Guerra na Ucrânia: a emoção não pode turvar a razão | Lourenço Pereira Coutinho | in Jornal Expresso

A emoção não pode turvar a forma como vemos os russos. É intolerável que se tome a parte pelo todo. A oligarquia que beneficiou e enriqueceu à custa de uma autocracia corrupta é uma coisa, outra, bem distinta, é a esmagadora maioria da população. (…) As notícias de bulling a comunidades russas, o afastamento de agentes de cultura, desportistas e profissionais de outras áreas, e a censura ao canal Russia TV, não podem ter lugar em sociedades humanistas.

Passados mais de dez dias da invasão russa, a prioridade continua a mesma: a guerra na Ucrânia tem de acabar já. A todo o momento morrem pessoas, tanto civis como militares;  cidades e infraestruturas são destruídas e mais e mais ucranianos deixam as suas casas com praticamente nada. É um cenário que acompanhamos ao minuto e que tem mobilizado apoios como antes não se viram em casos semelhantes.

Mas a emoção não pode turvar a forma como vemos os russos. É intolerável que se tome a parte pelo todo. A oligarquia que beneficiou e enriqueceu à custa de uma autocracia corrupta é uma coisa, outra, bem distinta, é a esmagadora maioria da população. Os russos também estão a sofrer, e muito, isto desde os soldados que combatem numa guerra que, provavelmente, não desejaram, até às pessoas de campos e cidades que têm a sua vida paralisada pelas sanções. As notícias de bulling a comunidades russas, o afastamento de agentes de cultura, desportistas e profissionais de outras áreas, e a censura ao canal Russia TV, não podem ter lugar em sociedades humanistas. Excetuando casos de incitamento ao ódio e à violência, a censura é sempre censurável, e a perseguição a pessoas com base na sua origem vai contra tudo o que são os nossos valores comuns.

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Há que acabar com a guerra na Ucrânia. Há que dar uma oportunidade à paz | António Abreu

Há que acabar com a guerra na Ucrânia. Há que dar uma oportunidade à paz para que centenas de milhares de ucranianos retomem as suas vidas.

As negociações de hoje poderão ter garantido a efectividade da resolução de corredores humanitários, já decididos na anterior ronda de negociações. Cada parte acusou depois a outra pela não abertura por razões da segurança.

O mundo espera que ambas as partes garantam o cessar-fogo e tomem as decisões políticas subsequentes para acabar com a guerra já.

Seria desejável que os residentes em cidades cercadas (ou não) possam por sua decisão abandonar as cidades para o número de vítimas da guerra não aumentar de forma significativa.

Seria do interesse dos grandes produtores de armamento que a guerra continuasse para se enriquecerem ainda mais. E para ainda mais terríveis consequências humanas.

Há muito que do ocidente, de catorze países têm sido canalizados para a Ucrânia aviões, mísseis, reforço da qualidade das antiaéreas, meios de precisão e de fogo pesado, formação militar e de sabotagem de cidadãos ucranianos. Este facto e a determinação da outra parte em cumprir os objectivos planeados com a invasão faz recear o arrastamento da guerra.

O pluralismo informativo tem que ser garantido. A manipulação da informação excedeu a que até agora tinha sido feita noutros conflitos.

 O silenciamento de alguns jornais e canais de TV e a quebra de regras de jornalismo básico consolidou-se desde o primeiro dia como a principal arma de guerra.

Por isso teremos que continuar a luta dizendo sim à paz, não à guerra.

Retirado do Facebook | Mural de  António Abreu

CHINA PRESTA AJUDA HUMANITÁRIA À UCRÂNIA E APELA AO DIÁLOGO PARA RESOLVER O CONFLITO | por Global Times, foto Xinhua

A Cruz Vermelha da China fornecerá um lote de suprimentos humanitários de emergência para a Ucrânia o mais rápido possível, disse o conselheiro de Estado chinês e ministro das Relações Exteriores Wang Yi em uma entrevista coletiva virtual na segunda-feira, à margem da quinta sessão da 13ª Assembleia Popular Nacional. em Pequim.

A situação na Ucrânia se tornou o que é hoje por uma variedade de razões complexas, e o que é necessário para resolver uma questão tão complexa é uma cabeça fria e uma mente racional, não adicionando combustível ao fogo que apenas intensifica a situação, disse Wang à coletiva de imprensa.

“A China acredita que quanto mais tensa a situação, mais importantes são as negociações. Quanto maior o desacordo, maior a necessidade de sentar e negociar”, disse ele.

A China está preparada para continuar desempenhando um papel construtivo para facilitar o diálogo pela paz e trabalhar ao lado da comunidade internacional quando necessário para realizar a mediação necessária, observou Wang.

Retirado do facebook | Mural de Carlos Fino

As emoções não podem tolher-nos o sentido crítico | Ricardo Paes Mamede

As emoções tornam-nos humanos. Permitem-nos sentir indignação e solidariedade. Obrigam-nos a entender o que o governo da Rússia está a fazer na Ucrânia como um crime contra a humanidade e a fazermos chegar das formas que pudermos a nossa solidariedade àqueles que sofrem na pele as consequências desta agressão.

As emoções não podem tolher-nos o sentido crítico. É a razão que nos leva a concluir que a Rússia não tem o direito de violar a lei internacional. Que a propaganda do governo russo sobre a inexistência de uma nação ucraniana não é mais do que isso – propaganda para tentar justificar as atrocidades em curso.

O sentido crítico também nos obriga a perceber que a posição dos EUA e das maiores potências europeias é tudo menos desinteressada e inocente. Que não fizeram o que podiam para evitar o acumular de tensões que tornaram esta agressão inaceitável e ilegal mais justificável aos olhos dos muitos que na Rússia sofrem todos os dias na pele com o autoritarismo do seu governo – e que ainda assim têm relutância em condená-lo pela guerra que está a impor à Ucrânia.

Precisamos de indignação contra o governo russo e solidariedade com o povo ucraniano. Isto não tem de – não pode – impedir-nos de acusar os governos dos EUA e da UE de estarem a aproveitar o clima de indignação e de solidariedade para prosseguir os seus interesses económicos e de afirmação de poder, ainda menos quando isso custa a vida a ainda mais ucranianos e o sofrimento daqueles que na Rússia não são responsáveis pelo que o seu governo autocrático faz.

Nesta como em tantas outras guerras, temos de ser capazes de humanidade sem deixar de pensar pela nossa própria cabeça.

Retirado do Facebook | Mural de  Ricardo Paes Mamede