
Monthly Archives: Agosto 2017
Umberto Eco | 14 lições para identificar o neofascismo e o fascismo eterno

Intelectual italiano, romancista e filósofo, autor de “O pêndulo de Foucault” e “O Nome da Rosa”, morreu em 19 de fevereiro, aos 84 anos; “O fascismo eterno ainda está ao nosso redor, às vezes em trajes civis”, diz Eco.
A Revista Samuel reproduz o texto de Umberto Eco “Ur-Fascismo”, produzido originalmente para uma conferência proferida na Universidade Columbia, em abril de 1995, numa celebração da liberação da Europa.
‘O Fascismo Eterno’
Em 1942, com a idade de dez anos, ganhei o prêmio nos Ludi Juveniles (um concurso com livre participação obrigatória para jovens fascistas italianos — o que vale dizer, para todos os jovens italianos). Tinha trabalhado com virtuosismo retórico sobre o tema: “Devemos morrer pela glória de Mussolini e pelo destino imortal da Itália?” Minha resposta foi afirmativa. Eu era um garoto esperto.
Depois, em 1943, descobri o significado da palavra “liberdade”. Contarei esta história no fim do meu discurso. Naquele momento, “liberdade” ainda não significava “liberação”.
A moral das séries históricas da televisão | Carlos Matos Gomes
Moral, razão e ficção. Não sou um consumidor regular de televisão, mas consumo séries, de preferência históricas. O mundo desses espectáculos é o de heróis e mártires, de santos e vilões. Pretendem colocar o cidadão comum fora do palco da vida. Eu gosto de heróis e vilões em conflito com mártires e santos, aceito a alienação e admito-a (que remédio!). Era aqui que pretendia chegar depois de ter visto alguns episódios de uma série internacional : Os Médicis ; e de uma série portuguesa: Madre Paula. Ambas as séries nos levam às antecâmaras do poder. Do poder absoluto, que é o único.
As peripécias são emocionantes, os cenários e os guarda-roupas magníficos. Somos fascinados e encadeados. Somos alienados. O mal é deliberadamente apresentado como um banquete sumptuoso. Se repararmos, os mais abjectos e criminosos actos são-nos servidos (impingidos) como factos aceitáveis. Um assassínio, um incesto, uma violação, uma traição, uma tortura, um roubo, uma guerra particular, um tráfico, um envenenamento, um massacre são meras e normais acções de exercício do poder, ou da sua conquista, realizadas por quem está a jogar um jogo dentro das suas regras, fora do mundo dos cidadãos comuns.
A comunicação social e a onda de incêndios | A OBRA DO DIABO | Zé-António Pimenta de França
Mostra-se nos canais de TV os incêndios horas e horas a fio. Procura-se descoordenações, falta de meios, falhas de equipamentos, faltas de todos os tipos.
Porém, ninguém se interroga, por exemplo, como se justifica esta imensa onda de fogos postos a que estamos a assistir. Quem está por detrás dela, tão vasta e espalhada pelo território nacional ela é. As televisões ficam-se pelo fácil, pela exibição alarve e acéfala dos incêndios.
Porque será que a origem da onda de fogos postos de dimensões nunca vistas não interessa às televisões? Por que motivo as reportagens, as notícias, se ficam por aí?
Todos sabemos que o fogo é um imenso negócio, pelo qual lutam consórcios de várias empresas. Há interesses poderosos organizados em torno do combate aos fogos.
Mas pelos vistos interessa que se esqueça as muitas dezenas de incendiários presos, a origem criminosa dos incêndios e a cobertura apenas se foque nos incêndios propriamente ditos, como de fossem obra de Deus. Ou do Diabo.
É isso, isto deve ser obra do Diabo…
Zé-António Pimenta de França
Retirado do Facebook | Mural de Zé-António Pimenta de França
MADRE PAULA DE ODIVELAS | A AMANTE MAIS FAMOSA DE D. JOÃO V | Jorge Henrique Letria
Religiosa portuguesa, Paula Teresa da Silva e Almeida, a mais célebre amante do rei D. João V, nasceu no ano de 1701, em Lisboa. Neta de João Paulo de Bryt, antigo soldado da guarda estrangeira de Carlos V e, mais tarde ourives em Lisboa, Paula Teresa entra, aos 17 anos, para o convento de Odivelas. Depois de um ano de noviciado, aí professa.
Por sua vez, D, João V, frequentador do convento de Odivelas onde tinha várias freiras amantes, que ia substituindo
conforme lhe parecia, uma vez topou com a soror Paula. Nessa altura, já a formosa freira era amante de D. Francisco de Portugal e Castro, conde de Vimioso e que recentemente havia sido agraciado com o título de marquês de Valença. Mas isso não constituía obstáculo à inflexível vontade do soberano que, chamando à parte o fidalgo lhe propôs: “Deixa a Paula que eute darei duas freiras à escolha”.
Olhar em tons escuros

