dashboard Interativo – Evolução do Covid-19 em Portugal e no mundo (link)
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