Em 2284, a Europa é maioritariamente composta por Baldios governados por clãs guerreiros que escravizam as populações esfomeadas; subsiste, porém, um território isolado por um cordão de segurança com uma sociedade que, por via da ciência e da tecnologia, atingiu um nível altíssimo de felicidade individual, pois todos os desejos podem ser consumados, ainda que mentalmente.
Nesta Nova Europa, as relações sexuais são livres e não se destinam à procriação: as crianças, desconhecendo os pais, nascem nos Criatórios em placentas sintéticas e seguem para Colégios onde, sem a ajuda de livros, andróides especializados incrementam as suas competências como futuros Cidadãos Dourados. As famílias reúnem-se por afinidades, ninguém trabalha e nem sequer existem nomes, para que ninguém se distinga, já que todas as conquistas se fazem em nome da comunidade.
Vinte e cinco anos depois da queda do Muro de Berlim, Miguel Real constrói uma utopia sublime no contexto de um novo paradigma civilizacional, revelando o seu talento de escritor e filósofo e, ao mesmo tempo, chamando a atenção para o esgotamento da Europa actual.
A saga de uma mulher que foi levada do colo da mãe para o Brasil aos três anos de idade e regressa para a conhecer mais de cinquenta anos depois é o ponto de partida deste extraordinário romance de Inês Pedrosa.
Numa escrita inteligente, límpida e plena de humor, a autora cria um universo singular, uma aldeia em que se cruzam personagens e histórias de vários continentes. Emigrações e imigrações de ontem e de hoje, seres solitários e escorraçados que procuram novas formas de vida, enquanto tentam sobreviver à maior depressão económica das últimas décadas.
O amor, a traição, o poder, a inveja, o ciúme, a amizade, o crime, o medo, a vingança e sobretudo a morte atravessam este livro que faz a radiografia do Portugal contemporâneo, num enredo cheio de força e originalidade.
Porto Editora publica nova edição do romance de Francisco José Viegas passado na Expo’98.
No dia 23 de janeiro, chega às livrarias a nova edição de Um Crime na Exposição, o romance de Francisco José Viegas que tem como cenário a Expo’98. Esta trama policial, protagonizada pela famosa dupla de detetives Jaime Ramos e Filipe Castanheira, foi inicialmente publicada em folhetim semanal nas páginas do Diário de Notícias, e viu a sua primeira publicação integral ainda em 1998.
Francisco José Viegas é autor de uma vasta obra, de diferentes géneros, tendo sido agraciado em 2005 com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores pelo romance Longe de Manaus, já publicado pela Porto Editora.
30 Anos, 30 grandes momentos na carreira de Cristiano.
Poucos dias após Cristiano Ronaldo ter conquistado a sua terceira Bola de Ouro e quase a celebrar o trigésimo aniversário, chega às livrarias CR30, o livro em que o jornalista Luís Aguilar revisita os momentos mais marcantes de uma carreira que parece não ter limites.
A 5 de fevereiro de 1985 nascia em Santo António, freguesia do Funchal, Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, um dos mais reconhecidos futebolistas da atualidade, uma figura de alcance planetário e uma das marcas mais poderosas do mundo.
Em 30 episódios, este livro oferece-nos uma retrospetiva do percurso ascendente daquele que já é considerado um dos melhores jogadores da história do futebol. Profusamente ilustrado e rico em informação, permite ao leitor ficar a conhecer melhor o percurso de um jogador que com a terceira distinção da FIFA viu reforçado o seu lugar entre as maiores lendas do desporto.
A ridícula ideia de não voltar a ver-te é «um livro sobre a vida, apaixonado e alegre, sentimental e brincalhão», diz a autora O mais recente livro de Rosa Montero nasceu durante o luto pelo seu marido, após ler o diário de Marie Curie, que havia passado por um processo semelhante. Contudo, A ridícula ideia de não voltar a ver-te está longe de ser sombrio – é antes uma celebração à vida, e é publicado pela Porto Editora no dia 23 de janeiro.
Aclamado pela crítica e pelos seus pares, A ridícula ideia de não voltar a ver-te foi considerado o melhor livro de memórias pelos leitores do jornal El País, apesar de ser um livro desprendido de género: não é um romance, nem ensaio, nem biografia, embora englobe a visão mais íntima e pessoal da escritora. Original e autêntico, reúne histórias, lembranças, fotografias e hashtags.
Rosa Montero vai estar em Lisboa de 28 a 30 de janeiro para contactos com a comunicação social.
“Somos as pessoas que conhecemos, os lugares que visitamos, os livros que lemos”
[Jorge Luís Borges]
MEMÓRIA DESCRITIVA | As fotografias que representam os convidados Muito cá de casa estão penduradas na Galeria da Casa Da Cultura | Setúbal. Resultam de um projecto proposto por mim a António Correia que, por gentileza e amizade, concordou em desenvolver. A ideia é retratar todos os participantes nas sessões, em visual depurado, de maneira a possibilitar a captação do instante decisivo. Não na concepção que referia Henry Cartier Bresson. Os convidados pousam para o fotógrafo. Foram encontrados os meios mínimos possíveis para o desenvolvimento do trabalho. O instante decisivo é procurado pela objectiva que se revela na captação do à-vontade e no olhar que a visão do fotógrafo — obtida pelo seu próprio silêncio interior — regista e revela.
O CASINO DAS LETRAS – iniciativa conjunta da Sociedade Portuguesa de Autores e do Casino Figueira – está de regresso! A primeira autora convidada deste 2.º ciclo é CRISTINA CARVALHO, uma escritora de pessoalíssima dicção. O Das Letras vai manter-se atento.
GENTE MUITO CÁ DE CASA | São escritores, artistas visuais, músicos, editores, autores das mais variadas disciplinas que se encontraram connosco na Casa Da Cultura | Setúbal. Baptizámos estes encontros com um nome que alude à própria convivência neste espaço de encontro da cidade: Muito cá de casa. Pretendemos conviver com quem insiste em conceber projectos pessoais de qualidade. Apresentámos livros, mostrámos ilustrações, montámos exposições, falámos de apoios à cultura e da falta deles. Estivemos sempre com os protagonistas por perto. Gente muito cá de casa que dá cartas e ganha apostas nesta nossa casa colectiva. Também as fotografias são um trabalho de autor. Um olhar pessoal sobre este pessoal. Antonio Correia pôs mãos à obra. Ou seja, pôs as mãos na máquina e captou estes olhares mostrando-os com um à-vontade que os torna muito cá de casa mesmo. Muitos destes autores vão estar na abertura da exposição. Abre sábado e fica por cá até ao fim do mês. Convidados. Apareçam.
José Teófilo Duarte www.blogoperatorio.blogspot.com
A exposição do centenário do nascimento de António Dacosta (Angra do Heroísmo, 1914 – Paris, 1990) acompanha a publicação do catálogo raisonné digital do artista – primeiro catálogo digital produzido sobre um artista português e iniciativa pioneira na área da investigação artística e das novas plataformas digitais. Visitar aqui: www.dacosta.gulbenkian.pt
No ano em que se comemoram os 50 anos sobre a primeira publicação de Alegria Breve, a Quetzal disponibiliza uma nova edição deste importante marco da narrativa vergiliana.
«Ganharei o jogo? Perco sempre. Porque tentar ainda? Ganhar uma vez. Uma vez só. Às vezes penso: ganhar uma vez e não jogar mais. Esqueceria as derrotas, a memória do homem é curta. E no entanto… Começo a sentir-me bem, perdendo. Quer dizer: começo a não sentir-me mal. A capela de S. Silvestre já não brilha. Mas ainda se vê bem. É triste o entardecer, boiam coisas mortas na lembrança, como afogados. Uma nuvem clara passa agora não sobre o monte de S. Silvestre, mas sobre o outro, o pico d’El-Rei. É um pico menos aguçado, forma um redondo de uma cabeça. Há quanto tempo já lá não vais? Para o lado de trás, vê-se o sinal de uma aldeia (aldeia?), um sinal breve, trémulo, branco. Quando se olha, o tempo é imenso, e a distância — a vida é frágil e temos medo. Dou xeque duplo, vou-te comer a torre, Padre.»
A Aja Lisboa vai evocar António Gedeão. Uma exposição elaborada para a Galeria da Casa Da Cultura | Setúbal, e mostrada por lá no segundo mês de vida da Casa, vai agora estar nas bonitas instalações da Associação José Afonso em Lisboa. Vão lá estar também a escritora Cristina Carvalho, a declamadora Eugénia Alves e o cantor Samuel Quedas. É no próximo domingo, dia 11. Apareçam.
José Teófilo Duarte www.blogoperatorio.blogspot.com
O livro é assinado por Manuela Paraíso. Estamos mais habituados a associar o seu nome à divulgação musical na rádio e na imprensa escrita. Agora resolveu escrever um livro sobre o cão da Serra da Estrela. São dicas para cuidar do bicho. Como criadora sabe bem o que lhe faz falta. Para a ajudar na apresentação vão estar Fátima Rolo Duarte, artista visual, e Sérgio Cardeira, director clínico do Hospital Veterinário de Setúbal. É na próxima sexta-feira, dia 9, às 22 horas, na Casa Da Cultura | Setúbal. Convidados. Apareçam.