A PRIVATIZAÇÃO DO ESTADO E A “DEMOCRACIA MODERNA” | José Goulão
Há muito que escutamos indiscutíveis lições a ensinar-nos o quão saudáveis são as privatizações para o nosso tecido económico, enquanto elas vão progredindo, tomando conta de tudo.
Todos os dias, em ambiente de acrescida e assustadora indiferença, somos testemunhas de fenómenos absurdos que gradualmente se vão inserindo, com anormal normalidade, num quotidiano cada vez mais em marcha – assim proclamam os tempos – que se acha moderno, inovador, de tal maneira prafrentex que até há quem goste de lhe chamar «progressista».
Isto por contraponto inquestionável ao «conservadorismo» de quem continua a defender que o ser humano deve ter direitos e não apenas deveres, uma vida decente e não uma servidão que alimente os números das estatísticas e os valores dos lucros ditados pelos sumos-sacerdotes do mercado.
É a «democracia moderna», sentenciam alguns que ganharam colunas de «referência» em observadores expressos e todos privados, embora alguns se digam públicos, correios, diários i jornais das notícias da manhã, da tarde ou da noite, todas iguais, mais ou menos polidas, por regra contaminadas pela verve do engano, pelo vírus da falsificação.
Nunca se explica muito bem o que é essa «democracia moderna», talvez porque faltem artes mágicas aos colunistas para convencerem leitores, ouvintes e espectadores de que é marchando em rebanho para a ditadura que se moderniza a democracia. Por isso navegam discorrendo com impagável sabedoria pelos pântanos daquilo a que chamam política, uma lama fedorenta e repugnante a que os cidadãos devem fugir cada um por si para tratarem do que é seu, entregando-se aos deuses ou à sorte, o que vem a dar no mesmo.
THE SACRED WINDOW

An old gift from Charlotte March | Woodstock Time | Flower Power

O cogumelo atómico em Hiroshima | 6 de agosto de 1945
O copiloto do Enola Gay, Tenente Robert A. Lewis, ao ver as dimensões do “cogumelo atômico”, gritou:
– Deus do Céu! Olhem só para aquela filha da puta!
Ao escrever nos seus registros, no entanto, acho que tal expressão não ficaria bem nos livros de história, e escreveu outra frase: “Meu Deus, o que fizemos?”

CULTURA – O QUE É? | Henrique Salles da Fonseca
Quando em 1938 Thomas Mann chegou aos Estados Unidos, fugindo ao nazismo, deu uma conferência de imprensa em que disse: «Onde eu estiver, está a cultura alemã».
Logo houve quem atribuísse esta frase a uma grande dose de arrogância e a simpatia com que foi recebido ficou claramente moldada pela impressão assim causada. Foi necessário esperar alguns anos para que essa frase fosse explicada pelo seu irmão mais velho, Henrique, quando nas suas memórias se refere ao episódio e o explica com a frase de Fausto: «Aquilo que de teus pais herdaste, merece-o para que o possuas».
Não fora, pois, arrogância mas sim um profundo sentido de responsabilidade que levara o escritor a identificar-se daquele modo com a sua própria cultura. O conhecimento do que outros fizeram antes de si já levara Hölderlin (1770 – 1843), o poeta atacado de mansa loucura, a afirmar que «Somos originais porque não sabemos nada».
Em 1518, Ulrich von Hütten (1488-1523), companheiro de Lutero, escrevia a um amigo que, embora fosse de origem nobre, não desejava sê-lo sem o merecer: «A nobreza de nascimento é puramente acidental e, por conseguinte, insignificante para mim. Procuro noutro local as fontes da nobreza e bebo dessa nascente. A verdadeira nobreza é a do espírito por via das artes, das humanidades e da filosofia que permitem à humanidade a descoberta e reivindicação da sua forma mais elevada de dignidade, aquela que faz distinguir a pessoa daquilo que também é: um animal.»
Ou seja, a nobreza conquista-se, não se adquire por via hereditária. Afinal, era isso que Mann significava quando chegou à América …
Bye Bye Blackbird | Cyrille AIMEE & Michael VALEANU
Dmitry Bocharov | Fotografia

Diário dos Infiéis | João Morgado
Nunca fica tudo dito sobre um amor que acaba.
Um romance maduro sobre homens e mulheres, casamento e infidelidade, desejo e amor. A solidão entre duas pessoas e o que ficou por dizer depois do adeus.
Numa viagem ao mundo do erotismo, descobrem que tudo se resume ao desejo ou à falta dele. E num diário de emoções íntimas, quatro casais, oito personagens, falam na primeira pessoa do que sentem dentro de si e em relação aos outros. Concluem que, cada um à sua maneira, todos acabaram por ser infiéis: por actos, pensamentos ou omissões. Um pecado que lhes valeu o castigo de não serem felizes para sempre.
Mas o que os faria felizes? Não sabem. Estão presos aos segredos do passado e aos medos do futuro. Por isso o espelho reflecte homens frágeis, acomodados e instintivos; Mulheres emocionalmente imaturas, reprimidas e artificiais.
Com vidas entrelaçadas, cada um escreve no diário a sua viagem pelo mundo do sexo, do desejo, do pudor, do egoísmo, do amor-próprio, do envelhecimento, do sonho e da morte… enfim, a matéria-prima da qual se faz a vida de gente banal. “Sobre nós ninguém escreverá um romance”, diz um dos personagens.
——
“Por vezes despir um pouco o corpo ajuda a vestir a alma (…) a lingerie tapa sempre demasiado e mostra sempre em demasia. E, entre extremos, levanta o véu da imaginação masculina, o que torna as mulheres mais desejáveis.
Excitar não é excitante?…”
João Morgado
In: Diário dos Infiéis
Romance, Casa das Letras
Retirao do Facebook | Mural de João Morgado
Tons cinza

HOPPER’S LIGHT | Edward Hopper

FRAGMENTOS MÍNIMOS DO “LIVRO DE EROS” | ILUSTRAÇÕES DE MARC CHAGALL | CASIMIRO DE BRITO

11
Não me amputes, amor. Não retires de mim a tua mão.
14
O sexo é um festim; amar, uma cerimónia.
37
Eros, um deus? Com saudáveis pés de barro.
60
A arte de amar, sem ti, não me serve para nada.
72
Vuci, fera, que não te estou a sentir.
97
Pássaro preso, o coração, quando se assusta.
108
Amando, separo o bem do mal. Ainda não aprendi a amar.
121
Essas vezes em que ele me ilumina, o sorriso de quem se afasta.
123
Alguma coisa me dás se me dás o eu desamor.
133
Uma paixão paciente?
Citando Victor Hugo

