Causas da Guerra (1) | por Carlos Matos Gomes

A convite de Mário Tomé, meu amigo de há longa data, fui convidado para fazer uma apresentação por Zoom sobre a situação internacional resultante da invasão a Ucrânia a uma audiência constituída por militantes do BE que apresentaram teses à IV Conferência Nacional do BE.

Declaração de interesses: não tenho e nunca tive qualquer ligação política ao BE, como de resto a nenhum partido político. Estou em desacordo com muitas das suas posições em termos nacionais e internacionais. Fui convidado a expressar as minhas ideias no dia 19 de Março de 2022, fi-lo com toda a liberdade e respondi o melhor que sabia às questões que me colocaram. Decidi publicar uma síntese do que ali disse e para facilitar a leitura dividi-a em dois textos, um sobre as causas da guerra e outro sobre as consequências.

CAUSAS DA GUERRA (I)

Falemos da realidade. A invasão russa não é mais brutal do que tantas outras, das de Napoleão às de Hitler, para citar duas mais próximas e conhecidas na Europa. Não existe nenhuma prova de expansionismo russo: a Ucrânia foi russa durante séculos e pertenceu à União Soviética. A Rússia enquanto entidade central desmantelou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e qualquer dirigente político, incluindo Putin, reconhece que o passado não volta e não é possível reconstruí-lo, nem ressuscitá-lo.

Quanto à questão militar, qualquer cadete de uma Academia Militar é capaz de elaborar um estudo de situação que conclua pela incapacidade da Rússia realizar uma invasão para ocupar o Ocidente: nunca o fez, não tem meios para o fazer (basta ver as dificuldades em invadir e ocupar a Ucrânia) e não tem qualquer interesse em fazê-lo, pois não necessita de matérias-primas, nem de território, dois elementos de que dispõe em abundância.

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Consequências da Guerra (2) | por Carlos Matos Gomes

Esta invasão e esta guerra destruíram o precário e periclitante equilíbrio de forças em que o mundo tinha vivido desde o fim da Guerra Fria e da implosão da URSS. Esta é a sua primeira consequência.

As discussões sobre uma (mais uma)”nova ordem mundial” destes últimos anos costumavam girar à volta de duas visões alternativas: Para uns deveria assentar num acordo entre as 3 principais potências (EUA, Rússia e China) capaz de impulsionar a cooperação multilateral. Para outros, aquela ordem deveria resultar do estabelecimento de esferas de influência que, uma vez respeitadas, constituiriam a forma mais segura e eficaz de estabelecer a paz no mundo, ou uma situação de conflito adormecido.

Esta invasão revelou a escolha das oligarquias das 3 superpotências e do anexo que é a União Europeia.

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Haver Paz, Parar a Guerra, Travar os Ódios! Ser Contra-Corrente | por Joffre António Justino

1. Há-de haver Paz

          ”Há convergência nas posições dos dois lados sobre questões importantes e críticas. Vemos, em particular, que eles quase concordam nos primeiros quatro pontos. Algumas questões precisam de ser decididas ao nível da liderança”, disse Çavusoglu, numa entrevista ao jornal turco Hurriyet, citada pela agência espanhola EFE.”

             “(Pandora Papers Reveal – Offshore Holdings of Ukrainian President Aljazeera his Inner Circle – procurem no Google)”

Temos entretanto  53% dos sondados, numa, mais uma, sondagem, agora sobre esta guerra, a apoiarem (conforme a sondagem)  “muito grande” a Nato a UE e o Governo 29% a apoiarem “muito” e temos 18% dos sondados a dizerem ou “não ou enfim vai-se ver”; quanto ao selfies e a Costa o empate nos 74/73 % mantém esta ideia de um país a dois, no Centro Direita/Centro Esquerda, numa herança bem salazarenta diga-se, do piscar popular de olho ao poderoso, para não se ter chatices!

A verdade é que há, como não se via desde o 25 de abril, uma política informativa de monocordismo aterrador, e é essa a razão pela qual e na linha que estou, da urgentemente necessária contracorrente,  manter sempre que puder a notícia de quem é o sr. Zelinsky – um oligarca corrupto só que ucraniano e não russo que manda ou mandava a sua fortuna para offshores conhecidos segundo os Pandora Papers.!

Enfim …

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MAJOR-GENERAL RAUL CUNHA: “QUEM BRINCOU À ROLETA RUSSA COM PUTIN É UM DOS GRANDES CULPADOS. É NÃO CONHECER O ANIMAL” | Entrevista de Ricardo Cabral Fernandes in Setenta e Quatro

Em entrevista ao Setenta e Quatro, o militar na reserva volta a defender as posições que têm levado os seus críticos a acusá-lo de ser propagandista e de fazer o jogo de Vladimir Putin. O major-general nega as acusações feitas, e explica as suas posições. 

ENTREVISTA | 17 MARÇO 2022

Sabendo que será alvo de bojardas pelo que defende, o major-general Raul Cunha não se remete ao silêncio perante as críticas públicas de que tem sido alvo. Sentado num sofá em sua casa, argumenta que o presidente ucraniano se devia render para evitar mais perdas de vidas, responsabiliza a NATO pela guerra na Ucrânia, rejeita que Vladimir Putin queira alargar um império russo e defende que a realidade não é a preto e branco.

“Esta malta gosta pouco de ouvir opiniões contrárias. Aqui é um bocado assim. O pensamento único está a imperar neste momento. É uma coisa assustadora. É preciso um gajo ter cuidado com o que diz”, diz o militar na reserva em entrevista ao Setenta e Quatro. Mas, na verdade, o major-general não pareceu ter esse cuidado: “Se ser putinista for gostar do homem, não sou. Se ser putinista é compreender a motivação dele, então sou”.

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