“Não esqueças o meu nome” | Maria Isabel Fidalgo | Poética Edições

Um nome é uma eternidade mesmo no silêncio,

quando as aves não regressam à árvore e a noite se fecha.

Digo o teu nome, uma sílaba, e uma cascata de luz consubstancia a verdade.

Sal de lume, se te chamo, mais alto que os voos, o teu nome.

Maria Isabel Fidalgo, in “Não esqueças o meu nome”, Poética Edições.

DOIS VÍDEOS | Mujica sobre a guerra na Ucrânia e o “colonialismo intelectual” + Mujica sobre a crise na Ucrânia e a “loucura da guerra”

Em sua videocoluna para a DW, Pepe Mujica fala sobre a guerra na Ucrânia e acusa o Ocidente de colonialismo intelectual devido à repercussão desigual do conflito em solo europeu em detrimento de guerras em regiões periféricas. “O que acontece na Europa é muito mais humano do que o que acontece em outros lugares. Por isso segue existindo um colonialismo intelectual que nos subordina.” Mujica aponta para o impacto global causado pela guerra na Ucrânia e como países que estão muito distantes e não têm ingerência nenhuma sobre o conflito devem sofrer baques econômicos e falências. “A Europa, o mundo, os EUA, não pensaram nas medidas que tomam, nas consequências que têm para muitas pessoas”, disse Mujica. “Quando poderão a Europa e o mundo olhar para o mundo inteiro pelo qual são responsáveis?”

Em sua videocoluna para a DW, Pepe Mujica fala sobre a guerra ser a forma de solucionar conflitos: “Seguiremos na pré-história, com a única diferença de que a barbárie dos homens primitivos parece brincadeira de criança comparada a atual.”

Assim vai a Europa… | Alguns comentários sobre a situação presente | por Carlos Esperança

Enquanto a maior ditadura do mundo, com 140 milhões de habitantes, ganha a guerra na Ucrânia, limitando-se a assistir, a Europa recebe o imperador Biden, que combaterá ao lado de Zelensky até ao último europeu, promovendo a venda de armas do complexo militar-industrial dos EUA e valorizando o gás de xisto e os cereais dos EUA.

Nem sequer os jornalistas lhe censuram a falta de autoridade moral para usar linguagem de almocreve e acicatar a guerra na Europa, destruindo as instituições que genuinamente se batem pela paz, nomeadamente a ONU e o Vaticano, provocando a desorientação dos países e a desordem das consciências, e deixando a fatura para os europeus.

O pensamento único vai regressando à Europa, colocada em estado de estupor, perante a violência da guerra ucraniana, sem estratégia própria, a navegar ao sabor dos interesses geoestratégicos alheios. Putin, que apoiou a extrema-direita europeia, conseguiu destruir a Ucrânia e Rússia, a última à espera de se tornar uma nova Jugoslávia onde o fascismo islâmico se prepara para a desintegrar e criar novos estados fantoches apoiados pelos responsáveis da sua desintegração.

Dizer que nenhuma potência gosta de que lhe ponham mísseis na fronteira, devia ser um truísmo tautologicamente demonstrado, e passou a ser a arma ao serviço do pensamento único, sob meaça de ser um argumento a favor do czar Putin.

A Paz é um mero pretexto retórico para a eliminação do adversário escolhido pela Nato, e o presidente da Ucrânia foi promovido a herói das democracias liberais, mesmo depois de ter proibido os partidos da oposição.

O histerismo com que se veiculam as posições de Zelensky chega ao despautério de exaltar a sua censura ao governo de Portugal por não ser tão belicista quanto desejava, à Nato por ter medo da Rússia e à Europa por não dar pretexto ao holocausto nuclear envolvendo-se diretamente na guerra que procura estender ao Mundo.

A Europa, herdeira do Renascimento, do Iluminismo e da Revolução Francesa, arrisca a desintegração. Os nacionalismos já a corroem, o belicismo dos que não aceitam pagar a fatura da sua imprudência ameaça as instituições democráticas, a extrema-direita anda aí nas ruas, de Lisboa a Kiev, e a Polónia e a Hungria, que tinham suspensos os fundos por desrespeitarem os direitos humanos, já integram o paradigma das futuras democracias, que constroem muros para impedir a entrada de refugiados de tez escura, mas abrem as portas a caucasianos.