Bilderberg | O Clube Secreto dos Poderosos | Cristina Martín Jiménez
“Parece o argumento de um filme mas trata-se de algo real: o clube Bilderberg, que se reúne há 61 anos, congrega as individualidades mais poderosas do mundo e aqueles que um dia serão altos dirigentes”, afirma a TVI numa reportagem sobre o livro O Clube Secreto dos Poderosos, da jornalista Cristina Martín Jiménez. Esta sevilhana explica que os membros do Bilderberg “têm o poder como ideologia” e implementam “planos secretos para governar o mundo inteiro, destruindo gradualmente as soberanias nacionais e tirando aos países a capacidade de decidir. Desde o 25 de Abril que os portugueses estão muito alheados do que realmente se passa e muito dependentes dos políticos, que promovem certas pessoas e outras não. A crise terá sido fabricada entre quatro paredes para dar mais poder a quem já o tem.”
“José Sócrates foi ao Bilderberg um mês antes de ser líder do PS e um ano depois ganha as eleições legislativas. Quando eles vêem que alguém se pode destacar chamam-no e, se passar no teste, terá todo o apoio de Bilderberg”, garante Cristina Jiménez, recordando que António Costa é também – tal como Sócrates – outro servo das elites políticas, tendo ingressado no Bilderberg em 2008.
O vídeo acima inclui a entrevista que a escritora deu à revista Sábado.
Os partidos servem sociedades secretas e o sector financeiro | Elizabette Tavares
Na manhã de 29 de Julho, os telespectadores da SIC Notícias tiveram durante alguns minutos acesso à verdade, dita pela jornalista do jornal Expresso e da revista Exame Elisabete Tavares. A propósito da actual (e permanente) crise política, a jornalista afirmou que “os partidos não existem para nos servir, nem para servir a economia nem o país. Servem muitos interesses, desde sociedades secretas ao sector financeiro, e cada um tem os seus lobbies. Tem de existir uma mudança de mentalidade profunda na forma como o país é pensado, gerido e governado. Não é para se servirem interesses, lobbies, o sector financeiro ou interesses obscuros; nem para andar ao sabor dos partidos e das eleições. Os portugueses terão de agir: sejam jornalistas, professores, médicos ou polícias, já não basta só criticar.”
“Há que reformar e pensar no futuro, no tecido empresarial, pensar mesmo a sério onde é que queremos investir. Temos de mudar o sistema de educação que é uma aberração. Temos de mudar o sistema de saúde que apenas ‘trata’ a doença – não temos nenhuma medicina preventiva. São custos brutais, milhões dados às farmacêuticas.”
Como exemplo da manipulação praticada pelos partidos políticos, Elisabete Tavares falou sobre muitos dos comentários, supostamente deixados por leitores casuais, em sites de notícias como o do próprio Expresso: “alguns partidos têm comentadores pagos só para irem lá comentar se as nossas opiniões não lhes forem favoráveis. É este o país que queremos? É este tipo de ética que queremos? Estas coisas têm de ser ditas.”
ANNIVERSAIRE | Le 8 août 1945 | Albert Camus
ANNIVERSAIRE | Le 8 août 1945, Albert Camus est le seul intellectuel occidental à dénoncer l’usage de la bombe atomique deux jours après les attaques sur Hiroshima dans un éditorial de Combat resté célèbre. En voici le texte intégral.
En attendant, il est permis de penser qu’il y a quelque indécence à célébrer ainsi une découverte, qui se met d’abord au service de la plus formidable rage de destruction dont l’homme ait fait preuve depuis des siècles. Que dans un monde livré à tous les déchirements de la violence, incapable d’aucun contrôle, indifférent à la justice et au simple bonheur des hommes, la science se consacre au meurtre organisé, personne sans doute, à moins d’idéalisme impénitent, ne songera à s’en étonner.
Rogoff, o esquerdista que quer perdoar as dívidas | Nicolau Santos in jornal Expresso
Está visto que os esquerdistas querem todos a mesma coisa: que a dívida do país seja perdoada. Agora, até arranjaram um reforço de peso, um tal Kenneth Rogoff, um economista norte-americano, que deve ter na mesinha de cabeceira a foto da Catarina Martins.
Pois não é que o tal Rogoff deu uma entrevista ao Expresso, publicado na edição de papel este sábado, dizendo que, na resposta à crise iniciada em 2008, “o erro maior foi a Europa e o FMI (…) terem recusado o perdão ou a mutualização das dívidas da Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha”? É preciso topete! Então aos credores, aos que nos ajudaram, aos que meteram cá dinheiro, não lhes devíamos ter pago?! Onde é que já se viu empréstimos a fundo perdido? Isso é o que a Catarina Martins quer e o Francisco Louçã e a Mariana Mortágua e mesmo aquele Pedro Nuno Santos, do PS. E agora temos este Rogoff a dar-lhes cobertura. É comuna, de certeza.
Eu, “antidemocrata” me confesso | Nuno Ramos de Almeida in Jornal i
Embora o termo democracia esteja enevoado pelas meninges dos Assizes desta vida, democracia quer dizer “poder do povo”. E este só consegue ter poder quando oitenta por cento dele não está na miséria.
Comecemos com uma pequena história. Era uma vez uma familiar minha que trabalhava numa importante organização internacional. Essa delegação era dirigida por um funcionário da ONU, por mandatos de alguns anos. No início dos anos 80, esse diretor foi substituído. O homem, antes de vir viver para Portugal, mandou um telex a perguntar “se havia comida em Lisboa e produtos nas prateleiras dos supermercados”. Apesar dos esclarecimentos dados de cá, ele que tinha visto, durante anos, horas de notícias sobre a situação de guerra civil em Portugal nas televisões, aterrou no Aeroporto de Lisboa com as bagagens pejadas de latas de comida. Durante os anos da revolução portuguesa, a comunicação social falava que Portugal estava a ferro e fogo, que escasseavam bens de primeira necessidade, que andavam conselheiros cubanos pelas matas a preparar a guerra civil e que o país vivia numa ditadura militar comunista.
SETE RAZÕES PARA NÃO VOTAR FERNANDO MEDINA NAS AUTÁRQUICAS EM LISBOA (II): UMA REPOSTA AOS CRÍTICOS | André Freire
Pelo menos nas redes sociais, este artigo, «Sete razões para não votar Fernando Medina nas autárquicas em Lisboa», gerou uma grande celeuma. Alguns críticos reagiram com elevação e pertinente sentido crítico, outros nem tanto, reagiram mais com profundo sectarismo. Não vou aqui debruçar-me sobre todas as críticas e muito menos responder a todas elas. Esta é, pois, uma resposta às críticas de que me recordo, que reputo mais pertinentes e feitas com maior elevação e menor sectarismo. E tal como nas razões para não votar em Medina, também na resposta aos críticos me fixo no número mágico de sete respostas. Claro que houve também muitos elogios, por exemplo aqui, mas desses não me ocupo aqui.
Um primeiro lote de questões críticas dizia respeito à eventual instrumentalização do artigo e dos argumentos pela direita. É uma crítica pertinente, pois pode acontecer e terá até já acontecido…, mas tal não pode ser razão para calarmos a nossa voz perante o que está mal, do nosso ponto de vista, genuíno e consciente.
Uma segunda linha de críticas tinha a ver com eu parecer desejar que a oposição (de direita) estivesse forte, e quiçá ganhasse. Quem ler o ponto sete verá que não é isso, mas de qualquer modo a valoração (que efetivamente faço) de uma oposição forte e com capacidade de escrutínio, seja ela de direita ou de esquerda, é algo que creio que deve ser feito por todos os democratas, pois uma oposição forte é uma condição sine qua non do bom governo.
Para lá da Geringonça | André Freire
ANDRÉ FREIRE