José Téofilo Duarte – www.blogoperatorio.blogspot.com
“NOCTURNO, o romance de Chopin”, de Cristina Carvalho, publicado por Sextante / Porto Editora, recomendado no Plano Nacional de Leitura (PNL) para o ensino secundário encontra-se agora – desde hoje – disponibilizado em braille na Biblioteca Nacional de Portugal para leitores invisuais.
Depois da edição em audiolivro, leitura com duração de 4 horas e 57 minutos pela escritora Maria Manuel Viana, chega-nos numa outra forma de acessibilidade. Também está disponibilizado como livro digital.
Sinopse
Como um piano solitário em que o artista desenha os quadros musicais de melodias e harmonias com timbres, ritmos e tempos diversos, assim foi desenhado este romance polícromo, tecido de amores e paixões, que conta a vida de Chopin, desde o seu nascimento em 1 de Março de 1810, na Polónia, até à sua morte, em 17 de Outubro de 1849, em Paris. Uma história feita de subtilezas, paixões intensas, escuras intrigas, vivências e amizades sinceras, presenças e saudades.
JOSÉ RUY — 70 ANOS A DESENHAR | José Ruy começou a publicar desenhos regularmente na imprensa há setenta anos. Assinalam-se hoje19 dia 19. Publicou o seu primeiro desenho no semanário O Mosquito. Publicação muito popular na altura, que mostrava histórias em capítulos, assinadas por vários autores. José Ruy nunca mais parou. Passeou o seu talento pelas mais prestigiadas páginas da imprensa ilustrada. Mas não ficou por aí. Desenvolveu intenso trabalho pessoal. Desenhou inúmeros álbuns, contando as histórias da História de Portugal.
Em Fevereiro e Março deste ano andou por Setúbal. Fez uma exposição de um seu trabalho a reeditar — Fernão Mendes Pinto e a sua Peregrinação —, na galeria da Casa Da Cultura | Setúbal, e foram promovidos vários encontros com todos os que o quiseram ouvir. Convívios memoráveis.
Jamais compreendi como um povo tão sagaz, tão valoroso e tão engenhoso nunca, até então, conseguira matar a sua sede, sobrevivendo à míngua, em imutável crise. Enquanto vivi, defendi que uma Nação para almejar a glória, em lutas e conquistas pelos quatro cantos do Mundo, deveria também vencer a carestia da água para a sua própria capital.
Francisco d’Ollanda, personagem de Nove Mil Passos, de Pedro Almeida Vieira.
O romance histórico, quando estruturado com rigor factual e histórico, tem este efeito desmistificador sobre a nossa memória coletiva. Aqui cai o mito de que já fomos grandes. A grandeza do nosso império ficou-se pela sua extensão e a riqueza nos bolsos de muitos poucos. O povo, esse, sempre entregue à sua sede.
Sobre esta edição da Planeta, comemorativa do décimo aniversário do lançamento deste romance, leia mais aqui.
Na próxima quarta-feira, dia 17 de dezembro, às 18:30, será apresentado no auditório da Fundação José Saramago o livro A Viagem do Elefante em banda desenhada, um trabalho de João Amaral inspirado na obra homónima de José Saramago.
A apresentação deste álbum ficará a cargo de Pilar del Río, que no prefácio da obra escreveu: «o caminho até Viena é tortuoso: João Amaral sabe-o bem porque o esteve a desenhar durante mais de dois anos passo a passo. […] João Amaral estudou muito bem aquilo que José Saramago havia escrito e logo que o soube com todas as letras pintou-o para que nada na sua banda desenhada fosse falso.»
História da Criança em Portugal é uma viagem fascinante pela história do nosso país, desde o nascer da nacionalidade até aos nossos dias: surpreendemos as crianças nos seus jogos e brincadeiras, no quarto de vestir ou na escola, mas também na oficina, na eira, no orfanato ou no hospital.
No dia 14 de dezembro, às 17:00, Gonçalo M. Tavares apresentará o seu mais recente romance, Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, numa sessão que contará com a participação do pianista Júlio Resende e que terá lugar na livraria Ler Devagar, na Lx Factory, em Lisboa.
Da mesma forma funcionam nossos perfis nas redes sociais. Pense: lá consta foto, nome, idade, preferências, escolhas culturais e até uma linha do tempo, traçando o comportamento do usuário ao longo dos dias. Tudo é tão plausível e verossimilhante que chega a confundir. Trata-se de uma imagem que montamos de nós mesmos e que passa a ser o que somos para um número significativo de pessoas. Quando não se teve a oportunidade de conhecer alguém com mais afinco, é com base na internet que formamos nosso [pré]conceito – prática comum inclusive em empresas, que buscam informações de funcionários e candidatos em processo de seleção. É como se fôssemos, cada um de nós, eternos Dorian Gray’s, com nosso retrato intacto aos olhos do mundo, sem se preocupar com os bastidores da alma.
Bluebird é uma animação de um poema de Charles Bukowski, criada por Monika Umba, estudante de Cambrigde School of Art. Sobe esta animação, Marina Franconeti escreveu o seguinte:
Com uma perfeição visual muito bem desenvolvida pela artista, a trilha de poucas notas dá o toque melancólico que soa na leitura. Os personagens possuem um corpo meio rígido, parecem feitos de recortes de jornal. Por isso, tem algo de cotidiano neles. O pássaro e o azul, os grandes protagonistas da animação, dão o tom aos eventos e brilham pela imagem, trazendo à vida a magia do poema.
Filipe Morato Gomes define-se como uma espécie de viajante profissional.
Tenho, atualmente, 43 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, estive em quase 100 países e estou certo de que essa experiência pode ser útil para os que, como tu, querem também descobrir o mundo. Estejas a dar os primeiros passos ou a desbravar novas e mais desafiantes geografias.
Quero, especialmente, inspirar-te.
No próximo dia 3 de dezembro, quarta-feira, pelas 18:30, realiza-se na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, no Porto, a sessão de lançamento do livro Rui Rio – de corpo inteiro, da autoria de Mário Jorge Carvalho. Com a presença de Rui Rio, a apresentação do livro ficará a cargo de Daniel Bessa.
Prefaciado por Nuno Morais Sarmento e com posfácio de Fernando Neves de Almeida, Rui Rio – de corpo inteiro apresenta o retrato do homem e as ideias do político através de inúmeras conversas que Mário Jorge Carvalho manteve com Rui Rio ao longo do ano de 2014 e de testemunhos de quase meia centena de pessoas (desde amigos, colegas e apoiantes a críticos e opositores políticos), procurando o autor responder às muitas perguntas que se colocam sobre Rui Rio e as suas ideias.
Assinalando o dia 25 de Novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) promove uma ação de sensibilização através de plataformas online. Esta ação passa pela partilha de fotos (“selfies”) no Instagram, acompanhadas da mensagem “Basta que me batas uma vez”.
Em O Meu Irmão, considerado pelo júri, de forma unânime, o melhor original apresentado este ano a concurso, o narrador, um professor universitário de meia-idade, passa férias com o irmão deficiente numa pequena casa de família situada numa aldeia abandonada no interior de Portugal. O isolamento força-o a rememorar a vida em comum com o irmão, em particular porque os acontecimentos mais recentes podem pôr em causa o seu relacionamento. No fim desvenda-se o mistério.
Recordando as palavras do júri no dia da atribuição do Prémio, o livro aborda um tema delicado, que poderia suscitar uma visão sentimental e vulgar: a relação entre dois irmãos, um deles com síndrome de Down. A realidade é trabalhada de uma forma objectiva e com a violência que estas situações humanas podem desenvolver, dando também um retrato social que evita tomadas de decisão fáceis, obrigando a um investimento numa leitura que nos confronta com a dificuldade de um mundo impiedoso. Há no entanto uma tonalidade lírica na relação que se estabelece entre dois deficientes e que salva, através de apontamentos de poesia e humor, o desconforto de quem vive este problema.
AS CRIADAS, de Jean Genet.
Encenação de Carina Silva. Em Cena de Novembro 2014 a Janeiro 2015
Duas criadas, uma Senhora. Duas Senhoras, uma criada. Uma Senhora que é criada, uma criada que é Senhora, ou serão duas? Uma Senhora prestes a ser assassinada pelas criadas mascaradas de Senhora. Duas criadas oprimidas, pobres, invejosas. Querem os vestidos, querem a riqueza. A vontade é alimentada pelo desespero. Duas aspirantes a Senhora.
Uma Senhora que não sabe… não saberá? Entre o “silencioso arroto do lava-loiça” e a Senhora e “a sua estola, as suas pérolas, as suas lágrimas, os seus suspiros, a sua doçura”, há máscaras, mentiras, segredos e angústias.
Um Circo que Passa revela bem o estilo de Patrick Modiano, fortemente marcado pela Guerra, pelos anos 40 e pela sua própria infância.
A polícia, os bares duvidosos e as ruas de uma cidade simultaneamente amiga e inimiga – é nesta Paris dos anos 60 que acompanhamos a fuga e as deambulações de um casal à procura do amor. Uma história que tem como narrador Jean, e em que toda a acção gira em torno do seu relacionamento, aos dezassete anos, com a misteriosa Gisèle.
Ambos têm muito a esconder um do outro. Partilham, porém, os mesmos sonhos.
Imagens de treino da Cavalaria Portuguesa na Primeira Guerra Mundial – British Pathé.
