“Não não existe democracia com algoritmo” | Entrevista com Francisco Louçã

No seu último livro, o economista e professor catedrático no ISEG analisa como as redes sociais e as novas tecnologias podem ser poderosos instrumentos de condicionamento da liberdade humana e garante que “Não é possível perceber o ascenso da extrema-direita hoje sem o papel das redes sociais”.

Muito mais que um terço da humanidade frequenta o Facebook, um número muito superior de pessoas se englobarmos todas as outras redes sociais. É impossível perceber a sociedade actual sem entender os efeitos dessas novas realidades tecnológicas e sociais nas nossas vidas. Segundo o autor, vivemos um sociedade de medo. Tornamo-nos cobaias do maior espaço social que existe, com a plataformização do trabalho, a vigilância de dados e a sua comercialização. Francisco Louçã aproveitou o confinamento para ler sobre a erupção das redes sociais e as suas implicações na política e na vida, criando uma espécie de ditadura do presente que esmaga o futuro e ignora o passado. Desse trabalho, resultou o livro: “ O Futuro Já Não É o que Nunca Foi, uma Teoria do Presente”.

As redes sociais e as mutações que elas implicam não são a sua área de trabalho habitual?

Sim, mas é uma preocupação crescente, acho que vamos entrar num período muito complicado e perigoso.

Para esse alerta é importante a saída de livros como o “Capitalismo de Vigilância” de Soshana Zuboff?

Já tinham saído uma série de trabalhos antes desse livro, antes de chegar ao “Capitalismo de Vigilância”. Apesar de não partir de uma análise de classes é um trabalho é muito interessante.

Continuar a ler

Doce Certeza | Florbela Espanca

Por essa vida fora hás-de adorar

Lindas mulheres, talvez; em ânsia louca,

Em infinito anseio hás de beijar

Estrelas d´ouro fulgindo em muita boca!

Hás de guardar em cofre perfumado

Cabelos d´ouro e risos de mulher,

Muito beijo d´amor apaixonado;

E não te lembrarás de mim sequer…

Hás de tecer uns sonhos delicados…

Hão de por muitos olhos magoados,

Os teus olhos de luz andar imersos!…

Mas nunca encontrarás p´la vida fora,

Amor assim como este amor que chora

Neste beijo d´amor que são meus versos!…

Florbela Espanca, in “A Mensageira das Violetas”

Retirado do Facebook | Mural de Emilia Roque

Insubstituíveis e heróis circunstanciais | Carlos Matos Gomes

Jorge Sampaio deixou um exemplo. Um exemplo de santidade ou martírio? Não: um exemplo de decência!

Os cemitérios estão cheios de insubstituíveis. É uma frase feita para querer significar que nem nos devemos dar demasiada importância, nem aos outros, porque o mundo seguirá a sua marcha, independentemente dos nossos trabalhos, preocupações e esforços.

A frase é feita e, como falácia, contem verdade e não a verdade. A questão não é a dos insubstituíveis. A questão é a de que não existimos para nos substituir uns aos outros, mas sim para nos continuarmos, seja por evolução, seja por rutura. Nesse sentido, somos como os corredores de estafetas: tem de existir alguém que, terminado o nosso percurso, pegue no testemunho e prossiga a prova. Ou que parta para outro destino e por outra pista!

Continuar a ler

Top 10 “Must Know” Opera Songs

Prima Donna

This is just my selection of the top ten “must-know” opera songs for newcomers to the genre (or lovers of opera who want to listen to a couple of classics).