Sete razões para não votar Fernando Medina nas autárquicas de Lisboa (I) | André Freire in jornal Público
É preciso que o PS perca a maioria absoluta e tenha de negociar com forças com efetivo e conhecido peso político-eleitoral.
Há um principio básico em democracia, a prestação de contas. O caso do PS/Medina, em Lisboa, aponta em sentido oposto. Ao fim de 10 anos no poder, 2007-2017, estão a fazer todas e mais alguma obra(s) no final do terceiro mandato, como se tivessem chegado anteontem, e tornando a vida dos eleitores num inferno, e uma série de coisas que deveriam ter feito até aqui… prometem-nos agora para o futuro… precisarão de mais 10 anos? Claro que é improvável que percam as eleições em Lisboa, desde logo porque a comunicação social anda praticamente “com ele(s) ao colo”. Depois porque as forças partidárias à direita estão de cabeça perdida, e nem fazem oposição que se veja, nem apresentam alternativas sérias e construtivas. Mas seria desejável que recebessem pelo menos um bom castigo eleitoral que os levasse a perder a sobranceria da maioria absoluta atual, tendo de negociar um acordo político com outro(s) partido(s). Pela minha parte, passo a apresentar sete razões para isso.
1. Um eleitoralismo nunca visto e a vida dos lisboetas num inferno
A cidade de Lisboa está um inferno dadas as mil e uma obras praticamente iniciadas todas no último ano de mandato, ao fim de dez anos. Vejamos: têm sido as inúmeras obras no eixo central (Avenidas da República e Fontes Pereira de Melo, Praça do Saldanha e Picoas); há o programa “pavimentar Lisboa”, que pretende recuperar os pavimentos para peões e automóveis em 150 ruas; tem sido o programa “uma praça em cada bairro” que obrigará a 31 intervenções em múltiplas zonas; etc., etc. Mostrar trabalho feito em anos de eleições é algo positivo em democracia, algum eleitoralismo é até quiçá positivo, sempre existiu e existirá, mas este nível desmesurado de eleitoralismo, que tem tornado a vida dos lisboetas e seus visitantes muitíssimo desagradável, nunca se tinha presenciado, e é claramente pernicioso. Para um partido que está há dez anos no poder fazer tantas obras no décimo ano de mandato, várias questões se colocam. Será mau planeamento? Será má gestão? Estarão a extravasar o mandato político de 2013? Qualquer resposta positiva é um problema, teme-se que sejam todas.
E foi tão bom, que os vizinhos acenderam um cigarro | Inês Salvador
Vou tentar comentar a sério as declarações da Cristina Ferreira. A sério, sem me rir, o que é difícil. Embora a Cristina Ferreira não queira saber das meus comentários para nada, e faz ela bem, atrevo-me a sugerir-lhe que, antes de escrever aquelas coisas, leia, pelo menos, Henry Miller: “Sexus”, Plexus” e “Nexus”. Podia ainda adicionar outras sugestões, mas a leitura deste monumento literário já chegaria para a Cristina não escrever “Quando chegares a casa quero que me comas contra a parede”, e, em vez desta patetice do “comer”, chamar os bois pelos nomes. É que “comer” é da família da queca e da pilinha, e de tudo o que remete a mau sexo. O que surpreende (a mim) é, não só a falta de qualidade da linguagem, que a Cristina quer picante, mas que lhe saiu só baixa e sem sal, de meia tesão, sem o obsceno, ainda que insinuado, que é a tesão toda, como a expressão de desejo quase a medo, de fantasia iniciática, pouco mais que adolescente, em clichês, como se estivesse a partir a loiça toda na expiação do motel, essa área de serviço reservada à experimentação de “coisas novas”, não exatamente novas, entenda-se, mas a estrear na prática para quem nunca as fez. E fiquei eu assim na surpresa desta descoberta da sexualidade numa moça que está a abrir as portas da meia idade. Moça ocidental, emancipada e independente, que disto tudo, ao menos, tem uma certeza:”devagar sabe melhor”. Bom, Cristina, velocidades à parte, não basta ter um Ferrari, é preciso saber guiá-lo, do contra a parede ao contra o tecto, é capaz de haver um bocado para andar… E foi tão bom, que os vizinhos acenderam um cigarro.
E, com esta qualidade de influência na opinião pública, nunca mais nos livramos dos 900 anos de recalcamentos que é a nossa História.
Retirado do Facebook | Mural de Inês Salvador
Reflexos