Em agosto de 1914, os pés (categoria na qual se incluíam as patas dos cavalos) eram tão importantes como os comboios, de tal maneira que, depois do desembarque em zonas de concentração, cavalaria e infantaria se deslocavam sobre a linha de marcha. Para os alemães, era o presságio de dias infindáveis a caminharem para oeste e para sul, nos quais os pés humanos iriam sangrar e as ferraduras dos cavalos perder-se. O tilintar revelador de um prego solto era o sinal para o cavaleiro procurar um ferrador, se quisesse seguir a coluna no dia seguinte. Para o condutor de uma carruagem, semelhante som ameaçava comprometer a mobilidade dos seis animais aparelhados.
DESDE D. AFONSO HENRIQUES ATÉ AOS NOSSOS DIAS, UM OLHAR INÉDITO SOBRE A INFÂNCIA
O que tiveram em comum as infâncias de D. Afonso Henriques, Luís de Camões e dos nossos próprios avós? Na verdade, quase nada, à parte as dores associadas ao aparecimento dos primeiros dentes e as dificuldades de adaptação ao mundo. Ser criança é um estado condicionado pela sociedade e pela cultura, que variou ao longo dos séculos, ao sabor da própria História.
História da Criança em Portugal é uma viagem fascinante pela história do nosso país, desde o nascer da nacionalidade até aos nossos dias: surpreendemos as crianças nos seus jogos e brincadeiras, no quarto de vestir ou na escola, mas também na oficina, na eira, no orfanato ou no hospital.
Neste livro ficamos a saber como eram educados os reis com vista à futura governação do país, como apareceu a moda infantil, qual o papel da escola após a implantação da República ou a conhecer o lugar da criança na sociedade de consumo contemporânea.
Obra didática e rigorosa, surpreendente e divertida, História da Criança em Portugal é um trabalho inédito na historiografia nacional que não deixará nenhum leitor indiferente.
Em Domingos de Agosto entramos num fascinante labirinto de mistérios. Por que motivo o narrador fugiu das margens do Marne com Sylvia para se esconderem num obscuro quarto de Nice? Qual a origem do diamante Cruz do Sul, que Sylvia arrasta consigo como uma promessa e uma maldição?
De que morreu o popular ator Aimos? Quem é Villecourt? Quem são os Neal, esse estranho casal cujo carro ostenta uma matrícula diplomática?
E por que estão tão interessados em Sylvia, no narrador e no Cruzeiro do Sul? Ao longo das páginas deste misterioso romance, onde se cruzam todos estes enigmas, nasce uma história de amor que exala um fascínio que irá dominar o leitor por muito tempo.
Quando terminei o curso primário, arranjei um emprego para ajudar a minha mãe. De bicicleta eu fazia a entrega de produtos de beleza de uma firma que não tinha loja, só anunciava pela internet. O nome era Slim Beauty, acho que é assim que se escreve, é inglês, creio que significa beleza e magreza. Mas quando eu tocava a campainha das casas para entregar os pacotes, as mulheres que abriam a porta estavam cada vez mais gordas.
Do fabuloso monólogo de Lilith num paradisíaco ventre materno, primeiro conto deste volume, até «Estrela», que fecha o livro, numa violenta, mas irresistível, história de abuso sexual paterno que leva a filha ao suicídio, Maria Teresa Horta traça, num português sumptuoso, ao longo de trinta e dois contos, uma vasta e belíssima galeria de meninas. Quase todas negligenciadas, quando não abandonadas e maltratadas, entregam-se à magia ou à leitura salvadoras. É assim com Beatriz, à beira do abismo no Faial, com Laura, abandonada pela mãe em «Eclipse», com Branca, perseguida pela madrasta e o pai, com Maria do Resgate, que abre a porta aos anjos na falta da mãe, com Rute, ladra «sem culpa» de uma rosa apaixonante. Mas também com a infância de personagens históricas como a sanguinária condessa húngara Erzsébet, com a rebelde Carlota Joaquina, inconformada com um destino que não quis, a seduzir e a enfeitiçar o pintor Maella, autor do seu retrato oficial, ou literárias como Katie Lewis, apaixonada pela leitura e assim retratada por Edward Burne-Jones, a gerar o fascínio de Oscar Wilde.
José Saramago em BD
João Amaral adapta para banda desenhada A Viagem do Elefante.
No dia 21 de novembro, a Porto Editora publica um livro surpreendente: A Viagem do Elefante, romance de José Saramago, adaptado para banda desenhada por João Amaral. Resultado de um trabalho de quase três anos, este livro, que tem a particularidade de ser narrado pelo Nobel português, relata a viagem do elefante Salomão, um presente do rei D. João III para o arquiduque Maximiliano da Áustria, de Lisboa até Viena, guiado pelo indiano Subhro.
Como diz Pilar del Río, no prefácio que escreveu para este livro, «o caminho até Viena é tortuoso: João Amaral sabe-o bem porque o esteve a desenhar durante mais de dois anos passo a passo. […] João Amaral estudou muito bem aquilo que José Saramago havia escrito e logo que o soube com todas as letras pintou-o para que nada na sua banda desenhada fosse falso».
Na amostra de teatro, um dos destaques vai para a performance Macaquinhos que leva ao palco nove atores explorando o ânus um dos outros. As linhas de força da atuação: o desbunde: deboche: degredo: ingênuo: vulgar: arcaico: frágil: íntimo: comum: construir uma fisicalidade a partir do cu: brincar de epistemologia do cu: parodiando: Macaquinhos assenta em três orientações: aprender que existe cu: aprender a ir para o cu: aprender a partir do cu e com o cu.
A arte levada a novos limites, explorando novos conceitos, para ajudar a compreender e dar visibilidade à crescente multiplicidade de identidades sexuais.
Este romance conta a história de um homem – um branco, português, de uma família de retornados a Portugal com a descolonização – que regressa à cidade onde viveu a sua infância e juventude.
A cidade é a mesma, e é outra – chama-se Maputo. Na alterada geografia poucos marcos se mantêm: uma amizade, os fantasmas que lhe povoam a solidão, e a Vila Algarve.
Um livro narrado por Francisco d’Ollanda, ou melhor pelo seu espírito, já que o narrador está morto, num tom cheio de humor, que nos relata as peripécias que o seu ser imaterial vai acompanhando.
Francisco d’Ollanda foi o primeiro arquitecto e visionário a quem D. João III pediu estudos para a construção de um aqueduto que abastecesse de água a cidade de Lisboa e aqui conta, quase dois séculos depois, como se processou todo o estudo, adjudicação e construção do Aqueduto das Águas Livres, já no reinado de D. João V.
Ficamos a saber tudo sobre os seus construtores e as tramóias, as intrigas, as traições, os golpes de génio que vão fazendo andar de um para outro dos arquitectos e engenheiros que ficaram com o seu nome ligado ao fabuloso monumento.
Com um estilo deslumbrante e impecável precisão narrativa, o autor de A Sombra do Vento transporta-nos de novo à Barcelona de o Cemitério dos Livros Esquecidos para nos oferecer uma aventura de intriga, romance e tragédia, através de um labirinto de segredos, onde o encantamento dos livros, a paixão e a amizade se conjugam num romance magistral.
Na turbulenta Barcelona dos anos de 1920, um jovem escritor obcecado com um amor impossível recebe a proposta de um misterioso editor para escrever um livro como nunca existiu, em troca de uma fortuna e, talvez, de muito mais.
Perturbado com os acontecimentos que levaram à detenção do Boneco de Neve, o inspector Harry Hole refugia-se em Hong Kong onde as únicas regras a que obedece são as que lhe são impostas na sordidez das salas de ópio. Enquanto isso, em Oslo, num inverno excepcionalmente ameno, a Polícia depara-se com o brutal assassino de duas mulheres.
Sem pistas, sem perceber que arma do crime seria capaz de provocar os ferimentos que apresentavam, e com a investigação num impasse, só lhe esta encontrar Harry Hole e convencê-lo a colaborar.
Com o pai gravemente doente no hospital, Harry Hole acaba por regressar à Noruega. Não tenciona trabalhar na investigação mas o instinto leva a melhor quando a Polícia encontra uma terceira vítima num parque da cidade, violentamente assassinada. Quando consegue desvendar a ligação entre as vítimas, Harry Hole percebe que está a lidar com um psicopata que, tal como O Boneco de Neve, o vai levar ao limite das suas capacidades.
As Primeiras Coisas, de Bruno Vieira Amaral vence o prémio literário Fernando Namora 2013.
Neste romance, somos convidados a reviver um país suburbano, pobre e bairrista, que o dinheiro, injetado pela União Europeia, parecia ter resgatado de forma definitiva. Um país onde frases deste tipo fazem todo o sentido: o doutor Santos era médico, de especialidade indeterminada, ou ainda, Diógenes nasceu completo de dedos. Hoje, não é só o Bruno desempregado que regressa ao Bairro Amélia e à sua realidade degradada, é todo um país que é violentamente atirado para a sua periferia europeia. Um país, onde uma minoria de privilegiados deita um olhar crítico e estende o dedo acusatório: falta aí o Olímpio.
O Yaybahar é um instrumento acústico criado por Gorkem Sen. Elementos ressonantes, cordas e molas helicoidais constituem a estrutura do instrumento com uma sonoridade hipnótica e envolvente.
Neste vídeo, sem qualquer tipo de pós-produção, podemos assistir, no início, à exploração das potencialidades acústicas do instrumento e depois a interpretação de uma peça. Vale a pena deixar passar os primeiros minutos deste vídeo e aguardar pela peça musical que Gorkem Sen interpreta.
