10 de junho de 2022

Ashish Shukla é um autor indiano de geopolítica e terrorismo que administra um site de notícias sobre relações internacionais, o Newsbred.

O Ocidente é forçado a negociar com a Rússia após três meses da intervenção deste na Ucrânia para se livrar dos Ukronazis e dos passos rastejantes da OTAN em suas portas.

Francamente, não há outra opção para West.

Não pode forçar um confronto com a Rússia, apesar de bilhões de ajuda e fornecimento de armas para Kiev, pois, se o fizer, Vladimir Putin fecharia as torneiras de petróleo e gás para a Europa, o que mergulharia o Velho Continente na escuridão, carros em garagens, modo de transporte para trilhas enferrujadas etc.

Isso forçaria os gigantes manufatureiros como BMW ou Bayer a fechar ou se localizar fora da Europa, de qualquer forma causando um desemprego maciço e agitação pública que forçaria mudanças de regime de Berlim a Paris a Genebra, o que você quiser.

A Europa não está em posição de se livrar do suprimento de energia da Rússia. A mistura típica de diesel que a Rússia fornece e para a qual as unidades de processamento da Europa são orientadas para isso não pode ser substituída da noite para o dia.

Mesmo que o Ocidente tente, e está tentando, o Oriente Médio como Catar ou Omã não pode compensar o déficit de quase 40% da necessidade energética da Europa se a Rússia fechar a torneira amanhã.

Além disso, por que o Oriente Médio daria as costas a seus clientes tradicionais e mudaria para novos clientes europeus, pois o excesso de oferta de petróleo e gás tem seu próprio custo: e se o cliente tradicional mudar em massa para a Rússia nesse meio tempo?

E isso não é tudo. Onde estão os navios-tanque ou a logística de transporte e armazenamento, para não dizer os novos trabalhadores qualificados – e tecnologia – que seriam necessários para tornar a energia da Rússia menos viável para os europeus?

Como está, o custo da energia triplicou na Europa, que continua a comprar petróleo de Grazprom na ordem de US $ 200 milhões por dia, e também em rublos, a moeda que eles desejavam destruir ao atrair o urso russo para a Ucrânia .

Agora o Rubles está melhor do que nunca, depois de inicialmente cair para centavos em relação ao dólar americano – saltou 40% em relação ao dólar desde janeiro – e a dor das sanções econômicas está começando a ser sentida nas capitais ocidentais. A inflação está subindo e a agitação popular está se formando.

Os preços da energia na UE e nos Estados Unidos atingiram o máximo de 40 anos; recessão está olhando nos olhos; as linhas de abastecimento afundaram, a escassez de alimentos é gritante e os preços do petróleo estão disparando.

Enquanto isso, o superávit em conta corrente para a Rússia este ano pode ser de US$ 250 bilhões, o que seria mais que o dobro dos US$ 120 bilhões medidos em 2021. Somente com as vendas de gás, a Rússia pode ganhar um recorde de US$ 100 bilhões de países europeus em 2022, já que os preços da energia subiu dolorosamente alto e suas vendas de gás seriam quase o dobro do ano passado. E tudo isso sem levar em conta os lucros da venda de outras commodities russas, como petróleo, carvão e outros minerais.

O que Putin quer

E essa situação não vai mudar pelo menos até o final do ano, quando Putin seguraria todas as cartas e pressionaria com sua antiga demanda da OTAN voltando ao nível de 1997.

Esse foi o ano em que o Ocidente garantiu repetidamente à Rússia pós-União Soviética que a OTAN não se expandiria para o leste, mas o fez completamente de outra forma, na medida em que dos 27 estados da União Europeia (UE), 21 estão na OTAN hoje.

A Rússia não esconde o que quer: que a OTAN retorne aos níveis de 1997 e uma segurança coletiva esteja em vigor para as nações do continente europeu.

Em vez disso, o Ocidente escolheu atrair a Rússia para a Ucrânia com agulhadas constantes, enquanto Moscou repetia que interviria militarmente, o que fez. Colocado no lugar da Rússia, os Estados Unidos permitiriam que seus bairros de Cuba, Nicarágua, etc., fossem armados até os dentes com plataformas de lançamento de mísseis nucleares? NÃO.

É por isso que eu disse que West agora está procurando um acordo e o apelo por negociações agora seria manchete na grande mídia, cativo como é para seus mestres ocidentais.

A verdade é que as sanções falharam e, em vez de rublos, são os dólares que estão perdendo sua hegemonia no mundo.

Os países agora estão negociando em moedas mútuas e, antes do final do ano, a Rússia teria lançado um sistema de câmbio baseado em commodities que ressoaria em todo o mundo.

Os dólares americanos, apoiados por instituições globais multilaterais, seriam contornados pelo mundo por dois motivos: um, por que confiar em uma moeda que já está em um tipo de dívida que não poderia pagar; e dois, quem pode confiar em uma superpotência que uma bela manhã poderia confiscar seus ativos e reservas com os bancos ocidentais?

A verdade é que as sanções ocidentais falharam; Rublos da Rússia está em saúde rosa; e a Ucrânia se desintegrou. Não há sinal de um levante popular em Moscou que o Ocidente esperava para se livrar de Putin. De fato, o homem forte russo detém todos os ases atualmente.

A única medida para salvar a face, como eu disse, é que o Ocidente negocie um acordo entre Kiev e Moscou. Mas eles perderam o momento. A Rússia está vencendo a guerra e não há como o Ocidente impedir isso. Essa é a verdade feia.

Dado como a Ucrânia-2 poderia surgir na fronteira da Rússia em uma década, a Rússia não se contentaria com nada menos do que a OTAN de volta aos níveis de 1997. Quanto aos territórios cedidos sob a forma de Crimeia, Donbass e aqueles com acesso ao Mar Negro, a Ucrânia pouco pode fazer a não ser aceitar que foi reduzido a uma faixa de terra.

Tem sido um desastre todo o caminho para eles. E o Oeste.