WAITING… WITH EVA GREEN

Usain Bolt loses in the 100m Finals running World Championships London 2017
A Última Viúva de África | Carlos Vale Ferraz
En
sinar o invisível. Frases que encontramos e levamos sem a princípio sabermos porquê. Estava a preparar os textos para a contracapa e as badanas do meu próximo romance que está nas artes finais. Como resumir numa folha A4 o que me levou dois anos de escrita e resultou em quase meio milhão de caracteres? Como preparar a resposta às perguntas dos jornalistas ou dos leitores: Então, caro Carlos Vale Ferraz, do que trata este seu livrinho com o título «A última viúva de África»? Quem é esta viúva? Que viuvez é esta? O que pretende transmitir aos leitores? Como se integra este romance no conjunto da sua obra?
Em resumo, preparava a resposta à interrogação: O que anda o Carlos Vale Ferraz a querer transmitir quando escreve, sejam romances sejam artigos avulso e encontrei no jornal El País a frase «Ensinar o invisível» associada a um artigo sobre um projecto de educação intitulado «Pedagogías Invisibles» do departamento de didática da faculdade de Belas Artes da Universidade Complutense, de Madrid.
Native American Indian

Remembering Marilyn

Marilyn Monroe died just 55 years ago, on the night of August 4 to 5 – 1962. Forever in our hearts.
El retroceso «nacional-estalinista» | Pablo Stefanoni in jornal Nueva Sociedad
El nacional-estalinismo es una especie de populismo de minorías que gobierna como si estuviera resistiendo en la oposición.
Tras un viaje en 1920 a la Rusia revolucionaria, junto con un grupo de sindicalistas laboristas, el pensador británico Bertrand Russell escribió un pequeño libro –Teoría y práctica del bolchevismo– en el que plasmaba sus impresiones sobre la reciente revolución bolchevique. Allí planteó con simpleza y visión anticipatoria algunos problemas de la acumulación del poder y los riesgos de construir una nueva religión de Estado. En un texto fuertemente empático hacia la tarea titánica que llevaban a cabo los bolcheviques, sostuvo que el precio de sus métodos era muy alto y que, incluso pagando ese precio, el resultado era incierto. En este sencillo razonamiento residen muchas de las dificultades del socialismo soviético y su devenir posterior durante el siglo XX.
LE DERNIER DES DESPOTES | Nour-Eddine Boukrouh
Dans un livre intitulé « Le problème des idées dans la société musulmane » rédigé au Caire en 196O, Malek Bennabi a proposé une théorie selon laquelle les sociétés, à l’image des enfants, accomplissent leur croissance en passant par trois âges successifs : « l’âge des choses », « l’âge des personnes » et « l’âge des idées ». Il lui apparaissait alors que les sociétés musulmanes, du point de vue de leur développement psychosociologique, étaient à l’âge des choses au regard des politiques économiques qu’elles suivaient (économisme), et à l’âge des personnes au regard des régimes politiques qui les régissaient (autocraties).
A l’époque, le monde arabo-musulman pensait que son principal problème était le sous-développement matériel et que son retard sur l’Occident allait être rattrapé en quelques décennies grâce au pétrole et aux plans de développement mis en branle. Ils lui donneraient, croyait-il, les choses de la civilisation occidentale sans être obligé d’adopter ses idées. En matière de valeurs, pensait-il, il était mieux pourvu. Sur le plan politique il s’en était remis pour assurer son bonheur et son honneur à des « zaïms », des « Raïs », des « Libérateurs », des « Guides » et des Rois « pieux » qui ne tiraient pas leur légitimité de la souveraineté populaire, mais soit de la tradition islamique pour les monarchies et les Emirats, soit de leur participation à la lutte anticoloniale ou à un coup d’Etat pour les républiques. Les peuples arabes végétaient, écrit Bennabi, sous la « double tyrannie des choses et des personnes ».
A mercantilização da guerra e neoliberalismo | Carlos Matos Gomes