A nossa fé no avanço civilizacional leva-nos a acreditar que estamos a coberto de erros do passado e, consequentemente, do “mal” que assolou a humanidade em tempos idos. Qualquer retrocesso civilizacional é considerado como pontual e corrigível. Saddam Hussein foi a personificação do mal que uma vez extirpado, mergulharia o Iraque numa florescente democracia. ISIS é agora o novo mal. John Gray olha para a nossa história e para o percurso da humanidade e constata de que, nem a nossa civilização evolui em direção do bem, nem o mal traz assim uma tão grande novidade.
Removido o tirano, nada garante que as forças do bem prevaleçam. É um facto histórico.
Our leaders talk a great deal about vanquishing the forces of evil. But their rhetoric reveals a failure to accept that cruelty and conflict are basic human traits.
O texto, em inglês, é extenso, mas recorrendo-se à função long read torna-se fácil segui-lo.
O romance inacabado do autor de A Piada Infinita.
O aborrecimento. Se há alguém capaz de escrever um grande romance sobre este tema é certamente David Foster Wallace: o aborrecimento e os seus efeitos sobre o espírito.
Em A Piada Infinita, explorava o entretenimento e o prazer – que obliteram a dor; aqui, em O Rei Pálido, Wallace leva até às últimas consequências a observação e o estudo da tristeza, da monotonia, do tédio. E, para isso, não poderá haver ambiente mais natural e propício do que a Autoridade Tributária, um centro regional de processamento de IRS algures no Midwest.
O Rei Pálido foi publicado postumamente e editado a partir dos manuscritos encontrados – doze capítulos prontos e outros ainda em construção –, seguindo-se as anotações do autor ou apenas a lógica interna do texto.
Publicado pela primeira vez em 1984, o livro e diário Os guarda-chuvas cintilantes – Cadernos I, de Teolinda Gersão, regressa às livrarias no dia 7 de novembro, com chancela da Sextante Editora. A propósito deste livro, José Emílio Nelson defende que «Teolinda Gersão escreve “a forma inteira” das inquietações contemporâneas num tempo difícil de definir. Os guarda-chuvas cintilantes, livro “sobre tudo”, cintilante entre dois planos de redação oximora (racional/irracional, a um tempo), exemplo de contestação e exemplar alternativa à noção de ficção, vulgarizada por obras contemporâneas menores».
A Sextante Editora havia já publicado, em 2013, As águas livres, o segundo volume dos Cadernos da autora.
A dimensão simbólica oscila entre um sentido lúdico e um sentido fantástico, mas também incide sobre o domínio sobrenatural das coisas e dos seres. Ultrapassar fronteiras de territórios mentais aparentemente incomunicáveis é operação que constantemente se pratica neste livro. Maria Alzira Seixo
Quarenta anos depois da sua partida para o exílio, na sequência do 25 de Abril, o que recordamos ainda do legado de Marcello Caetano?
Os partidários do Estado Novo nunca lhe perdoaram ter sido incapaz de evitar a queda do regime; os opositores ao Estado Novo culparam-no por não ter sido capaz de reformar o regime no sentido da democracia.
Os defensores de Marcello Caetano mostraram-se incapazes de defender o seu consulado – por isso ele é visto pela opinião pública como um parêntese entre o regime salazarista e o PREC iniciado com o 25 de Abril.
Esta é uma perspectiva injusta, pois esquece a extraordinária obra do governo de Marcello Caetano nos planos económico, social e laboral.
O que nos acontece depois da morte? É esta a pergunta implícita ao longo das páginas deste romance. Um livro que impõe a vida, em protesto contra a tragédia da morte humana, recusando-se a aceitar o silêncio e a escuridão do desconhecido e do sagrado: os mistérios acreditados pela fé de muitos, mas não pela angústia dos que questionam o Além.
Com uma abordagem distinta dos conceitos tradicionais, e numa escrita marcada pelo realismo fantástico, João de Melo humaniza a imagética cristã, conferindo-lhe uma realidade mais próxima do mundo e da vida.
Uma viagem pela vida e pelo Além em que o leitor é guiado por diversos narradores: vozes comprometidas, trágicas, cómicas, que narram a excepção e a realidade do Homem no nosso mundo.
O Exército Furioso foi premiado com o International Dagger Award.
Fred Vargas é uma das mais importantes escritoras francesas atuais, sendo um nome incontornável quando se fala dos grandes escritores de policiais do momento. Depois de Um lugar Incerto e A Terceira Virgem, a Porto Editora publica o seu mais recente romance, O Exército Furioso.
Este livro, que chega às livrarias nacionais a 31 de outubro, foi distinguido em 2013 com o International Dagger Award, atribuído pela Crime Writers’ Association do Reino Unido, sendo já a quarta vez que a autora recebe este prémio. Em todo o mundo, os livros de Fred Vargas venderam mais de 10 milhões de exemplares e estão traduzidos para 35 países.
SINOPSE
Uma lenda medieval ensombra a pequena cidade de Ordebec, na região francesa da Normandia: uma horda de cavaleiros mortos, descarnados, sem braços nem pernas, o Exército Furioso, erra à noite por um trilho na floresta, espalhando o terror entre os habitantes. Segundo reza a lenda, o exército de mortos-vivos vem anunciar a morte aos pecadores e, regra geral, os eleitos são os habitantes mais odiados: os assassinos e os ladrões.
Em outubro de 1942, um oficial dos Panzers escreveu: «Estalinegrado já não é uma cidade… Os animais fogem deste inferno; nem as pedras mais duras conseguem resistir por muito mais tempo; só os homens se aguentam.»
Para muitos, a Batalha de Estalinegrado simboliza o ponto de viragem da Segunda Guerra Mundial. A vitória do Exército Vermelho e o fracasso da Operação Barbarossa alemã marcaram a primeira derrota nas ambições territoriais de Hitler e o princípio do seu declínio.
Pouco se sabe contudo do que de facto aconteceu em Estalinegrado. Depois de avançar sobre o território soviético, as forças de Hitler detêm-se a alguns quilómetros de Moscovo e avançam para o maior erro da estratégia nazi: Estalinegrado.
A batalha pela cidade tornou-se o foco de atenção tanto de Hitler como de Estaline, convictos como estavam de que seria determinante para vencer a guerra na Frente Oriental. Os cidadãos de Estalinegrado viveram sofrimentos inimagináveis e a atalha foi brutalmente destrutiva para ambos os exércitos.
As mudanças políticas e sociais iniciadas em 25 de Abril de 1974 estão bem documentadas em registos históricos e em literatura que relata, ficciona e festeja a acção militar que pôs fim a uma ditadura que durou quase meio século. A repressão foi castradora. A censura foi inimiga da inteligência. O analfabetismo foi aliado do regime que tolheu futuros e provocou anátemas.
Recordamos o dia de Abril em que tudo aconteceu, em Outubro, mês em que outra ruptura histórica pôs fim, há um século atrás, ao despotismo patético de condes e barões de um sistema caduco e retrógado.
Abril em Outubro foi a marca que desenhámos para fechar a porta das comemorações dos quarenta anos do 25 de Abril. Contamos com a presença de protagonistas, de jornalistas que deram as notícias em primeiro mão e de historiadores que trabalharam os relatos dos protagonistas. Vamos conversar com eles na Casa da Cultura. Casa que nasceu no local onde o Círculo Cultural de Setúbal transformou cultura em coisa viva. Como deve ser a cultura. Círculo que resistiu aos atropelos perpetrados pelo serôdio regime. Vamos recordar festejando. Festejaremos o fim do obscurantismo. Sempre. (José Teófilo Duarte)
Filha de um papa, três casamentos, um marido assassinado, um filho ilegítimo… tudo em apenas trinta e nove anos, em pleno Renascimento.
A vida de Lucrécia Borgia foi realmente incrível e merece, sem dúvida alguma, ser contada. Tentaram-no escritores, filósofos, historiadores, e, recentemente, foram-lhe dedicadas séries televisivas de sucesso, tanto em Itália como no estrangeiro. Agora, Dario Fo, Prémio Nobel, afastando-se das reconstituições escandalosas ou puramente históricas, revela-nos num romance magistral, o único escrito pelo autor, toda a humanidade de Lucrécia, libertando-a dos clichés de mulher dissoluta e incestuosa e inserindo-a no contexto histórico e na vida quotidiana da sua época. Assim, ante os nossos olhos desfila o fascínio das cortes renascentistas, com o papa Alexandre VI – o mais corrupto dos pontífices –, o diabólico irmão Cesare, os maridos de Lucrécia – perseguidos, mortos, humilhados – e os seus amantes, acima de todos Pietro Bembo, com o qual partilhava o amor pela arte e, em especial, pela poesia e pelo teatro. Todos peões dos impiedosos jogos de poder. Uma verdadeira academia do nepotismo e do obsceno, entre festas e orgias.
Poucos treinadores terão sido tão seguidos e escrutinados. De tal modo que qualquer pessoa, onde quer que se encontre, parece ter uma opinião sobre Sven-Göran Eriksson, ou o Senhor Futebol,como também é conhecido. Aqui, neste livro, ele conta-nos tudo sobre a sua vida dentro e fora dos relvados. Não só são revelados vários conflitos entre os atletas das equipas por onde passou como, também, o inacreditável comportamento de alguns jogadores da Roma que, perante a possibilidade de se sagrarem campeões, preferiram aceitar dinheiro e terminar o campeonato em segundo lugar. Ou, ainda, o escândalo em que se viu envolvido com uma mulher, em Inglaterra, que por pouco não o fez abandonar o futebol pela porta pequena.