10. Una Furtiva Lagrima – from l’Elisir D’Amore – featuring Luciano Pavarotti (0.00)

9. Vide Cor Meum – from Hannibal – featuring Danielle Di Niese & Bruno Lazzaretti (4.48)

8. Un Bel Di Vedremo – from Madame Butterfly – featuring Maria Callas (8.40)

7. Duo des Fleurs (Flower Duet) – from Lakmé – featuring Sabine Devieilhe & Marianne Crebassa (13.20)

6. Libiamo, ne’ lieti calici – from La Traviata – featuring Juan Diego Flórez & Diana Damrau (17.52)

5. La Donna è Mobile – from Rigoletto – featuring Luciano Pavarotti (21.01)

4. Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen (Queen of the Night Aria) – from Die Zauberflöte (The Magic Flute) – featuring Diana Damrau (23.48)

3. Habanera – from Carmen – featuring Anna Caterina Antonacci (26.50)

2. Nessun Dorma – from Turandot – featuring Luciano Pavarotti (28.59)

1. O Mio Babbino Caro – from Gianni Schicchi – featuring Maria Callas (32.05)

SOUÂD KEDRI | LIBERTÉ | Entretien

La musique, la littérature, le cinéma, les arts visuels et les jeux nous permettent de réfléchir notre humanité, de consolider notre solidarité et d’imaginer la période post-pandémie.”

Liberté : La crise sanitaire a complètement bousculé le monde culturel en Algérie. Elle a aussi pesé lourd sur les artistes et les entreprises artistiques. Quel point de vue apportez-vous sur cette situation ?

Souad Kedri : La Covid-19 a mis sous cloche toute l’humanité. Pour faire face à la monstruosité et à l’horreur de cette pandémie, l’homme a été contraint à l’isolement social, à l’enfermement et à la crise économique. En somme, le virus a imposé à l’homme un nouveau mode de vie. Cette pandémie a impacté plusieurs secteurs, tout particulièrement le secteur culturel. En Algérie, quand a éclaté la crise sanitaire en mars 2020, on a tout arrêté (report des activités culturelles et fermeture des organismes culturels). 
La pandémie a donc pesé lourd sur ce secteur, en général, et les artistes, en particulier. Aujourd’hui, la recrudescence de la Covid-19 a mis encore une fois en quarantaine le secteur culturel afin de protéger les citoyens et d’endiguer la propagation du virus. La situation sera donc difficile du côté des cinémathèques, des théâtres régionaux, des galeries, plus difficile encore pour les associations et les coopératives culturelles. 
Encore une autre rude et dure épreuve pour les artistes, et c’est une situation qui peut s’installer pour quelques années. La pandémie est une évidence et l’impact est difficile à mesurer. Malheureusement, c’est le blocage de toutes les activités culturelles qui prend le pouvoir à chaque recrudescence de la Covid-19. Avec l’absence d’un plan de sortie de crise, dans ce secteur, qui doit lier avec force culture et pandémie, les arts et les artistes ne se relèveront pas aussi facilement demain. 

Continuar a ler

Arts et crise sanitaire | Un éternel retour à la case départ | Souâd Kedri  

En cette période de crise sanitaire, l’art peut être une bouffée d’air frais face l’asphyxie omniprésente que nous impose la pandémie. Il n’est donc pas à sous-estimer. L’homme a besoin de l’art et de ses effets empathiques, éthiques et thérapeutiques. L’art contribue au bonheur, à la paix, à l’enrichissement intellectuel, au développement personnel et à la résilience pour voir les limites de notre courage et notre volonté à dépasser toute épreuve difficile. En somme, c’est un moyen d’une fin jugée bonne et utile, il constitue un réel apport pour l’épanouissement de l’individu en société.

L’art sert à se laver l’âme de la poussière de tous les jours disait Pablo Picasso. Et en ce moment de vide, de peur et de panique collective, comment peut-on utiliser les arts à bon escient ? Les arts peuvent adoucir notre quotidien marqué par les incertitudes de par leurs fonctions empathiques, éthiques et de cohésion sociale ne serait-ce que sur le plan virtuel. La musique, la littérature, le cinéma, les arts visuels et les jeux nous permettent de réfléchir notre humanité, de consolider notre solidarité et d’imaginer la période post-pandémie. L’art, c’est le plus court chemin de l’homme à l’homme, rappelait André Malraux.

Continuar a ler