Quando aceitamos censura à informação e nos resignamos às verdades únicas, é a ruína dos valores que promovemos, a democracia que pomos em jogo e o futuro coletivo que hipotecamos.

Ninguém se preocupa já com alterações climáticas, com a fome que aumenta em África por cada dia que se prolonga a guerra na Europa, com os refugiados da Síria e do Iémen, com os regimes teocráticos que se multiplicam, com a Turquia na sua deriva islâmica e antidemocrática a forçar a integração na UE, enfim, com a subversão dos valores que nos moldaram e tínhamos por irreversíveis.

O mundo não é a preto e branco e os que resistem são difamados.

Podem calar-nos, mas não nos renderemos.

Carlos Esperança | 27/03/2022

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Esperança

Eu considero Macron o mais esclarecido dirigente da União Europeia. Ficou com as “cartas” de Merkel. | por Carlos Matos Gomes

Eu considero Macron o mais esclarecido dirigente da União Europeia.  Ficou com as “cartas” de Merkel.

Neste caso e após as diatribes de Biden, o presidente francês não podia dizer mais do que disse, lamentar. O lamento traduz várias impotências: a impossibilidade de assumir a servidão europeia e a de ofender o imperador com a verdade.

Resta ler as entrelinhas. Macron sabe, mas não pode afirmar que Biden e os EUA queiram um cessar fogo na Ucrânia.

A ação dos EUA e da família Biden desde 2008 foi e é no sentido de atrair a Rússia e provocar a rutura com a União Europeia. Biden sabe exatamente o que quer e não é um cessar fogo que pretende, mas uma ocorrência que coloque a União Europeia perante uma situação catastrófica que a obrigue a servir os objetivos futuros dos EUA!

Quando a rutura entre a UE e a Rússia estiver consumada, feitos os negócios da energia e do «rearmamento da Europa», os EUA tratarão de passar as responsabilidades e os custos para os europeus e concentrar-se-ão na China e no Pacífico. 

Até lá é altura de impropérios.

Retirado do facebook | Mural de Carlos Matos Gomes

Ucrânia : a derrota da burocracia Euro-Estadunidense (3) A guerra Rússia / EUA começou em 2012 ? O “caso” BRICS! | por Joffre Justino

Amigos meus a maioria das lusas Esquerdas a maioria no campo da família PS e BE defendem a toda a força que sou putinista ( enfim pior que russofilo pior que sovietista) e tudo porque me preocupo em perceber este cenário de “estupida guerra” russo-ucraniana e tirar ilações sobre a mesma

Na realidade há que ver a realidade como ela é e não com rosáceos óculos de ideologias manipuladas como os papparazianos nos impingem nos media ditos “ocidentais”

Vivemos até 24 de fevereiro uma globalização selvática e não democrática mas que permitiu abrir mentes ao outro via o turismo que nos ligou num processo que integrou  biliões de Pessoas algo nunca visto

Não sou putinista nem russofilo mas também não sou ucranianista e garantidamente não tenho qualquer simpatia por Biden Stoltenberg Leyden ou Scholtz mas o mesmo já não digo de Macron e dos que se esforçam por travar a expansão da guerra

Entretanto tenho acompanhado a lenta evolução para a redução do papel do Império único ( à Roma) estadunidense e do dólar que se pode dizer ter surgido em força com o nascimento do Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics que pretende a  multipolarização financeira global

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A atualidade Da Servidão Voluntária, de La Boétie | Agora que o imperador se recolheu à sua Torre | por Carlos Matos Gomes