A mercantilização da guerra e neoliberalismo. O economista político Karl Polany escreveu em 1944 um livro – A Grande Transformação – em que antecipava as crises e taras do neoliberalismo. Deixava um aviso contra a mercantilização de elementos essenciais na época: da mão de obra, da terra e do dinheiro. O neoliberalismo que se tornou dogma nas últimas décadas do século XX só acentuou e expandiu a mercantilização de tarefas e actividades tradicionalmente na esfera dos Estados, como as forças armadas nacionais que representavam a soberania.
A mercantilização da guerra através das companhias militares privadas, como a Blackwater que aqui propõe a utilização de uma força aérea privada para fazer a guerra no Afeganistão, é um produto da ideologia neoliberal, a ultrapassagem de uma fronteira que se julgava inviolável.
A mercantilização do serviço militar, da função soberana que as forças armadas exerciam pode chocar quem defenda relações entre Estados baseadas num direito internacional mais ou menos consensual, mas não deixa de ser coerente com a mercantilização geral que constitui o alfa e o ómega, o princípio o e fim do neoliberalismo.
Não deixa de ser paradoxal que as chamadas forças do mercado, os seus teóricos e os seus fiéis, aqueles que habitualmente se designam por Direita, defensores da ideologia neoliberal que conduz a estas situações, sejam as mesmas dos que se afirmam conservadores, nacionalistas e patriotas, tradicionalistas, defensores de heróis e do sacrifício pela pátria!
Os neoliberais desmascaram as fantasias: A guerra é um negócio e os exércitos são uma mercadoria. “Dulce et decorum est pro pátria mori”, o verso de Horacio exortando os jovens romanos a imitar a coragem dos antepassados, talvez nunca tenha passado de uma bela frase. Uma flor de estilo utilizada pelos estados nação para congregar identidades e valores a um nível superior às mesnadas e aos mercenários reunidos à volta de senhores da guerra. O lema neoliberal é o da sacralização da fome do ouro: «auri sacra fames»!
Retirado do Facebook | Mural de Carlos Matos Gomes
Ternura

L’islam n’est pas un catalogue de prescriptions | Cheikh Khaled Bentounès – Guide spirituel de la Tariqa Alawiyya
Dans cet entretien, le cheikh Khaled Bentounès, guide spirituel de la confrérie Alawiyya depuis 1975, dissèque avec lucidité les grandes plaies de notre époque, entre violences, conflits, mondialisation sans âme, crise des réfugiés et montée des extrêmes. Il interroge également les sociétés musulmanes, majoritairement engoncées dans une religiosité étriquée et spirituellement desséchée, réduisant l’islam à un «catalogue de prescriptions» et d’interdits. Fidèle à ses convictions humanistes, le cheikh Bentounès plaide pour une culture du «vivre-ensemble» dont la clef de voûte est «l’éducation à la paix». Pour lui, la paix n’est pas un vœu pieux mais un programme d’action. «C’est même le programme le plus urgent», insiste-t-il.
– Vous militez ardemment depuis quelques années pour l’institution d’une «Journée internationale du vivre-ensemble» sous l’égide de l’ONU. Où en êtes-vous avec cette initiative ?
Ça avance mais avec difficulté. Vous savez, avec un sujet et un objectif comme celui-là, les gens, d’emblée, n’y croient pas. Donc, il faut les persuader. Il y a un moment disons… de réflexion parce qu’on a affaire à des Etats. Il y a des personnes qui adhèrent. Mais faire adhérer des Etats, ce n’est pas simple.
On sait que le monde est bâti sur des intérêts égoïstes. Alors, il faut convaincre les uns et les autres que c’est dans l’intérêt de tous, que personne n’a le tout, que chacun a une partie, et qu’il est impératif de mettre ces parties en synergie, les unes avec les autres, pour qu’on puisse préparer l’avenir. Parce que nous, notre prétention, ce n’est pas de changer le monde mais de donner au moins un sens aux générations à venir.
Comment vont-elles vivre dans un monde où la société humaine s’entredéchire ? Où le pauvre n’a pas sa place, où la puissance des puissants ne fait qu’augmenter, et où des peuples entiers, qu’ils soient du Nord ou du Sud, sont en détresse ? Tout le monde est embarqué dans la même galère. Nous essayons de semer une espérance, une graine d’espoir chez nos jeunes filles et nos jeunes garçons. Nous veillons à ce qu’ils aient au moins l’espoir que leurs descendants ne vivront pas dans un monde de sang, un monde de violence, d’incompréhension et de domination.
Diários de Che Guevara | Património Mundial da Unesco

21/07/2013
Documentos incluem manuscritos escritos nas montanhas da Bolívia. Projeto da Unesco reúne quase 300 textos e coleções de todo o mundo.
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) decidiu incluir os manuscritos de Ernesto “Che” Guevara no Registro Memória do Registo Mundial, um projeto que reúne e protege quase 300 documentos e coleções de todos os cinco continentes.
Em cerimônia realizada em Havana, Cuba, na sexta-feira (19 Julho 2013), com a presença da viúva, da filha e do filho de Che Guevara, a Unesco oficializou a inclusão dos diários de juventude e outros escritos originais do líder da Revolução Cubana.
Entre os documentos está o diário que ele manteve nas montanhas da Bolívia, onde ele foi executado, em 1967, por militares bolivianos.
O Projeto Memória do Registo Mundial foi criado em 1997 e inclui registos como discos originais da música de Carlos Gardel até as listas de ouro dos exames imperiais da dinastia Qing chinesa.
Agora que foram reconhecidos como património mundial, os diários serão protegidos e cuidados com a ajuda da Unesco.
A DAY WITH MARK SEGAL