A passagem pelo Benfica, clube que, depois de Eriksson, não mais voltou a ser bicampeão nacional, também merece destaque neste livro. “Encontrei um futebol português muito mais sujo.” São suas estas palavras, proferidas depois da sua segunda passagem pelo clube da Luz, entre 1989 e 1992.
Primeiro seleccionador estrangeiro a orientar a Inglaterra, viveu em Londres o inferno dos paparazzi e dos escândalos.
A Sextante Editora publica o novo livro de contos de Rubem Fonseca, Amálgama. Aqui, reencontramos o estilo único do maior contista brasileiro em histórias onde residem a crueza, o erotismo, a violência, a velocidade narrativa, o clima noir. Ao longo de 32 contos e dois surpreendentes poemas, somos confrontados com personagens e situações unidas pela tristeza, pela dor, pela raiva, pelo fracasso, pela ternura e pelo amor, uma verdadeira amálgama de vidas que se constroem e se destroem num instante.
Rubem Fonseca é um dos maiores escritores lusófonos da atualidade e, nos últimos anos, considerado por muitos como o principal candidato ao primeiro Prémio Nobel da Literatura brasileiro. A Sextante Editora tem já publicados seis livros deste consagrado autor.
O LIVRO
Um assassino de anões que reflete sobre o amor; um homem que mata gatos e cães mas tem pudor em proferir palavras torpes; um rapaz que odeia gente má e usa a sua bicicleta como instrumento da justiça; vários escritores frustrados. No mais recente livro de Rubem Fonseca, os contos e alguns poemas – pungentes, intrigantes, secos como um soco – perambulam pela cidade.
Ignacio Matus é um professor que, ano após ano, insiste em transmitir aos alunos a vergonha nacional que constituiu a perda do estado mexicano do Texas para os Estados Unidos da América, o que leva à sua expulsão do estabelecimento de ensino.
Ferido no seu patriotismo, decide criar um exército no qual se alistam crianças deficientes, que sai da cidade de Monterrey com a missão de atravessar o rio Bravo para recuperar o Texas e, com ele, a dignidade nacional.
Ao chefiar este louco plano militar, Ignacio Matus revela um antiamericanismo que se deve não só à perda do território mexicano, mas também à firme convicção de que um atleta norte-americano lhe arrebatou a glória nas Olimpíadas de Paris.
Romance inquietante, irónico e comovente, onde os fracassos das personagens os transformam em verdadeiros heróis, O Exército Iluminado ilustra o génio literário de David Toscana, confirmando-o como um dos mais originais escritores dos nossos dias.
Com crise ou sem ela, o pão e o vinho nunca faltaram na mesa dos Portugueses, fazendo parte da sua matriz identitária; nas últimas décadas, tornaram-se até produtos de culto, multiplicando-se pelo País fora as padarias que vendem pães de todo o tipo e os produtores de vinho que oferecem verdadeiros elixires a que ninguém resiste.
O presente livro aborda as origens destes dois elementos tão típicos da nossa gastronomia, mas vai muito mais longe, resgatando do património etnográfico as tradições a eles associadas.
Adivinhas, provérbios, superstições, contos e lendas, manifestações religiosas e culturais, apontamentos sobre o seu uso na culinária, bem como um sem-número de curiosidades divertidas e inesperadas, compõem uma obra irresistível sobre a história do pão e do vinho que tantas vezes se confunde, afinal, com a da nossa existência e sobrevivência.
O livro, o 25º romance do autor, tem como fio condutor um prédio algures em Lisboa e as vidas das pessoas que nele vivem, mas este é apenas um pretexto para António Lobo Antunes nos maravilhar com a sua escrita única e a sua descida cada vez mais fundo ao que de mais íntimo há em cada um de nós.
Quatro histórias que se entrelaçam numa peça que traz aos espectadores de hoje, a experiência vivida por muitos portugueses às mãos da PIDE, durante os anos da ditadura. Uma profunda reflexão sobre a resistência, o medo, a humilhação, a dor e a dignidade do ser humano – esta é a proposta que fazemos ao espectador de hoje, às novas gerações que provavelmente terão dificuldade em compreender a sua real dimensão.
A Conversa de Bolzano — mais uma das obras-primas do grande escritor húngaro — é um romance sensual e repleto de suspense sobre o sedutor mais famoso do mundo e o encontro que o irá mudar para sempre. Em 1756, Giacomo Casanova escapa de uma prisão veneziana e ressurge na pequena cidade de Bolzano. Aqui, Giacomo recebe um visitante indesejado: o envelhecido, mas ainda temível, duque de Parma, que anos antes o havia derrotado num duelo por uma dama deslumbrante chamada Francesca, tendo-lhe poupado a vida sob a condição de que não voltasse a vê-la. Agora, o duque está casado com Francesca — e intercetou uma carta de amor do seu antigo rival. Ao invés de matar Casanova de imediato, o duque faz-lhe uma oferta surpreendente, que é lógica, perversa e irresistível.
Transformando um episódio histórico numa brilhante exploração ficcional sobre a ligação entre desejo e morte, A Conversa de Bolzano é outra prova de que Sándor Márai é uma das vozes mais marcantes do século xx.
O júri do Prémio LeYa, reunido ontem e hoje em Alfragide, deliberou por unanimidade distinguir a obraO Meu Irmão, de Afonso Reis Cabral.
O livro premiado trata de um tema delicado, que poderia suscitar uma visão sentimental e vulgar: a relação entre dois irmãos, um deles com síndrome de Down. A realidade é trabalhada de uma forma objectiva e com a violência que estas situações humanas, podem desenvolver, dando também um retrato social que evita tomadas de decisão fáceis, obrigando a um investimento numa leitura que nos confronta com a dificuldade de um mundo impiedoso. Há no entanto uma tonalidade lírica na relação que se estabelece entre dois deficientes e que salva, através de apontamentos de poesia e de humor, o desconforto de quem vive este problema.
Limiar dos Pássaros e Memória Doutro Rio são as duas novidades da Assírio & Alvim Dois livros de Eugénio de Andrade regressam às livrarias, no dia 17 de outubro: Limiar dos Pássaros e Memória Doutro Rio, com prefácios de Pedro Eiras e Fernando Guimarães, respetivamente.
Limiar dos Pássaros foi publicado, pela primeira vez, em 1976, e divide-se em três partes: «Limiar dos Pássaros», «Verão sobre o Corpo» — um conjunto de textos em prosa — e «Rente à Fala». Estas partes estruturam o livro e estabelecem entre si uma continuidade que permite associálas musicalmente a três andamentos de uma mesma obra.
Publicado pela primeira vez em 1978, Da Rosa Fixa, de Maria Velho da Costa, ganha uma nova edição, que agora se apresenta profundamente revista e com um prefácio de Jorge Fernandes da Silveira. Este livro chega às livrarias no dia 17 de outubro, com a chancela Assírio & Alvim.
«Os livros de amor são escritos com uma exterioridade absoluta. Partilham a surpreendente resposta do vegetal à respiração que aflore, ao acto do derrame de águas, indirecto. População de agrários hortícolas e floreiros, há que aguardar aqui com a gentileza tersa do felino que caça levitando sobre folhas, a ameaça tão leve.»
Algumas páginas deste livro estão disponíveis aqui.
A escrita da Claudia Clemente tem essa plenitude de quem pode correr todos os riscos e lançar-se em estruturas narrativas complexas. De quem sabe que o ritmo de um texto não depende da cronologia dos acontecimentos. Conquistar o leitor com temas por demais batidos – como a própria autora reconhece ao invocar Eça de Queiroz-, e fazê-lo com uma elegância e um nível de dissimulação que tudo transforma numa nova história, preso que ficamos à sua forma inovadora de a contar. Não é possível não se render a esta escrita.
Plantei a semente da palavra
Antes da cheia matar o meu gado
Ensinei ao meu filho a lavra e a colheita
num terreno ao lado
[José Afonso]
NO ESTRADO DA ALEGRIA | A criação não depende apenas de conceitos, imagens ou da procura de novos caminhos. Pode resultar de uma compreensão da realidade com todas as práticas: erros, desvios, acidentes e entendimentos de experiências vividas. A criação não é um programa de variedades, é um diálogo sério sobre a realidade. Criar é fazer uma nova ilustração do mundo. O mundo precisa permanentemente de coisas novas. Mas o mundo pode ser a mesa onde estão sentados os nossos cúmplices. Digo eu, e, muito sinceramente, é por aí que respiro.
Lançar luz sobre os problemas mais sérios e, ao mesmo tempo, não proferir uma única frase séria, estar fascinado pela realidade do mundo contemporâneo e, ao mesmo tempo, evitar qualquer realismo, eis A Festa da Insignificância, o novo romance de Milan Kundera, 13 anos depois do anterior, no qual o autor coloca em cena quatro amigos parisienses que vivem numa deriva inócua, característica de uma existência contemporânea Os que conhecem os livros de Kundera sabem que a intenção de incorporar uma parte de «não-sério» num romance não é de todo inesperada. Em A Imortalidade, Goethe e Hemingway passeiam juntos por vários capítulos, conversando e divertindo-se.
