VERDI, AIDA “MARCHA TRIUNFAL”

AIDA Es un nombre femenino que significa “visitante” o “regresando” es una ópera en cuatro actos con música de Giuseppe Verdi y libreto en italiano de Antonio Ghislanzoni, fue estrenada en el Teatro de Ópera del Jedive en El Cairo el 24 de diciembre de 1871 Y dirigida por Giovanni Bottesini.

En contra de la creencia popular, la ópera no se escribió para conmemorar la inauguración del Canal de Suez en 1869, ni tampoco para el Teatro de Ópera del Jedive en el Cairo y el mismo año.

Es cierto que A Verdi le pidieron componer una oda para la apertura del Canal, pero declinó la petición arguyendo que no escribía “piezas ocasionales”, más cuando Verdi leyó el argumento escrito por Auguste Mariette lo consideró como una buena opción y finalmente aceptó el encargo el 2 de junio de 1870.

Música | Aïda, Aida, Act II: Triumphal March

Artista | Deutsches Symphonie-Orchester Berlin, Carl-August Bünte

Rússia / Ucrânia | “Devem ouvir-se igualmente ambas as partes” – (Demóstones, in Oração da Coroa, 330 a.c.) | Carlos Esperança

O conflito ucraniano traz-me à memória os dois anos de guerra colonial, o sofrimento de quem participou, os mortos e estropiados de uma guerra injusta, de um e outro lado do conflito.

Poucos desejarão tanto a paz como os que foram obrigados a fazer a guerra.

Os próprios soldados russos se hão de interrogar por que motivo estão ali, já que os ucranianos têm a defesa dos seus haveres e vidas por que lutar, sem se interrogarem se teria sido possível evitar a destruição e o sofrimento de que os ucranianos são as maiores vítimas.

Quantos soldados alemães não terão sentido a inutilidade e injustiça da guerra para que o ditador nazi os enviou? Na guerra há quem ganhe, nunca os que servem de carne para canhão. E, neste caso, é todo o povo ucraniano, incluindo russos, a sofrer a demência belicista de Putin e da Nato.

O sofrimento do povo mártir da Ucrânia impede-me de ir mais longe na denúncia do seu governo, na condenação das duas partes, na análise dos extremismos que está a gerar, da manipulação da informação e de quem empurrou uns e outros para o conflito.

O respeito pelos mortos, dos dois lados, leva-me a refletir sobre o tema que me dilacera, porque, sem saber quando e como acabará a guerra, já foram vencidos os ucranianos, os russos, a UE, a paz e a compaixão.

Sentimos a negrura dos dias que hão de vir, enquanto nos comovemos com o sofrimento de quem foge, e de quem não pôde, sem precisar de encenações que matam a liberdade, a verdade e o espírito crítico.

A minha geração, nascida durante a guerra (1939/45), nunca ouvira a palavra “nuclear” com tão fortes arrepios e tanta desconfiança nos que decidem o destino da Humanidade.

A identidade ucraniana está a ser criada de forma sangrenta, cerzindo a sua diversidade étnica, religiosa e histórica nas fronteiras atuais. Com a invasão, Putin veio proporcionar à Ucrânia aquilo que lhe negava.

Não me conformo com a decisão do Conselho Europeu, na passada terça-feira, quando baniu as cadeias de informação russas do espaço mediático ocidental, à semelhança do que faz a Rússia. Quando as democracias não respeitam o pluralismo, incluindo os que são contra a democracia, entram no autoritarismo que as corrói.

Termino com uma frase do artigo habitual de Pacheco Pereira, ontem, no Público: ««Sim, a extrema-direita ucraniana é nazi, do mesmo tipo da extrema-direita russa.». Basta ver o critério policial racista para o embarque de quem foge da Ucrânia.

Retirado do Facebook | Mural de  Carlos Esperança

Cada vez mais preciso de silêncio, de tempo para o silêncio | ANA VIDAL

Cada vez mais preciso de silêncio, de tempo para o silêncio.

Preciso dele para pensar, para pensar-me, para me centrar ou para me evadir, para me reconhecer no que sou até ao ponto mais longínquo que há em mim.

Às vezes, só para chorar e deixar que essa água salvífica, finalmente vencida pela lei da gravidade, deixe que as nuvens, de novo leves e límpidas, se entreguem por inteiro à sua magna tarefa de glorificar o efémero.

Preciso dessa solidão silenciosa como de um espelho revelador, benigno como tudo o que é verdadeiro mesmo quando dói.

A solidão não me assusta, pelo contrário: acolhe-me, acolho-a, faz-me falta como uma velha amiga que me habita desde sempre.

Aflige-me quem a teme, quem foge dela como de uma maldição ou uma ameaça, quem prefere sempre trocá-la por qualquer outra coisa, qualquer outra presença, qualquer, qualquer que seja, tudo menos o vazio.

Não falo de quem sofre de solidão por abandono, sem opção nem bálsamo, aquela solidão permanente e deserta como uma sentença de morte.

Falo de quem, sem sequer ter dado por isso, se viciou em ruído e acaba tendo medo do que não tem som porque essa ausência lhe rouba uma ilusão de companhia.

Retirado do Facebook | Mural de  Ana Vidal

As invasões e a História — lições não recordadas | Carlos de Matos Gomes

A história não é neutra, se fosse uma ferramenta seria um canivete suíço.

A invasão russa da Ucrânia tem motivado várias lições de história daquela região da Europa que nos contam o seu passado desde a antiguidade, mas os historiadores raramente falaram das duas invasões da Europa ocidental à Rússia, a de Napoleão e a de Hitler, eu nunca os ouvi.

Essa referência não é, contudo, a meu ver, já útil como instrumento de análise do presente. A invasão está a decorrer e assunto arrumado. O conflito irá terminar. É histórico que os conflitos terminam, mesmo a guerra dos romanos contra os parsas terminou ao fim de 300 anos, com a derrota de ambas as partes, diga-se, e a vitória de um terceiro império.

Mas há dois exemplos do passado mais recente que poderiam ter algum interesse para lidar com a situação presente e a de curto prazo, que evitasse, ou amenizasse o sofrimento de quem sempre sofre, os povos, aqueles que são ultrapassados pela história e pelos interesses que a fazem mover.

Um desses exemplos diz-nos respeito: As invasões francesas, napoleónicas, da Península Ibérica. A Espanha aceitou um rei francês, irmão de Napoleão e ser uma base francesa. Portugal também aceitou os franceses, mas os ingleses (com Wellington) vieram lutar contra eles em Portugal e parte dos portugueses apoiou-os. Quando os ingleses (tropas anglo-lusas) venceram nas linhas de Torres expulsaram os franceses (Massena) e os espanhóis aproveitaram para fazer o mesmo.

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