Nova Teoria do Mal

Este livro, segundo o seu autor, tem origem numa revolta: “a revolta moral contra o estado de vida degradado, autenticamente terceiro-mundista, de mais de 2 milhões de habitantes de Portugal; Não podia encarar grande parte da classe política que nos governa desde meados da década de 1980 sem encontrar nos seus olhos, na sobranceria das suas atitudes, na prepotência das suas leis (extorquindo dinheiro à população, favorecendo os que mais o têm), no ar enfastiado e enfatuado com que no estrangeiro se referem ao povo português, culpando-o de um atraso cuja responsabilidade só às elites pertence, sem detectar neste conjunto de atitudes uma visível tendência para o mal, um genuíno prazer no mal que iam cometendo lei a lei.” (pág. 13)

Tal como a vida “não nasceu contra o caos, mas sobre o caos” (pág. 109), é natural que esta revolta também nasça sobre a desagregação da nossa sociedade, sobre este amortecimento português sem um aparente desígnio de maldade.

Homens normais, sem aleijões psíquicos, entorses sociais de infância ou traumas psicanalíticos, subscrevem políticas que lançam populações inteiras na miséria ou limitam o tratamento a doentes que se podiam salvar e dessa forma vão morrer porque o país está em dificuldades económicas. Como entender esta “banalidade do mal”?

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Carlos Matos Gomes comenta in “Facebook” | Ulrich: “Se os sem-abrigo aguentam porque é que nós não aguentamos?”

Mussolini and Pavelic |1941

Mussolini and Pavelic |1941

O aguenta-aguenta anda a brincar com o fogo! Mesmo os grandes criminosos da História tinham consciência de que as suas falhas de caráter, de sentido de pertença à humanidade, as suas filhas da putice, em suma, deviam ser embaladas ou disfarçadas. Umas vezes justificavam os seus crimes com a religião, de outras com a pátria. Raramente ousavam afirmar que era a cupidez que os fazia matar, que se deleitavam com a miséria do seu povo. O sadismo foi sempre considerado uma aberração. Este aguenta-aguenta é um doente mental. Começa por ter a pesporrência dos ignorantes: o sofrimento individual é, por natureza, diferente do sofrimento de uma sociedade. O facto de, numa dada sociedade, existirem seres com capacidade para suportar elevados níveis de provação, de dor, não faz dessa sociedade uma sociedade de estóicos, como o aguenta aguenta julga. Faz, quase sempre, dessa sociedade, uma sociedade de revoltados. Os neo-liberais, que deixaram de considerar as sociedade constituídas por seres humanos, para os incluirem na categoria de clientes, de consumidores, de “targets”, dão aberrações como este aguenta aguenta quando, fiados na impunidade de meninos da mamã, decidem dizer em voz alta o que ouvem em casa. A maezinha do aguenta-aguenta devia dizer às criadas que também deviam aguentar o trabalho sem regras nem horários, que deviam aguentar-se com os restos das refeições dos patrões, com a vida no tugúrio da cave ou do sótao. É disto que este aguenta-aguenta está a falar: de desprezo!

Carlos Matos Gomes in “Facebook” 

Federico Patellani

(b Monza, 1911; d Milan, 1977). Italian photographer and painter. He studied law before becoming a painter, and he was associated with various artistic movements in Lombardy, in particular the Chiaristi group, which was close to the avant-garde critic Edoardo Persico. Patellani took up photography in 1935, the same year in which he served in the war in East Africa. His first photographs were published in the Milanese newspaper L’Ambrosiano. In 1939 he became part of the team of photographers on the weekly magazine Tempo, which was inspired by the first great international illustrated magazines, in particular Life. Here, he devised the fototesta, an innovative way of presenting news stories using a large number of photographs with a few brief captions, the story thus being told mainly through images, with the photographer as narrator. This was the first time in Italy that the photographer was considered as an intellectual in his own right and not simply a subordinate craftsman.

http://www.answers.com/topic/federico-patellani-2#ixzz2JZxVcFG9 … (FONTE)

silvana mangano

silvana mangano