E, em A Lentidão, Vera, a esposa do autor, diz a seu marido: «Sempre me disseste que um dia querias escrever um romance em que nenhuma palavra fosse a sério… Só quero avisar-te: cuidado, os teus No entanto, em vez de prestar atenção, Kundera realiza finalmente na plenitude o seu velho sonho estético neste romance, que pode ser visto como um resumo surpreendente de toda a sua obra.
A Mística de Putin – O culto do poder na Rússia leva o leitor numa jornada através da Rússia de Vladimir Putin, designado pela revista Forbes, em 2013, como o homem mais poderoso do mundo. Este é um país neofeudal em que iPads, a filiação na OMC e os fatos de luxo escondem uma estrutura de poder saída diretamente da Idade Média, em que o soberano é visto ao mesmo tempo como divino e demoníaco, em que a riqueza de um homem é determinada pela sua proximidade com o Kremlin, e em que grandes camadas da população vivem numa complacência interrompida por acessos de revolta.
De onde vem este tipo de poder? A resposta não reside no líder, mas no povo: no trabalhador empobrecido que recorre diretamente a Putin para pedir ajuda, no empresário, nos agentes de segurança e nos altos-funcionários do Governo de Putin – muitas vezes disfuncional – que se viram para o seu líder à procura de instruções e de proteção.
Nos anos da Revolução, este homem participou em atentados que puseram o país a ferro e fogo. A voz do comandante Paulo, «o Puto», ouve-se agora pela primeira vez. E conta tudo.
Aos 17 anos foi bater à porta da tropa para ser comando, e o lendário capitão Jaime Neves chamou-lhe «Puto». E «Puto» ficou. Depois participou no 7 de Setembro de 1974; prenderam-no, e evadiu-se da penitenciária. Voltaram a prendê-lo, e fugiu da Tanzânia antes de ser fuzilado. De refugiado na África do Sul seguiu para Angola; assaltou quartéis para obter armas, formou o esquadrão Chipenda, conquistou cidades após cidades para a FNLA. Aí deixou de ser «Puto» para ser Paulo, comandante Paulo. Colaborou na evacuação de Moçâmedes e ia morrendo à sede no deserto. A seguir, o Puto e os outros vieram para Portugal. Queriam apresentar a factura – foi a altura dos atentados bombistas (na Associação Portugal-Moçambique, na torre do radar do aeroporto, em duas torres de alta tensão na Vialonga), uns atrás dos outros, até voltar a ser preso e condenado, primeiro a 16 e no final a 34 anos de cadeia. Mas nem o comandante Paulo nem os seus camaradas eram de ficar presos; cavaram um túnel na segunda mais segura cadeia da Europa, em Alcoentre, e dali escaparam 131 prisioneiros, na maior fuga de que no Ocidente há notícia.
A guerra que começou há 100 anos descrita por um dos maiores historiadores militares no nosso tempo.
Um acontecimento com a relevância da Primeira Guerra Mundial requer ser retratado por um historiador distinguido e, em A Primeira Guerra Mundial, que a Porto Editora publica a 10 de outubro, Sir John Keegan leva a cabo a missão de escrever para a atual geração sobre a grande guerra que influenciaria todo o século XX. Para além da descrição das batalhas em terra, no ar e no mar, Keegan revela o contexto em que estas acontecem e interpreta de forma fascinante os contornos das estratégias militares.
Ao longo de dez capítulos, acompanhados por mapas e fotografias da época, este documento fundamental e de mérito internacionalmente reconhecido permite compreender as vicissitudes dos quatro anos de guerra que mudaram o mundo. A presente edição é enriquecida com um texto de Maria Fernanda Rollo e Ana Paula Dias, historiadoras e tradutoras deste livro, em que se analisam a participação portuguesa na guerra e as suas consequências para o futuro de Portugal.
Um ensaio provocatório. Uma análise impiedosa dos nossos defeitos. Uma obra polémica que não deixará ninguém indiferente, mas deixará cada um pensar sobre quem somos e, principalmente, quem queremos ser, como povo e como indivíduos.
Numa altura em que a troca de ideias se espartilha em um ou dois modelos oficiais de debate, Gabriel Magalhães expõe ideias com uma clareza, um desassombro e uma serenidade que nos faz acreditar que a liberdade de pensamento e opinião ainda existe e é praticável.
O que faria Salazar hoje? O autor do presente conto, que não o assina, pois não deseja que, à semelhança do que aconteceu com o actor da história original, o confundam com o personagem principal, espera que não vejam este trabalho com o sentimento de alguém que faz a apologia do salazarismo e do Estado Novo.
Deseja tão-somente que se faça hoje uma reflexão dos 40 anos de democracia que já temos, sem esquecer os 40 anos de poder que foi dado a Salazar.
É nesta intersecção histórica em que nos encontramos que devemos imaginar como seria Portugal se, tal como aconteceu no caso real de Pedro Montoya, aparecesse por aí novamente o ditador Salazar.
Em poucos países a história estará tão representada na gastronomia como no México. À enorme diversidade de sabores, cores e ingredientes da cozinha pré-hispânica, juntou-se uma variedade de pratos resultante do contacto com os espanhóis, originando uma gastronomia rica, variada e mundialmente reconhecida.
Também a cultura está muito presente na cozinha mexicana, sendo Frida Kahlo um exemplo particularmente cativante. A grande pintora gostava de cozinhar à maneira antiga e usando métodos tradicionais, organizando longos serões com pratos que deliciavam não só o seu amado Diego como também os inúmeros amigos que acorriam à Casa Azul.
Em À Mesa com Frida Kahlo, cada receita é apresentada de uma forma clara, desde a sua preparação até ao acto de servir, e enriquecida com sugestões e truques. Ao longo do livro, os leitores podem conhecer igualmente a história de alguns ingredientes, utensílios ou pratos mexicanos, bem como aspectos da vida e a obra da artista. Desta forma, são apresentadas algumas curiosidades sobre o seu percurso, reproduzidos com uma explicação alguns dos seus principais quadros e apresentada uma cronologia com os momentos mais relevantes da vida de Frida Kahlo. O resultado é um livro inovador e surpreendente que fará as delícias de qualquer amante da cozinha e da grande pintora mexicana.
A partir da primeira afirmação decisiva «Estou muito nas mãos de Deus», até a reflexão de que «O tempo está cumprido», e o último Deo gratias (Graças a Deus), acompanhamos Karol Wojtyla – João Paulo II – em momentos-chave da sua vida e ministério.
Não somos cegos, caro padre, somos apenas homens. Vivemos numa realidade movediça a que tentamos adaptar-nos tal como as algas se vergam sob os empurrões do mar. À Santa Madre Igreja foi explicitamente prometida a imortalidade; a nós, enquanto classe social, não. Para nós, um paliativo que prometa durar cem anos equivale à eternidade. Poderemos talvez preocupar-nos pelos nossos filhos, ou até pelos netinhos; mas para além do que possamos ter a esperança de acariciar com estas mãos não temos obrigações; e eu não posso preocupar-me com o que serão os meus eventuais descendentes no ano de 1960.
A Igreja, sim, tem de tratar disso, porque está destinada a não morrer. No seu desespero está implícito o conforto. E julgais que, se pudesse agora ou se puder no futuro salvar-se com o nosso sacrifício, ela não o faria? É claro que o faria, e faria bem.
O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, D. Quixote.
(diálogo entre o príncipe de Salina e o seu confessor, o padre Pirrone, na expectativa do desembarque na Sicília das tropas piemontesas lideradas pelo general Garibaldi, em 1860).
A Liberdade de Pátio, venceu hoje o Grande Prémio APE de Conto Camilo Castelo Branco, na sua 22ª edição. É já a segunda vez que o escritor Mário de Carvalho recebe este prémio.
Instituído em 1991, ao abrigo de um protocolo entre a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e a Associação Portuguesa de Escritores (APE), o Grande Prémio do Conto destina-se a galardoar uma obra em língua portuguesa de um autor português ou de um país africano de expressão portuguesa.
Em A Liberdade de Pátio, Mário de Carvalho oferece-nos, na sua inconfundível escrita, um conjunto de narrativas curtas onde o insólito, a sua invulgar capacidade de observação e um apurado sentido de humor, são o fio condutor que nos prende à leitura.
Dá Voz à Letra quer encontrar, entre estudantes dos 13 aos 17 anos de escolas públicas e privadas da Área Metropolitana de Lisboa, o melhor leitor ou leitora em voz alta.
Grava um vídeo com a duração máxima de 3 minutos a ler, em voz alta, um texto à tua escolha.
Envia o teu vídeo entre 29 de setembro e 29 de Outubro de 2014 (23h59GMT)
e habilita-te a uma viagem a Londres para 2 pessoas!
O MUNDO É DOS RICOS? | Francisco Louçã e Jorge Costa andam nisto há muito tempo. João Teixeira Lopes também. Os três resolveram dizer-nos como vivem os donos disto tudo e porquê.Escreveram este livro para contar a história. Como acaba assim um Banco como o BES? O mundo tem mesmo que pertencer a meia dúzia de famílias? Sempre foi assim? E não pode ser diferente? Vamos conversar com dois dos autores desta obra: Francisco Louçã e Jorge Costa. Considerem-se convidados. Apareçam. (José Teófilo Duarte)
Sara cresceu, deixou de ser criança e arrumou a sua velha boneca dentro de uma caixa. Tornou-se jornalista, mas sente-se desanimada com a vida e a profissão, até porque lhe sobra cada vez menos tempo para dedicar à filha. Um desabafo com Vasco, o marido, leva-os a empreender uma viagem à infância e aos sonhos que acalentavam antes de se tornarem adultos. Será que ainda irão a tempo de os cumprir?