Rebeldia, o romance mais recente de Cristina Carvalho | por Eduardo Pitta
Hoje na Sábado escrevo sobre Rebeldia, o romance mais recente de Cristina Carvalho (n. 1949), no qual a autora recria o universo de um certo Portugal, nos anos 1950. O detonador da intriga é o desejo de emancipação da protagonista e narradora, alguém que tem um olhar muito crítico sobre o atavismo da sociedade à sua volta. Da modesta pensão de Coimbra, gerida pelos pais, à casa da madrinha, em Lisboa, persiste o desdém por gentes e costumes: «Cavalheiros e mastronças que a única coisa que desejavam era casar as filhas de véu e grinalda, tudo branco e, claro, verdadeiramente virgens.» Ao contrário da vontade da narradora, adepta confessa de «uma valente foda». Em obras anteriores, a autora tem dissecado todo o tipo de comportamentos, dos mais convencionais aos de índole esotérica, mas tem-no feito quase sempre sem recurso ao jargão rude da coloquialidade. Nesse aspecto, Rebeldia marca um ponto de viragem. São recorrentes frases como, «O miúdo masturbava-se e nós fodíamos à noite…» A violência verbal manifesta-se mesmo nas mais prosaicas reflexões sobre a vida portuguesa durante os anos ominosos do Estado Novo. O fio da história é linear. A narradora descreve um casamento frustrado com a tinta forte do realismo sem filtro. O desprendimento familiar é de rigueur. Em compensação, sobreleva um peculiar ‘apego’ aos porcos chafurdando nas pocilgas. Os odores do chiqueiro, tão apreciados pela narradora, arrastam consigo uma forte carga sexual. Leninha tem 24 anos quando desembarca em Santa Apolónia. «Vou ser médica. Está resolvido!», dissera aos pais atónitos. Em Lisboa vai morar para a Ajuda, zona da cidade que não seria o nirvana, mas uma ida à Baixa não altera o estado de espírito: «Umas ruas atrás das outras, prédios escuros, lojas de panos, alfaiates e pastelarias.» A heterodoxia não conhecia limites. Chegou a pensar que invejava «a sorte e o destino das putas da Calçada da Memória.» Mal por mal… Os anos passam, Leninha casa com um homem que desaparece de vez em quando, a vida conjugal roça a abjecção, o filho é um estorvo. A linguagem crua é um dos traços distintivos do romance. Veja-se, logo no primeiro capítulo, o relato da urinação de pé, colada aos arbustos de um muro. Quatro estrelas. Publicou a Planeta.Retirado do Facebook | Mural de Cristina Carvalho
http://daliteratura.blogspot.pt/2017/08/cristina-carvalho.html
Renovação do Coletivo Coordenador do DiEM25’s | é tempo de votar!
O mês passado iniciamos o processo de renovação do nosso Coletivo Coordenador (CC). Candidatos da Europa e fora dela colocaram as suas declarações pessoais e vídeos aqui.
Estes candidatos são todos “DiEMers” empenhados que querem avançar e trabalhar intensivamente para que o nosso movimento progrida e se expanda para atingir os objetivos propostos.
Agora é a tua vez de participares neste processo democrático importante para o DiEM25: vota nos candidatos que sentes que irão guiar da melhor forma os próximos meses.
Podes votar a partir de agora até ao dia 25 de Agosto às 23:59 pm aqui.
Faz com que a tua voz seja ouvida!
Carpe DiEM25!
Luis Martín
Coordenador de Comunicações do >>DiEM25
Rostos em tons de cinza

A ignorância dos povos a converter | Carlos Matos Gomes
O Observador e os profetas que por lá pregam a sua fé confiam o êxito do seu proselitismo ao mesmo factor dos apóstolos que expandiram todas as religiões: a ignorância dos povos a converter. Os pregadores do neoliberalismo, de que o Observador é a folha paroquial, sabem que o sistema de crédito público, isto é da dívida do Estado, tem uma origem muito antiga – nas repúblicas de Génova e de Veneza, segundo alguns historiadores, daí o sistema passou para a Holanda colonial, com o seu comércio marítimo e tornou-se dominante na Europa logo a partir do início da industrialização. A dívida pública é um processo muito antigo e de manhas conhecidas, que se resume, no essencial, à alienação do poder soberano do Estado aos financeiros, seus credores. A única parte da riqueza dos Estados que resta como propriedade dos cidadãos é, precisamente, a divida do Estado. A dívida do Estado é a corda que o condenado transporta para ser enforcado.
Os pregadores, os comentadores económicos do neoliberalismo, sabem muito bem que a divida pública é o motor do capitalismo. É a dívida pública que transforma o dinheiro improdutivo dos especuladores financeiros em capital e riqueza, sem as canseiras e os riscos da sua aplicação na indústria ou noutras actividades produtoras de bens e serviços reais. Os comentadores como os que no Observador difundem a ideologia do neoliberalismo, estão simplesmente a praticar tiro político contra este governo fazendo de conta que comentam cientificamente assuntos de finanças. Ameaçam com o Inferno, mas vivem da venda das suas brasas, como os pastores das igrejas.
A Helena Garrido e os seus colegas catequistas sabem muito bem que os credores do Estado não fazem nenhum favor em emprestar dinheiro ao Estado, pois a soma emprestada é convertida em títulos de dívida, facilmente transferíveis, que funcionam nas suas mãos como se fossem dinheiro sonante. A dívida do Estado permite aos financeiros criar dinheiro. Como o Estado Português é de confiança, nunca ameaçou nem sequer discutir a renegociação da dívida, nem sequer de prazos e juros, a dívida portuguesa é uma mina.
Os alertas de Helena Garrido contra os perigos da dívida pública são pura hipocrisia política, são apenas ferroadas contra o governo de António Costa por preconceito ideológico e por desejo de colocar os seus homens a gerir o pote, como explicou num momento de franqueza o grande Marco António Costa. O Observador prefere um governo com os seus amigos e os do Marco António Costa e a Helena Garrido escreve por conta desse objectivo. A dívida pública é apenas um pretexto.
Retirado do Facebook | Mural de Carlos Matos Gomes
Native American Indian