Agora, que o imperador regressou à capital após a visita aos confins do império, onde as legiões lutam para progredir em direção aos territórios dos bárbaros, acolhido em triunfo e despedido com promessas de servidão e lealdade pelos cônsules locais, recordei o “Discurso da Servidão Voluntária”, escrito em 1600 por La Boétie, companheiro e amigo do filósofo Montaigne. Este, um homem de Estado, de obediências, de ordem, monárquico, adepto de um chefe absoluto, considerou o livro do jovem amigo difícil prefaciar. Hoje em dia é ainda tristemente atual a dificuldade da sua análise. Pelo que vi, vimos, nas cerimónias de receção da Europa ao imperador, o ser humano (pelo menos os dirigentes europeus) aceita como boa medida para viver com alguma comodidade amarrar-se a si mesmo para melhor obedecer a um senhor. Como dizia Manuel J. Gomes, tradutor de La Boétie: Se em 1600 era tarefa difícil escrever um prefácio a La Boétie, hoje não é mais fácil. Hoje como nos tempos de La Boétie e Montaigne, a alienação é demasiado doce e a liberdade demasiado amarga, porque está demasiado próxima da solidão.

La Boétie escreveu, parece-me que com razão e premonição, que a Liberdade é coisa que os homens não desejam; e isso por nenhuma outra razão (julgo eu) senão a de que lhes basta desejá-la para a possuírem; como se recusassem conquistá-la por ela ser tão simples de obter.

E, de seguida, La Boétie avança uma diatribe contra os povos que assim se submetem: Gentes miserandas, povos insensatos, nações apegadas ao mal e cegas para o bem! A vida que levais é tal que (podeis afirmá-lo) nada tendes de vosso. Mas parece que vos sentis felizes por serdes senhores apenas de metade dos vossos haveres, das vossas famílias e das vossas vidas; e todo esse estrago, essa desgraça, essa ruína provêm afinal não dos seus inimigos, mas de um só inimigo, daquele mesmo cuja grandeza lhe é dada só por vós, por amor de quem marchais corajosamente para a guerra, por cuja grandeza não recusais entregar à morte as vossas próprias pessoas.

Esse que tanto vos humilha tem só dois olhos e duas mãos, tem um só corpo e nada possui que o mais ínfimo entre os ínfimos habitantes das vossas cidades não possua também; uma só coisa ele tem mais do que vós e é o poder de vos destruir, poder que vós lhe concedestes!

E La Boétie faz as perguntas que ainda hoje são atuais e que nós, os europeus, devíamos fazer aos nossos tristes (mas sorridentes) representantes, se confiássemos que não fossem cobardes, a propósito da servidão voluntária ao imperador que os veio inspecionar:

Onde iria ele buscar os olhos com que vos espia se vós não lhos désseis? Onde teria ele mãos para vos bater se não tivesse as vossas? Os pés com que ele esmaga as vossas cidades de quem são senão vossos? Que poder tem ele sobre vós que de vós não venha? Como ousaria ele perseguir-vos sem a vossa própria conivência? Que poderia ele fazer se vós não fôsseis encobridores daquele que vos rouba, cúmplices do assassino que vos mata e traidores de vós mesmos?

Não nos queixemos pois da nossa futura pobreza, nem do desprezo a que os europeus e a Europa serão votados. Escolhemos a servidão.

Retirado do Facebook | Mural de Carlos Matos Gomes

GUERRA (14) | MR. PUTIN, I PRESUME? | “For God’s Sake, This Man Cannot Remain in Power” (Joe Biden) por Paulo Sande

Não é uma frase habitual no léxico das relações entre Estados, nos nossos dias feitos de conciliação e cedências. É um passo em frente do Presidente Biden. É linguagem de guerra fria. É a pedra que, lançada, não pode mais ser retirada.

E afinal, para entender a guerra na Ucrânia, é fundamental (tentar) entender o “man” que não pode continuar no poder. É preciso escutar o próprio Vladimir Putin.

• No último dia de 1999, Boris Ieltsin apresentou de surpresa a demissão de Presidente da Federação Russa. No discurso derradeiro pediu perdão por “não terem conseguido “saltar do cinzento, estagnado e totalitário passado, para um futuro brilhante e civilizado”. Com baixa popularidade, numa Rússia tomada por oligarcas cuja fonte de riqueza assentava na extração da riqueza do Estado (ie, dos russos) e não em negócios legítimos, Ieltsin desistiu. E deu lugar a uma nova geração de líderes “capazes de fazer mais e melhor”. No seu lugar, ficou o primeiro-ministro desde agosto desse ano, antigo oficial do KGB, Vladimir Vladimirovich Putin.

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