Entretanto, também a Boneca dá a conhecer o que foi a sua vida e a forma como se sente hoje, fechada numa arrecadação, sem sequer uma janela por onde ver o mundo.
Amarrada à Tua Mão é uma peça de teatro intercalada de canções compostas por Manuel Paulo, mas é, além disso, um texto profundamente actual e oportuno, fundamental para compreendermos a vertigem da sociedade contemporânea e o seu impacto nas nossas vidas.
O escritor António Lobo Antunes vai receber no próximo dia 6 de Outubro o Doutoramento Honoris Causa da Universidade Babes-Bolyai de Cluj, na Roménia, uma das mais antigas e prestigiadas da Europa Central e Oriental (www.lett.ubbcluj.ro).
A distinção, resultado de uma decisão unânime dos membros do Senado daquela Universidade, é atribuída a António Lobo Antunes pela sua “contribuição excepcional para a literatura mundial” e, também, pela “difusão da cultura portuguesa no Mundo”. O mais alto título académico da Universidade Babes-Bolyai de Cluj tem reconhecido personalidades com realizações notáveis nos domínios científico, artístico, filosófico e teológico. Mario Vargas Llosa, Prémio Nobel da Literatura,Jacques le Goff, historiador francês, Angela Merkel, Chanceler Alemã, e Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, são algumas das individualidades recentemente distinguidas com o mesmo grau académico.
Um dia depois da cerimónia, no decorrer da abertura do Salão do Livro da Transilvânia, onde serão apresentadas as edições romenas dos livros do autor, António Lobo Antunes receberá, também, o Grande Prémio de Excelência do Salão do Livro.
De referir, por último, que a Dom Quixote publicará o mais recente livro de António Lobo Antunes, Caminho Como Uma Casa Em Chamas, no próximo dia 21 de Outubro.
Na década de 1950, em Israel, Momik, um rapazinho de nove anos, filho de judeus sobreviventes do Holocausto nazi, interpreta à sua maneira os silêncios e os fragmentos de conversas dos adultos sobre o que viveram na terra «de Lá». Convencido de que a «Besta nazi» é, literalmente, um monstro horrendo, resolve atraí-la à cave de sua casa para poder domesticá-la com a ajuda do avô Anshel Wasserman, que aparentemente ficou louco num campo de concentração.
Já adulto, e agora romancista, Momik recria literariamente a história de Bruno Schulz (1892-1942), escritor polaco morto por um soldado nazi no gueto de Drohobycz. Na variante inventada por Momik, porém, Schulz foge para Danzig e atira-se ao mar do Norte, em cujas profundezas vive uma aventura fantástica e alegórica.
Narrado a várias vozes, fundindo géneros e estilos, o romance Ver: Amor percorre de modo não linear praticamente todo o século xx, tendo como núcleo a experiência indizível do Holocausto.
Nas livrarias a 30 de Setembro
Porto Editora publica A maior flor do mundo, de José Saramago.
A maior flor do mundo, livro para crianças de José Saramago, publicado originalmente em 2001, termina com uma questão: se as histórias para crianças fossem de leitura obrigatória para os adultos, seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar? Porque esta é, sem dúvida, uma obra sublime e de leitura obrigatória, a Porto Editora publica uma nova edição deste livro, com as ilustrações originais (e premiadas) de João Caetano, já disponível nas livrarias.
Em A maior flor do mundo, Saramago estabelece um imaginativo jogo com o leitor, transformando-se em personagem. Começa assim: «As histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples, porque as crianças sendo pequenas, sabem poucas palavras e não gostam de usá-las complicadas.
Nos seus dias de adolescente, Tsukuru Tazaki gostava de ir sentar-se nas estações a ver passar os comboios. Agora, com 36 anos feitos, é engenheiro de profissão e projecta estações, mas nunca perdeu o hábito de ver chegar e partir os comboios. Lá está ele na estação central de Shinjuku, ao que dizem «a mais movimentada do mundo», incapaz de despregar os olhos daquele mar selvagem e turbulento «que nenhum profeta, por mais poderoso, seria capaz de dividir em dois».
Leva uma existência pacífica, que talvez peque por ser demasiado solitária, para não dizer insípida, a condizer com a ausência de cor que caracteriza o seu nome. A entrada em cena de Sara, com o vestido verde-hortelã e os seus olhos brilhantes de curiosidade, vem mudar muita coisa na vida de Tsukuru. Acima de tudo, traz a lume uma história trágica, que a memória teima em não esquecer.
Um romance marcadamente intimista sobre a amizade, o amor e a solidão dos que ainda não encontraram o seu lugar no mundo.
Nas livrarias a 30 de Setembro
«Este volume colige uma parte significativa das crónicas que publiquei entre 2008 e 2013, na revista LER, a convite de Francisco José Viegas e João Pombeiro. Seleccionei as que me parecem poder resistir ao crivo do tempo. Eventuais rasuras ou alterações de pormenor não beliscam o espírito original. A que dá o título ao conjunto, Pompas Fúnebres, pode ser lida como um conto (nessa ambiguidade reside a sedução do género). O espectro de temas versados é muito amplo.» Eduardo Pitta
Simultaneamente um thriller e um romance histórico, este é um livro original e inovador: original pelos temas que traz – um mistério por resolver em 1866 na cidade de Hokitika, Nova Zelândia, que reagrupa o destino de doze personagens – e inovador pela estrutura reinventada dos romances vitorianos.
A corrida ao ouro, o tráfico de ópio, a prostituição e a expiação do passado de cada uma das personagens, além de um grandioso mistério por resolver, relevam a singularidade desta obra, iluminada por referências astrológicas, chaves simbólicas orientadoras do destino das personagens. Surpreendente e viciante, trata-se de ficção ao mais alto nível literário. Este romance de Eleanor Catton é incontornável, tendo sido reconhecido com o Man Booker Prize 2013.
Antes do princípio, ao vazio chegou um órgão. Com esse órgão, o vazio encheu-se de música, e o Criador, atraído pelo som, resolveu tocar ele mesmo o extraordinário instrumento. Então a música passou a ser invenção e revelação, e a cada sopro do órgão apareceram o cosmos, o tempo, os primeiros seres vivos e, por fim, o homem e a mulher, tal como os conhecemos, criados pelo Organista.
Esta é uma prodigiosa fábula sobre a criação do Universo e a relação dos homens com Deus, pela mão de uma escritora que dispensa apresentações.
Um livro em edição bilingue, português e inglês, que será publicado poucos dias antes de mais uma edição do Escritaria, em Penafiel, que este ano homenageia a autora de O Dia dos Prodígios.
Desculpa, é a primeira palavra desta novela, atitude de quem timidamente inicia uma conversa que sabe intrusiva, de quem receia incomodar. Não espera respostas, nem pretende ser entendido, a barreira da língua assegura-lhe essa reserva de intimidade. Um ser escutado sem ser ouvido. Pouco mais lhe pede, adormecido em expectativas ausentes que não afectam ninguém. Só ali, em Macau, com um copo de whisky na mão isso é possível, ali ou em outro local qualquer onde fosse mais um homem com um copo de whisky na mão.
Este é o mais recente livro de Patrícia Reis, cujo lançamento é daqui a bocado.
O Stoner do título é o protagonista deste romance – um obscuro professor de literatura, que até ao dia da sua morte dá aulas numa obscura universidade do interior americano. A sua vida, brevemente descrita nos dois primeiros parágrafos, oferece um triste obituário. O que se segue, numa prosa precisa, despojada, quase cruel, é a sucessão dos falhanços de uma personagem que perde quase tudo menos a entrega à literatura. O romance foi publicado em 1965, e caiu no esquecimento. Tal como o seu autor, John Williams.
Passados quase 50 anos, porém, o mesmo cego amor à literatura que movia a personagem principal levou a que uma escritora francesa, Anna Gavalda, traduzisse o livro perdido. Outras edições se seguiram, em vários países da Europa. E em 2013, quando os leitores da livraria britânica Waterstones foram chamados a eleger o melhor livro do ano, escolheram uma relíquia – e não as novidades publicadas nesse ano. Julian Barnes, Ian McEwan, Bret Easton Ellis, entre muitos outros escritores, juntaram-se ao coro e resgataram a obra, repetindo por outras palavras a síntese do jornalista Bryan Appleyard: “É o melhor romance que ninguém leu”.
Quando a Alemanha declara guerra a Portugal em 1916, Miguel Vieira, um jovem médico do Porto, voluntaria-se para integrar o Corpo Expedicionário Português e parte para a frente de combate, na Flandres. Encontra-se nas trincheiras aquando do ataque devastador dos alemães às tropas portuguesas, naquela que ficará conhecida como a Batalha de La Lys. Como responsável pelo Posto de Socorro Avançado, é chamado a tomar decisões dramáticas, uma das quais envolve o seu melhor amigo. Será, de resto, por causa dele que, num castelo transformado em hospital de guerra, conhece e se apaixona por Alexandrine Roussel, uma francesa de espírito indomável que tem a ambição de se tornar médica e trava uma luta sem tréguas pela emancipação das mulheres e pela liberdade.
