Uma resposta a um amigo ex-mao como eu, aplicada ao JMTavares  (adaptada claro) | por Joffre António Justino

“Esquerda e Direita são as cores com que nós pintamos a casa da Democracia liberal” (JMTavares no público de 22.03.2022)

Que lindo! 

Que romântica Esquerda/Direita/Esquerda/Direita… em linda e colorida marcha entre jardins com flores céus azuis com brancas nuvens ! 

Eis o bucólico mundo sonhado dos que à Direita amansam a Esquerda enquanto ela está no poder ( quando é ela Direita no poder adeus romantismo!) a ver se ela não mexe no essencial que é a) a mentalidade submissa liberal das Pessoas, b) a propriedade que a que conta é privada e de poucas mãos sem pinturas ( negociações salariais com greves etc) sem janelas ( cooperativas educação pública e cooperativa saúde pública e cooperativa habitação pública e cooperativa economia pública e cooperativa finança pública e mutualista segurança social pública e mutualista ) pois ai se se mexeu é p’ra mudar logo logo! 

O problema é que a cantiga do malandro dos JMTavares está a funcionar neste canto do planeta dito ocidental (sabe-se lá face a quê!) e assim se vê tantos juntos tão juntinhos porque dois proto fascios se esgatanham e uns tantos liberais apoiam um (o fraquinho coitado o só a segunda potência da URSS o que esteve com um filho seu no poder soviético – Krutchev – o que teve na mão o definir o culto proletário do inculto – Jdanov – o que criou a central estruturante dos comunistas – Jdanov- ambos enfim ucranianos de dentro do PCUS !) contra o outro o russo de Leninegrado que odeia Lenin e as suas invenções autonomistas quando o justo justo é o czarismo centralista!

Continuar a ler

Para quem acha que, por mau que seja, só há um culpado | Análise de Jaime Nogueira Pinto in (Observador)

Em 1815, no Congresso de Viena, os vencedores da guerra contra o Império napoleónico tiveram o cuidado de não humilhar a França, de fazer de conta que a Revolução e Napoleão eram os únicos culpados dos 25 anos de guerra na Europa, que esses anos de guerra e sofrimento não tinham nada a ver com o povo francês e que a restauração dos Bourbon curava as feridas passadas.

Cem anos depois, os vencedores da Grande Guerra fizeram do Tratado de Versalhes uma paz punitiva para a Alemanha e para o povo alemão, pondo a primeira pedra para o que seria a vertiginosa ascensão de Adolf Hitler.

Em 1945, as políticas seguidas com a Alemanha e o Japão vencidos foram diferentes. A Alemanha ficou dividida, mas como a Guerra Fria começou logo a seguir, soviéticos e ocidentais, depois dos primeiros tempos de brutal ocupação, tiveram o cuidado de tratar bem os “seus” alemães.

A vitória do Ocidente na Guerra Fria resultou da aliança de uma tríade – Reagan, Thatcher, João Paulo II – que, alimentando a resistência polaca, rearmando militarmente e usando o bluff da SDI-Guerra das Estrelas, forçou Gorbachev a “reformar” o sistema, retirando-lhe aquilo que o sustentava – o medo.

Assim, as Repúblicas Soviéticas, usando as suas constituições “independentes”, abandonaram uma estrutura que era mantida pela hegemonia do Partido Comunista e pelo sistema securitário. Porém, uma das preocupações nas negociações finais entre americanos e soviéticos foi a salvaguarda de um certo espaço livre entre as fronteiras da NATO e da Rússia.

O Presidente George H. Bush e os seus colaboradores, especialmente o Conselheiro Nacional de Segurança, general Brent Scowcroft, homens de formação realista, avessos a paixões ideológicas e conhecedores da História e da mentalidade russas, prepararam com toda a cautela o soft landing da URSS, percebendo que um Estado com semelhante poder militar e nuclear tinha de ser respeitado e bem tratado para não dar origem a fenómenos de ressentimento nacional de tipo hitleriano.

Continuar a ler