É curioso, desde que se sente que a prioridade está nas negociações de paz na Ucrânia (ainda com curtas chamadas de primeira página) a guerra passou para páginas menores dos media e nas têvês, o futebol reganhou o espaço dominante (nem se fala já da estátua da sra de Fátima…).

No entanto no recuo de Zelinsky está o jogo da perda de autonomia da Ucrânia que passa a ser um Protetorado de 9 países, 5 dos quais do Conselho de Segurança da ONU (Rússia incluída), para aceitar não entrar na Nato que na verdade entra pela porta das traseiras com a entrega de armas e gerar a exclusão aérea.

Mais ainda lá se vão a prazo de 15 anos Donetz e Lugansk como já foi a Crimeia enquanto que a guerra continua em Mariupol (desnazificar a Ucrânia enfim).

Como não se sabem os reais objetivos militares da invasão russa, o certo é que Stoltenberg e Biden em particular, deveriam apresentar a demissão dos seus cargos, pois a sua aposta guerreira foi à vida tendo significado somente o desastre ucraniano em vidas e edificado enquanto que a Nato pouco valor mostrou ter (se formou o exército ucraniano o resultado não foi brilhante por muito que se queira dizer o contrário pois a Ucrânia tem uma forte e antiga presença militar no mundo sob formação soviética).

Para quem como eu não apostou em nenhum dos conflituantes desta guerra o importante é o seu fim seja qual for o resultado pois na mesma não existem vencedores mesmo que os hajam militarmente falando, já que defensor que sou da globalização (que urge ser regulamentada mas que tem sido positiva no todo) o que me assusta é este Biden/Stoltenbergiano anseio do regresso à divisão do mundo à “Tratado de Tordesilhas”, relevando a absurda mentalidade mercantilista opressora de estadunidenses e russos (da RPChina pouco continuamos a saber já que inteligentemente nunca entrou na liça de galitos vivida na Ucrânia!)

E assusta porque Leyden e Scholtz (e Boris Johnson) mostraram ao ponto que vai a sua subordinação aos interesses estadunidenses e ao seu “braço armado” a Nato, e o quão limitada é a sua vontade de gerar uma União Europeia que concorra com os EUA, a RPChina e a Federação Russa!

Sim a Paz não vende (acham eles), o que vende é o ódio, a violência,  o afastar o Outro, enfim o mais puro animalismo que continuamos a manter (o meu amigo e Brain-consultor Heitor Fox explicá-lo-ia bem melhor que eu) e que muito dificilmente procuramos minimizar!

Porque a Paz não vende procuramos logo que necessário fétiches como as estátuas da Sra de Fátima e equivalentes ( rápido rápido esquecemos as fúrias de Moisés por causa das mesmas apesar de nos dizermos cristãos versão católica), para esconjurarmos inimigos russos-soviéticos-comunistas porque os vemos sejam-no ou não como ateus e filhos disto e daquilo como diriam Reagan e os Macartistas …

Entre a G3 ou a Kalashnikov e a pomba da Paz rápido rápido nos hodiernos media ganham as armas e mal a pomba inicia um breve voo os olhos mediáticos se viram para outros mais violentos temas, e lá surge um jogo de futebol ou uma bofetada nas trombas de um malcriadão que em público para milhões de pessoas decide amesquinhar uma corajosa doente que acompanha o seu companheiro!

Rápido rápido os media (e nós?) esqueceremos as crianças sem pai ou mãe ou os dois e ou sem lar e ou sem escola e de toda a violência na Ucrânia restarão em Portugal uns tantos mais ucranianos temerosos ou cansados de guerra e da violência que nesse país não para de acontecer (partidos proibidos desde 2014, presos políticos,  violência étnica, 14 mil mortos e agora este mês de violenta guerra) e para nada pois uma mesa de negociações e muita abertura de espírito teriam trazido ganhos para todos!

Xi Jinping na sua milenarmente contida forma de ver a concorrência  (e que os erros de Mao ajudaram a aprender e cimentar), sai ganhador pelo simples facto de recusar a ideia da guerra a ideia da submisssão às “estaladas à Will Smith/Joe Biden”, e por mostrar que se esforça por travar o início da Guerra do Gelo e por preferir a sã Concorrência da Rota do Cinturão e da Seda face a um “ocidente” sem visão sem rumo e com bem poucos valores!

Não é que o seu regime seja o melhor – não é – mas na verdade o seu Saber Ser Estar e Viver está bem à frente do cobói Biden e do “menino da mamã” Stoltenberg!

Talvez começarem por ler Kissinger e o seu China talvez aprenderem com Nelson Mandela talvez lerem Amílcar Cabral e até Norton de Matos …

30/03/2022

Joffre António Justino | Facebook