Amor Entre Guerras, que se baseia na história dos bisavós maternos da autora, é um romance fascinante sobre uma família entre 1916 e as vésperas da Segunda Guerra Mundial, oferecendo-se ainda como relato das convulsões que o mundo atravessou na época e como testemunho da vida quotidiana em Moçambique.
«Que reste-t-il de nos amours?» É a indagação nostálgica de uma bela canção de Charles Trenet, dos tempos da grande música europeia. É, também, de algum modo, o fio interrogativo de um livro em que se questiona a forma como foi possível passar de uma construção europeia destinada a assegurar a solidariedade e a prosperidade de um continente devastado – criando estruturas jurídicas de organização social e económica que se impuseram ao Mundo –, para um continente cada vez mais irrelevante, cujos valores fundadores se desvaneceram quase por completo.
Como se passou de um projecto comum, em que todas as vozes e vontades se juntavam, a um (des)agregado de países, alguns unidos por pouco mais do que uma moeda comum, em que os interesses nacionais a tudo se sobrepõem, e os conflitos e ódios florescem? Onde errámos? Nos termos da própria criação do Mercado Comum? No Tratado de Maastricht e nas suas revisões? Nos poderes não controlados, outorgados a um grupo de políticos com legitimação frágil e a uma massa anónima de eurocratas insensíveis? Ou teremos errado ao criar o ambiente que levou à passagem de uma Alemanha Europeia a uma Europa Alemã?
Num livro pontuado pela decepção, mas em que persiste a ilusão do grande sonho europeu, há ainda espaço para a apresentação de um programa geral de acção para a Europa: democratizar, desenvolver e “desgermanizar”. Existirá uma Europa capaz de responder a este programa?
Uma mulher cresce protegida pela austeridade do pai – um Coronel – que, para além do bem-estar da família, tem como paixão um Ford Mustang branco titânio a rolar nas estradas da cidade da Beira, em Moçambique. Alheada da guerra civil que domina a ex-colónia portuguesa, apaixona-se pela pele curtida de um guerrilheiro. Vinte anos mais tarde, no seu apartamento, numas minúsculas águas-furtadas em Saint-Germain-des-Près, ela continua marcada pelas lembranças que tem deste catanador de chissamba – Caju, de seu nome, tal como o fruto.
Quando um conjunto de acasos a leva ao septuagésimo nono andar da Torre Montparnasse, reencontra o seu velho amor no ambiente cosmopolita de Paris, apertado pelos fatos cintados da alta-costura e de braço dado com o dinheiro.
De imediato, é enredada numa teia de negociatas de contornos densos, misteriosos e devassos que a conduzem à prisão – e ao passado.
O DIA EM QUE O DN CONTOU: O ‘leão de Gaza’, senhor do segundo maior império de África no século XIX, seria capturado a 28 de dezembro de 1895, pelo jovem major de cavalaria Mouzinho de Albuquerque. A notícia chegaria a Lisboa sete dias depois. O folhetim haveria de marcar presença nas páginas do DN entre 4 e 10 de janeiro. E regressar de 13 a 16 de março para relatar a chegada da “pretalhada” que, metida numa jaula, atravessaria a cidade e pararia no Jardim Botânico… para exibição.
Um artigo de Artur Cassiano.
No dia em que Gungunhana desembarca na Praça do Comércio, não é só o régulo Moçambicano que se encontra perdido, também Mouzinho lhe seguirá os passos, acabando “desterrado” de Moçambique, enviado para a corte como percetor do príncipe herdeiro. Um confronto de personalidades onde o lado selvagem e cru habita as circunstâncias de cada um. Este é um dos eixos narrativos do romance que Ana Cristina Silva dedicou a este episódio da história da presença portuguesa em África.
Um livro que o Acrítico – leituras dispersas – recomenda.
«Quando o desejo de viver é imenso, uma vida não é suficiente»
A vida de C. parecia perfeita: era uma mulher bonita e inteligente, tinha um casamento realizado, um emprego estável, uma vida tranquila. Um dia, inesperadamente, o seu corpo é encontrado sem vida. Estamos perante um suicídio? Foi a jovem e bela mulher assassinada?
Enquanto o marido, homem egocêntrico e ambicioso, e a melhor amiga, racional e objectiva, procuram entender as razões da morte, o aparecimento em cena de um amante solitário e de um enigmático amigo poeta complicam uma explicação.
A par destas quatro vozes que relatam a secreta, enigmática ou frustrada relação que mantinham com a vítima, numa tentativa de compreender o mistério em volta desta morte, também a polícia vai fazendo o seu trabalho. Que segredos escondem estas quatro pessoas?
Obra de intenso mistério, Como se fosse a última vez é uma viagem às profundezas das emoções humanas e uma inteligente procura do sentido da vida. Sobretudo, quando o desejo de a viver é incontrolável…
Um homem está sozinho num bar, em Macau. Longe da pátria, mas afogado no whisky e nas memórias – pequenos momentos, frases, acontecimentos que vão derretendo como o gelo no fundo do copo. A sua interlocutora imaginária é a mulher estranha que está do outro lado do balcão. Uma mulher que lhe parece ser uma potencial salvação, mas que se torna apenas o eco do seu monólogo interior. Ela não sabe quem ele é e tão-pouco falam o mesmo idioma. Raramente o encara. Ele continua a contar-lhe a sua história de vida. Por pedaços. De forma não-linear. Ao mesmo tempo, inventa-lhe diversos cenários. Será ela alguém que, como o personagem principal, é um acumular de histórias ou de banalidades?
Esta novela, vencedora do Prémio Nacional de Literatura Lions Portugal 2013-2014, é uma nova forma de trabalhar o discurso interno, as memórias, sempre com a indicação de uma certa polifonia, já habitual nos livros de Patrícia Reis.
O novo livro de Poesia do autor vencedor, em 2013, do Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana.
Nuno Júdice formou-se em Filologia Românica pela Universidade Clássica de Lisboa. É professor associado daUniversidade Nova de Lisboa, onde se doutorou em 1989 com uma tese sobre Literatura Medieval. Entre 1997 e 2004 desempenhou as funções de Conselheiro Cultural e Director do Instituto Camões em Paris.
Tem publicado estudos sobre teoria da literatura e literatura portuguesa. Entre outras, publicou as edições de Sonetos de Antero de Quental, do Cancioneiro de D. Dinis, e Os Infortúnios Trágicos da Constante Florinda de Gaspar Pires Rebelo. Publicou o primeiro livro de poesia em 1972. Recebeu os mais importantes prémios de poesia portugueses: Pen Clube em 1985, Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus em 1990 e da Associação Portuguesa de Escritores em 1994. O seu romance Por Todos os Séculos recebeu o prémio Bordalo da Casa da Imprensa.
Um admirável conjunto de seis contos, que de algum modo retractam o lado negro da alma humana: a cobardia, a traição, a prepotência, a vaidade.
Um dos contos, «Noite, mar ou distância» passa-se em Lisboa, em 1969, e remete, sem o dizer, para um célebre poema de Alexandre O’Neill «Sigamos o Cherne» e para uma Lisboa sombria nos anos finais da ditadura.
Na sua nota introdutória, Antonio Tabucchi define assim os anjos que lhe inspiraram estes contos: «Os anjos são seres difíceis, principalmente os da espécie de que se fala neste livro. Não têm penas macias, têm um pelame ralo, que pica.»
A primeira “elite” de mulheres que lutou contra a ditadura no pós-guerra nasceu no Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUDJ, 1946-1957).
Filhas de juízes, de conservadores, de médicos, advogados, militares, ou de empresários, filhas de oposicionistas, republicanos sobretudo, elas foram jovens escolarizadas à procura de respostas políticas novas, diferentes das de seus pais. Burguesas, muitas universitárias, que arrastaram operárias e trabalhadoras rurais para o MUDJ, com a sua capacidade de liderança e de organização.
Este trabalho destina-se a dar visibilidade às raparigas do MUDJ, que arriscaram, estiveram presas, leram livros proibidos, recrutaram, discursaram, militaram nas campanhas, discutiram animadamente nos cafés, e desafiaram até a moral e os bons costumes do tempo, com a sociabilidade mista, que juntava raparigas e rapazes nos passeios no campo, nos piqueniques, ou cantando Lopes Graça. Vai à procura das que começaram a sua vida política no MUDJ e das muitas que passaram da luz à sombra, mesmo quando não desistiram de lutar contra a ditadura.
Orlando Raimundo – o jornalista que trouxe ao conhecimento público o famoso documento encontrado nos Arquivos de Salazar (de início atribuído a Franco Nogueira mas que veio a saber-se ser de André Gonçalves Pereira), propondo abdicar das colónias menos importantes para resistir em Angola e Moçambique – vem, neste ensaio biográfico, penetrar nos bastidores da história de Marcello Caetano para nos revelar as suas origens modestas, a ajuda dos amigos na sua formação, o núcleo de pressão que o levou ao poder, o drama vivido com a doença da mulher, a forma como a filha, Ana Maria Caetano, foi condenada a assumir o papel de primeira-dama – desistindo de um casamento com um advogado de grande prestígio – e, por fim, as determinações frias e racionais sobre a questão colonial que acabaram por levar à queda do regime em 1974 e ao seu exílio no Brasil.
Publicado originalmente em 2003, este livro foi revisto e aumentado, partilhando agora com os leitores novas e surpreendentes revelações que ajudam a entender ainda melhor o que foi, afinal, o marcelismo e o papel que desempenhou o império no imaginário e na política do século xx português.