Os azares do Maduro e o regime bola-variano | Carlos Matos Gomes

Os azares do Maduro e o regime bolavariano. A União Europeia e muitos europeus, entre os quais me incluo, não consideram as recentes eleições na Venezuela democráticas e transparentes, nem Nicolás Maduro um exemplo de dirigente político aceitável pelos nossos padrões. Os Estados Unidos de Trump até congelaram os bens do chefe do regime que em vez de bolivariano deveria ser bolavariano!
Por outro lado, a Europa não vê qualquer nuvem de desconfiança no negócio em que um ditador árabe, o emir Hamad Al Thani, dono da Qatar Investments Authority, e das receitas do petróleo e do gás (3º maior produtor mundial) fez circular entre a Espanha e a França cerca de 500 milhões de euros para contratar o futebolista brasileiro Neimar, transferindo-o do Barcelona para o Paris Saint-Germain, ambos por ele patrocinados! O fisco espanhol, que se atirou corajosamente às canelas do futebolista Cristiano Ronaldo, não tem agora qualquer desconfiança sobre a limpeza do dinheiro do dito emir! Para nós, europeus, o Qatar é uma democracia e o emir ganhou honesta e democraticamente a fortuna e o direito de dispor das matérias-primas do antigo protectorado britânico a seu belo prazer, num regime de poder familiar absoluto.
Isto é, para os europeus e as autoridades europeias de Bruxelas e da FIFA, se o Maduro, em vez de utilizar os rendimentos do petróleo para se perpetuar no poder através de umas eleições manipuladas, tivesse feito circular os “petrobolivares” na compra de um clube de futebol em Berlim, Londres, Paris, ou Barcelona e na troca de futebolistas como cromos de caderneta entre eles, já seria um tipo decente, um democrata a quem ninguém incomodaria com pormenores de eleições e de direitos da oposição!
Os azares do Maduro assentam no facto de ele não ser emir de uma ditadura petrolífera nas arábias, onde apenas 250 mil dos 2 milhões de habitantes têm direitos de cidadania e não se dedicar aos santificados e imaculados negócios do futebol.
Também o ajudava ser aliado dos Estados Unidos, e a Venezuela abrigar o quartel-general do Comando Central da superpotência na região, como acontece com o Qatar.
O futebol limpa e desinfeta! Viva a bola abaixo o bolívar.
Retirado do Facebook | Mural de Carlos Matos Gomes
Cientistas editam ADN de embriões humanos | Marta Leite Ferreira
É a descoberta científica que vai marcar o ano e a História da humanidade. Pela primeira vez, uma equipa internacional de cientistas conseguiu editar o ADN de embriões humanos e eliminar uma doença hereditária. De acordo com o estudo publicado esta quarta-feira, a equipa de cientistas reparou uma mutação muito comum e grave que provoca doenças hereditárias e limita seriamente a qualidade de vida das pessoas afetadas.
Este é um importante passo na História da biologia, que abre portas à possibilidade de eliminar doenças tão graves como o cancro ou até 10 mil outras doenças listadas pela equipa — composta por membros norte-americanos, sul-coreanos e chineses. Entre elas, estão doenças tão graves como a fibrose cística e o Alzheimer.
Óvulos recentemente fertilizados antes da edição do genoma.
De acordo com a publicação da revista Nature, a doença que os cientistas conseguiram eliminar é miocardiopatia hipertrófica, uma doença frequente e grave que provoca morte súbita, principalmente em desportistas e jovens e que afeta uma em cada 500 pessoas. Essa doença é provocada por um erro na informação transportado no gene MYBPC3. Para corrigir esse gene, os cientistas utilizaram o CRISPR, uma importante ferramenta que edita o genoma humano: é um sistema de defesa observado nas bactérias ainda nos anos 80 e que, quando introduzido no corpo humano, atinge regiões específicas do ADN no núcleo das células, mudando permanentemente a informação de um determinado gene.
Ajda Nahai, combattante kurde | René Leucart

Il y a un an, elle mourrait aux combats contre Daech. Elle avait à peine 18 ans : Ajda Nahai, combattante kurde, symbole de la liberté et de la dignité des femmes contre l’esclavage sexuel. Elle se battait contre les djihadistes de Daech aux côtés de milliers d’autres jeunes filles Kurdes. Elle est tombée au combat à Manbij où près de 2.000 terroristes, dont de nombreux en provenance d’Europe, sont toujours encerclés par les forces Kurdes en ce moment. En regardant ce visage souriant, on peut avoir honte parce qu’elle nous renvoie à quelque chose qui nous dépasse, souvent par égoïsme, parfois par racisme, ou tout simplement par indifférence : l’héroïsme ! Elle s’est battue pour sauver le droit de nous regarder en nous souriant, avec ses yeux sombres et profonds.
Comme je l’avais mis au moment de sa mort, il y a un an, pour elle seule, ce poème de Victor Hugo :
“demain, dès l’aube, à l’heure où blanchit la campagne,
je partirai. Vois-tu, je sais que tu m’attends.
J’irai par la forêt, j’irai par la montagne.
Je ne puis demeurer loin de toi plus longtemps.
Je marcherai les yeux fixés sur mes pensées,
Sans rien voir au dehors, sans entendre aucun bruit,
Seul inconnu, le dos courbé, les mains croisées,
Triste, et le jour pour moi sera comme la nuit.
Je ne regarderai ni l’or du soir qui tombe,
Ni les voiles au loin descendant vers Harfleur,
Et quand j’arriverai, je mettrai sur ta tombe
Un bouquet de houx vert et de bruyère en fleur.”
*Victor Hugo “demain, dès l’aube”
René Leucart
Retirado do Facebook | Mural de René Leucart
A maçã

II Pirete

Praia da Oura | Algarve | Portugal
